Lançamentos da semana
03/05/2018
A sabedoria que cura
Jean-Yves Leloup
Anos após ter publicado na França o livro “Cuidar do Ser”, julguei ser útil interrogar-me novamente sobre o que é um terapeuta.
Nós conhecemos as diversas etimologias associadas aos verbos “servir” e “cuidar”, e isso basta, sem dúvida, para definir o terapeuta como “aquele que serve”, “aquele que cuida”, nobre serviço e nobre tarefa que demandam competências médicas ou psicológicas, “um saber-ser”. No entanto, nos esquecemos de um elemento importante da própria etimologia da palavra “terapeuta”: Théos, a referência a Deus. Trata-se, então, de “servir a Deus” e de “cuidar de Deus”, etimologia inaudível para a maior parte dos nossos contemporâneos.
É preciso revisar a etimologia, a história, a prática destes antigos Terapeutas de Alexandria e apreciar sua antropologia, sua ética e a inspiração que eles podem ser para os terapeutas de hoje.
Jean-Yves Leloup, Doutor em Psicologia, Filosofia e Teologia, doutor honoris causa pela Universidade de Colombo (Sri Lanka), padre da Igreja Ortodoxa, ex-diretor do Centro Internacional Saint-Baume, tradutor de diversos textos bíblicos a partir do grego e do aramaico, membro da Organização das Tradições Unidas, membro do Ciret (Centre International de Recherches et ÉtudesTransdisciplinaires), fundador do Colégio Internacional dos Terapeutas, cofundador da UNIPAZ junto com Pierre Weil e Monique-Thoenig, conferencista na Europa, nos Estados Unidos, no Canadá e na América do Sul em diversas universidades e institutos de pesquisa em Antropologia Fundamental, autor de dezenas de obras publicadas em diversos idiomas sobre a tradição cristã, bíblica e monacal.
Nº DE PÁGINAS: 208
Introdução à antropologia da religião
Jack David Eller
Este claro e atraente manual introduz os estudantes em áreas-chave do campo da antropologia e mostra como aplicar uma abordagem antropológica ao estudo da religião no mundo contemporâneo. Escrito por um mestre experiente, inclui importantes tópicos tradicionais, entre os quais definições, teorias e crenças, como também símbolos, mito e ritual.
O livro examina também questões importantes, mas muitas vezes esquecidas, como moralidade, violência, fundamentalismo, secularização e novos movimentos religiosos. Todos os capítulos contêm sugestivos estudos de caso de religiões praticadas em todo o mundo.
A segunda edição de Introdução à antropologia da religião contém uma análise teórica atualizada, acrescida de exemplos etnográficos ao longo de toda a obra. Além de um capítulo novíssimo sobre a religião vernácula, Eller apresenta um capítulo significativamente revisado das emergentes antropologias do cristianismo e do islamismo. O livro apresenta mais material sobre sociedades contemporâneas, bem como uma nova cobertura de tópicos como peregrinação e paganismo. São incluídas agora imagens, um glossário e perguntas para debate, e são fornecidos recursos adicionais via website.
Jack David Eller é professor associado emérito de antropologia no Community College de Denver, nos Estados Unidos. Autor do importante compêndio introdutório Cultural Anthropology: Global Forces, Local Lives (segunda edição, Routledge 2013).
Nº DE PÁGINAS: 544
Michel Foucault
Conceitos fundamentais
Editado por Dianna Taylor
Um dos objetivos principais da obra de Foucault é ilustrar a natureza histórica e contingente do que a filosofia tem tradicionalmente visto como absoluto e universal. Com efeito, Foucault argumenta que as próprias ideias de conhecimento absoluto e universal, e valores morais são, elas próprias, fenômenos históricos. Foucault, portanto, “não procura identificar as estruturas universais de todo conhecimento ou de toda ação moral possível”. Em vez disso, ele conduz uma “ontologia do presente”, um tipo de análise filosófica que, por um lado, procura identificar as condições a partir das quais as nossas formas correntes de conhecimento e moralidade emergiram, e que continuam a legitimar essas formas, embora também, e por outro lado, se esforça por “separar, da contingência que nos fez o que somos, a possibilidade de não mais sermos, fazermos e pensarmos o que somos, fazemos e pensamos”.
Em outras palavras, Foucault investiga como as pessoas no ocidente chegaram a estar onde atualmente estão. Mostra que, na medida em que a sua condição atual é o produto do desenvolvimento histórico, não se trata de uma condição necessária, e investiga como elas podem ser diferentes. Foucault está especificamente preocupado em promover uma mudança que se contraponha à dominação e à opressão, e fomente aquilo a que ele se refere como “a tarefa da liberdade”.
Ao contrário dos críticos de Foucault, os colaboradores deste volume veem a abordagem filosófica não convencional de Foucault como uma força. Eles rejeitam a perspectiva segundo a qual o aspecto crítico da sua filosofia eclipsa o seu potencial positivo e emancipatório. Cada uma das três seções do livro ilustra como Foucault reconceitualiza um conceito filosófico chave – poder, liberdade e subjetividade – e fornece exemplos de como essa reconceitualização facilita novas maneiras de pensar e agir que sejam capazes de se contrapor à opressão e à dominação.
Dianna Taylor é professora associada de filosofia da John Carroll University, em Ohio. Escreveu artigos sobre Foucault e Hannah Arendt e coeditou Feminismandthe Final Foucault (2004) e FeministPolitics: Identity, Difference, Agency (2007).
Nº DE PÁGINAS: 264
Pierre Bourdieu
Conceitos fundamentais
Editado por Michael Grenfell
O filósofo social francês Pierre Bourdieu (1930-2002) é hoje reconhecido como um dos principais pensadores do século XX. Numa carreira que durou mais de 50 anos, Bourdieu estudou um conjunto amplo de tópicos: educação, cultura, arte, política, economia, literatura, direito e filosofia. Através de seus estudos, Bourdieu desenvolveu uma série altamente especializada de conceitos que chamava de suas “ferramentas de pensar” e foram utilizados para revelar o funcionamento da sociedade contemporânea. Pierre Bourdieu: conceitos fundamentais seleciona alguns de seus conceitos mais importantes e examina-os detalhadamente.
Concentrando-se num único conceito, cada capítulo é escrito para ser utilizado imediatamente por estudantes que tenham pouco, ou nenhum, conhecimento prévio de Bourdieu. Ao mesmo tempo, os capítulos desenvolvem várias dimensões de cada conceito, de modo que a análise também interessará aos leitores com mais experiência.
Esta edição, completamente revista e atualizada, inclui novos ensaios sobre “Política” e “Espaço social”. Esta é também uma fonte sem igual para se compreender toda a influência da obra de Bourdieu.
Michael Grenfell é Professor de Educação no Trinity College, Dublin. SeuslivrosincluemPierre Bourdieu: Acts of Practical Theory; Pierre Bourdieu: Agent Provocateur e Bourdieu: Education and Training, e ele é coautor de Pierre Bourdieu: Language, Education and Culture e Art Rules: Bourdieu and the Visual Arts.
Nº DE PÁGINAS: 400
Brasil
Concluir a refundação ou prolongar a dependência?
Leonardo Boff
Os momentos de crise político-social que estamos vivendo nos oferecem a ocasião de repensarmos o país. Primeiramente ver os fundamentos históricos que o sustentaram até o presente (a colonização e a escravidão), cujas consequências se fazem sentir até aos tempos atuais.
A colonização e a escravidão criaram estruturas mentais que estão submersas em nossas instituições e no imaginário, especialmente das classes dominantes, herdeiras da casa grande. O que triunfou sempre, mesmo na República e na democracia posterior, foi a conciliação entre as classe opulentas, de costas para o povo, para o qual não havia nenhum projeto de humanização e integração.
Nossa democracia sempre foi de baixa intensidade e controlada pelas classes financeiramente detentoras do poder. Historiadores mostraram que sempre que as classes populares erguiam a cabeça e conseguiam algum avanço, ocorria um golpe, com medo de que os direitos chegassem a prevalecer sobre os privilégios históricos.
Há cinquenta anos o autor acompanha o curso político-social do Brasil, assessorando movimentos sociais e vários tipos de comunidades de base cristãs, unindo a tudo isso um estudo acurado dos principais intérpretes de nossa história. Agora, reúne nesta obra suas reflexões provocadas pela atual crise que atinge os fundamentos de nossa sociedade.
Segundo Boff, seguramente o resultado final da crise atual é um novo pensamento sobre o Brasil e a definição de um projeto nacional, soberano, autônomo e aberto à nova fase planetária da humanidade.
Leonardo Boff (1938) foi por mais de 20 anos professor de Teologia Sistemática no Instituto Franciscano de Petrópolis e posteriormente professor de Ética, Filosofia da Religião e de Ecologia Filosófica na Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Foi também professor visitante em várias universidades estrangeiras. Por muitos anos coordenou as publicações da Editora Vozes, especialmente a obra completa de C.G. Jung. É membro da Iniciativa Internacional da Carta da Terra, da qual é um dos co-redatores. Em 2002 foi galardoado pelo Parlamento sueco com o Prêmio Nobel Alternativo da Paz por associar ecologia com justiça social e espiritualidade. É autor de quase cem livros, na sua maioria publicados pela Editora Vozes.
Nº DE PÁGINAS: 288
A Dor Invisível dos Presbíteros
Luciana Campos
Livro debate a importância dos cuidados com a saúde mental dos religiosos
Todos os anos, são registrados cerca de 12 mil casos de suicídio no Brasil, segundo dados do DataSUS (Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde). Em novembro de 2016, no intervalo de 15 dias, três padres tiraram a própria vida. Um ano depois, três pastores evangélicos também cometeram suicídio. O excesso de trabalho e o grande número de pastorais e serviços comunitários que necessitam de acompanhamento, desenvolvem muitas vezes um quadro de isolamento e sensação de fraqueza diante suas próprias emoções e sentimentos.
Há mais de 20 anos inserida neste cenário, a psicóloga Luciana Campos lança, pela Editora Vozes, o livro “A Dor Invisível dos Presbíteros”, onde aborda a necessidade de discutir e solucionar a estafa dos religiosos, que pode gerar diversos problemas psicológicos, como a Síndrome de Burnout e a depressão, entre outros. A intenção é revelar a importância dos sacerdotes receberem de volta a sua humanidade.
“Ser padre é algo muito complexo. Além de ser mediador do sagrado, administrar sacramentos, fazer homilia, visitar doentes (…), ele ainda tem que dar conta de questões administrativas e materiais. São desafios muito grandes em dimensões diferentes que acabam levando a uma sobrecarga desse religioso”, comenta Luciana.
Dentre os sintomas que sinalizam a hora de “pedir ajudar”, estão a irritabilidade e a falta de paciência, que são formas de expressão da depressão. Recobrar a condição humana do religioso, que tem sua vida além da paróquia, permiti prevenir o suicídio.
“Trabalhamos muito aqui, com os religiosos que eu atendo, a questão das habilidades sociais. Muitas vezes ele deixa de lado a sua vida social, seja com outros padres, com a família ou com pessoas que são externas ao meio religioso. E isso faz uma falta enorme! Porque o sentimento de solidão é muito incrementado. Então, entre as medidas preventivas, está manter uma boa qualidade de vida social. Junto a isso, exercícios físicos, lazer e descanso”, encerra a psicóloga.
Luciana Campos é Psicóloga pela UFRJ, Pedagoga pela UFF, Mestre pela UFF e Doutora pela UFRJ. Possui Especialização em Psicopedagogia, formação em Neuropsicologia, Terapia Cognitivo – Comportamental e Hipnoterapia. Atua como Psicóloga Clínica em consultório, como Psicóloga no Seminário São José de Niterói e Professora do Ensino Superior no ISERJ/Faetec. Em 2014 lançou o livro “Resiliência e Habilidades Sociais” pela Editora Appris.
Nº DE PÁGINAS: 88
Uma breve história da linguística
Heronides Moura e Morgana Cambrussi
Uma breve história da linguística faz uma introdução a diferentes frentes do desenvolvimento da ciência linguística, as quais se dedicaram (ou ainda se dedicam) ao estudo do surgimento, da constituição e do funcionamento da linguagem. A obra é apresentada ao leitor com um traçado temático que articula intersecções entre o estudo da linguagem e outras áreas do conhecimento à releitura de textos centrais da tradição ocidental, tanto linguística quanto filosófica.
O desenvolvimento de estudos recentes não deixa de ter espaço no cenário da obra, que também explora aspectos da investigação linguística que se mantêm constantes ao longo do desenvolvimento das pesquisas em linguagem, como a ambivalência que a caracteriza e que sustenta a pluralidade do objeto de investigação: a linguagem é vista como um elemento natural e, ao mesmo tempo, como um objeto social. Essa visão orienta as constantes contraposições discutidas no livro: a questão do inatismo, das relações entre linguagem, pensamento, cultura, mente, cérebro e outras.
Além disso, a obra aborda e problematiza em detalhe a relação entre a linguagem humana e outros sistemas naturais de comunicação, e discute ainda a visão de dois grandes nomes da linguística moderna, Saussure e Chomsky, em relação à significação. Por fim, aborda a trajetória das definições de sinonímia ao longo da história da cultura ocidental, desde a visão aristotélica até o século XX.
Heronides Moura nasceu em Recife, Pernambuco e mora em Florianópolis, onde é docente da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Doutor em Linguística pela UNICAMP, foi coordenador da Pós-Graduação em Linguística da UFSC em vários mandatos e presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Letras e Linguística (ANPOLL). É pesquisador do CNPQ e coordenador do Núcleo de Estudos Semânticos (NES). Tem muitos livros publicados, e se interessa por vários aspectos da linguagem, em especial na área de semântica. Email: heronides@uol.com.br.
Morgana Cambrussi é docente da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS – Campus Chapecó-SC). Pesquisadora vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos (PPGEL-UFFS) e ao Grupo de Pesquisa Estudos Gramaticais e Lexicais. Doutora em Linguística, na área de Teoria e Análise Linguística, subárea de semântica lexical.
Nº DE PÁGINAS: 232