Jovens vão à luta e Educafro chega a Campo Largo
04/04/2018
Um post no Facebook anteontem, 2 de abril, mostrava a alegria de Mariana Rogoski com o início das atividades da Educafro (Educação e Cidadania de afrodescendentes e carentes) no bairro da Ferraria, periferia de Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba (PR). “Hoje plantamos a semente!”, celebrava Mariana ao ver a sala com 31 alunos e já com uma lista de espera para alunos que serão chamados conforme abertura de vagas. “Sonho se realizando: fazer acontecer no meio da nossa realidade, 31 jovens de baixa renda tendo acesso à educação e com possibilidade de transformar a sua realidade! Minha gratidão a todos os envolvidos, em especial aos professores voluntários, eterna gratidão!”, dizia Mariana, uma liderança no trabalho com jovens e nos eventos ligados à juventude promovidos pela Província da Imaculada Conceição do Brasil.
Esse “sonho” nasceu quando Mariana e Patrik Doka se hospedaram no Convento São Francisco durante passagem por São Paulo por ocasião do Curso de Verão do CESEEP (Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular), em janeiro de 2018. No Convento, no centro de São Paulo, conheceram Frei Davi Raimundo dos Santos, o fundador e representante da Educafro (Educação e Cidadania de afrodescendentes e carentes), rede de cursinhos comunitários pré-vestibular, que tem por objetivo reunir pessoas voluntárias, solidárias e beneficiárias desta causa, que lutam pela inclusão de negros, em especial, e pobres em geral, nas universidades públicas, prioritariamente, ou em uma universidade particular com bolsa de estudos.
Professores do primeiro núcleo da Educafro em Campo Largo: resposta imediata de solidariedade
“Ficamos encantados com o projeto e o quanto estava alinhado com os princípios do Evangelho, na promoção dos mais necessitados e excluídos, neste caso, por meio da Educação. Eu e o Patrik crescemos no bairro da Ferraria, periferia de Campo Largo, uma realidade pobre com difícil acesso à educação e com alto índice de criminalidade e mortalidade entre os jovens. Participamos de Grupo de Jovens da região e, desde 2014, participamos dos eventos ligados à juventude promovidos pela Província da Imaculada Conceição do Brasil, o que fez abrirmos os olhos e o pensamento para uma realidade socioeconômica do país, onde é necessária nossa atuação como protagonistas de uma nova realidade em nosso meio”, explicou Mariana, que junto com Frei Diego Atalino de Melo, embarcará no dia 15 de maio para Roma, onde vão participar e falar deste trabalho com a juventude brasileira, representando os ramos franciscanos no Encontro dos Superiores Gerais de todas as Ordens.
Segundo Mariana, no bairro da Ferraria, poucos jovens procuravam as universidades após terminar o Ensino Médio, algumas vezes por ser um sonho muito distante da realidade deles, outras tantas por não possuírem condições financeiras. “Ao conhecer o modelo da Educafro, vislumbramos a possibilidade de alguma forma ajudar os jovens daquela região a realizarem seus sonhos, e com isso, passar por uma transformação social local”, contou.
Mariana: “Ficamos encantados com o projeto e o quanto estava alinhado com os princípios do Evangelho”
Depois de trocas de contatos com Frei Davi, a aproximação ficou mais fácil porque a Educafro estava vindo para Curitiba. “Neste momento das primeiras trocas de informação o Doka foi o responsável por interagir com o Frei David e com a Suelen Queiroz, coordenadora da Educafro Paraná. Ele participou das primeiras reuniões e me chamou para ajudar na coordenação administrativa. Meu marido Maurício Bernz, participando também de todos esses momentos, topou ajudar na coordenação pedagógica”, informou Mariana, que tiveram apoio do diretor do Colégio Estadual Prof. Edithe, Rafael Hauer, para usar as instalações da região na criação do primeiro núcleo do cursinho. “Frei Davi veio conhecer a sede iniciamos de fato o projeto”, acrescentou Mariana.
Patrik Doka: “Senti que estou participando de algo grande”
Através das redes sociais, conta Mariana, conseguiram os professores voluntários para todas as disciplinas. “Muita gente entrou em contato porque achou excelente o projeto e queria fazer parte de alguma forma. Conseguimos merenda para os alunos, material para cópia doados pelo colégio, além de uma sala de aula exclusiva para uso do cursinho. Em consonância com a estrutura do cursinho, o material de apoio usado pelos professores será o Sistema Poliedro de Ensino. Fizemos a divulgação em sala de aula para os alunos do terceirão e via rede social para a comunidade em geral. E o resultado foi positivo, alunos não só de Ferraria, mas de outros bairros e de várias faixas etárias, era um sinal de que as pessoas em geral acreditavam no sonho do Ensino Superior”, comemorou Mariana.
“Senti que estou participando de algo grande, de um projeto que muda realidades. Muito feliz por estar envolvido”, completou Doka.
Por Moacir Beggo (fotos de Mariana e Frei Augusto Luiz Gabriel)