Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Jovens e frades da Província participam do 33º Curso de Verão

17/01/2020

Notícias

Frei Augusto Luiz Gabriel

São Paulo (SP) – A 33ª edição do Curso de Verão, que começou no dia 8 de janeiro e terminou nesta quinta-feira (16/01), firmou um compromisso com a realidade econômico-social, as mídias, a participação popular e a espiritualidade militante e  “esperançadora”. (VEJA CARTA NA ÍNTEGRA).

Promovido pelo Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular (CESEEP), em parceria com a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), o Teatro da Universidade Católica (TUCA), e com o apoio e colaboração entidades, movimentos sociais, Igrejas, comunidades e famílias, o Curso de Verão de 2020 foi um sucesso.

Frades e jovens da Província da Imaculada Conceição do Brasil também marcaram presença neste evento, que reuniu mais de 450 participantes e teve como tema: “Espiritualidades na cidade: Por uma dimensão libertadora”.  Para Frei Diego Melo, Coordenador do Serviço de Animação Vocacional (SAV) da Província e também membro do Conselho Superior do CESEEP, o Curso de Verão foi um momento de fortalecimento da esperança e de estreitar os laços com aqueles que, de diferentes lugares, religiões e credos, sonham e acreditam em um mundo inclusivo, de fraternidade, justiça e de paz. “Para nós é o mundo desejado por Jesus Cristo; é o Reino já iniciado aqui na terra”, opinou.

Segundo o frade, este já é o 3º ano que o SAV articula e apoia a presença efetiva dos jovens no evento. “Essa é mais uma forma de dizer que acreditamos na evangelização dos jovens, no protagonismo e na transformação da sociedade. E nós já percebemos que a vinda deles tem dado frutos nas suas paróquias”, afirmou.

Para Frei Diego, é importante investir na formação desses jovens. “Eles serão e já são os protagonistas de um novo mundo possível e sonhado por Deus, um mundo que nós, como franciscanos, acreditamos também. Por isso, a cada ano nos esforçamos para articular com algumas paróquias e trazer lideranças que possam absorver o conteúdo e as vivências do curso para depois serem multiplicadores entre as suas paróquias, comunidades e grupo de jovens. Reitero que fico muito feliz com a presença de um jovem frade, Frei Augusto, e sonho que outros frades possam também abraçar e participar das próximas edições, tendo em vista que é um curso bastante alinhado e que vai de encontro com os nossos valores franciscanos”, sugeriu. “Que em janeiro de 2021 possamos estar com os jovens participando da próxima edição!”

O Curso foi dividido em três partes. Na seção I, “Mapeando a Realidade”, Magali Cunha, coordenadora do Grupo de Pesquisa e Religião da INTERCOM (Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação), falou sobre a “Influência das mídias no campo religioso: disputas e confrontos em nome da fé”. Já o professor Faustino Teixeira deu um panorama das religiões e das expressões das diferentes espiritualidades nas cidades.  Depois, na seção II, “Bíblia e Teologia”, o Curso contou com a participação da missionária leiga e assessora das CEBs (Comunidades Eclesiais de Base), e do CEBI (Centro de Estudos Bíblicos), Maria Soave Buscemi, que discorreu sobre a “espiritualidade libertadora de Jesus, o Cristo”. Na seção III, “Pastoral”, o monge beneditino, Marcelo Barros, teólogo e assessor de movimentos sociais e das CEBs, abordou a temática sobre “A dimensão libertadora da espiritualidade na militância social e pastoral”. Já o Pe. Júlio Lancellotti, teólogo e um grande defensor da vida humana e dos direitos da população que vive em situação de rua, falou sobre a Campanha da Fraternidade deste ano, cujo tema é “Fraternidade e Vida – Dom e compromisso”, a partir da visão de quem está nas ruas. Além de todas essas assessorias, o curso contou com grandes momentos de mística, animação e celebração da vida.

Segundo o Coordenador Geral do CESEEP, Pe. José Oscar Beozzo, a temática foi escolhida para levantar nosso olhar para horizontes sem fronteiras. “Adverte-nos, ao mesmo tempo, para deitar raízes capazes de se entrelaçarem com as árvores vizinhas, para resistirem a ventos e tempestades e buscarem veios d’agua mais profundos e perenes, na arriscada travessia que nos toca viver”, afirmou.

COMPROMISSO COM AS COMUNIDADES

A jovem Gabrielle Penitente, da Paróquia Nossa Senhora Aparecida de Nilópolis (RJ), acredita que o curso reacendeu seus princípios de vida esquecidos pelo engessamento de uma sociedade que valoriza razão, pressa e competitividade. Para ela, a organização preparou vivências que ampliaram seus horizontes, especialmente para o olhar de cuidado ao outro dentro da temática de espiritualidade.

“Necessitamos de amor e carinho sempre. Sem eles, ruímos. Precisamos buscar a tribo dos que mais precisam disso, e assim receberemos de volta. Esse caminho não é fácil. Haverá reprovações, ataques e injustiças, mas aprendi que os que querem paz são os que mais lutam e sofrem por ela. De fato, toda essa experiência será levada para o meu grupo jovem, através das vivências na arte, educação, oficinas, diálogos e missões. Sou muito grata pela oportunidade de praticar intensamente a esperança de uma sociedade igualitária”, disse.

Victor Hugo também é de Nilópolis (RJ) e acredita que o curso foi de suma importância nos aspectos humano, social, intelectual e espiritual, sobretudo, para a construção humana. “Esta formação ajuda a minha construção como pessoa, a visão do cuidado, de entender e respeitar a diversidade e a espiritualidade dos outros”, destacou, informando que a reflexão vai ajudá-lo a buscar outras leituras. Como ação concreta, Victor pretende levar à comunidade o “rompimento das barreiras”: “No geral, para mim, foi fundamentalmente importante o contato da arte como ferramenta de transmissão de conhecimento e dessa liberdade proposta pelo curso”, relatou.

Luiz Viana mora em Duque de Caxias (RJ) e participa da Paróquia São Francisco de Assis. “Volto para casa e para a minha ‘Fraternidade Chicão’ com as ideias claras de trabalhar na formação, usando o caminho do cuidado e a cultura popular. Além de buscar caminhos para conscientizar os jovens da minha realidade a partir do Evangelho de Jesus e sua vida de doação aos excluídos”, sublinhou.

“Pude perceber o quão ignorante era em diversos assuntos como o simples fato de saber que não existe morador de rua, mas sim pessoas em situação de rua. Receber o testemunho deles e ver a luta do Pe. Júlio me põe de frente com as minhas atitudes mesquinhas quando eu atravessava a rua, sentia medo ou julgava ao me deparar com um deles. A luta começa agora não estamos no mundo só de passagem, nascemos para ajudar uns ao outros”, disse a jovem Cíntia Melo, da Paróquia Nossa Senhora Aparecida de Lages (SC). 

CURSO DE VERÃO 2021

O Curso de Verão de 2021 terá como tema “Cuidar da casa comum: por uma cidade sustentável”. A abordagem oferecerá estudo e aprofundamento sobre a sustentabilidade na cidade e ações que revertam o quadro de destruição dos bens naturais. Acontecerá entre os dias 7 a 15 de janeiro de 2021.

“O curso é ecumênico, aberto ao diálogo inter-religioso e à contribuição de pessoas com outras filosofias de vida, com participação em organizações, comunidades e movimentos sociais. A metodologia da educação popular utilizada permite uma reflexão entre os participantes, tendo a arte presente em todos os espaços e momentos  do processo formativo”, afirma Lourdes Possani, coordenadora pedagógica do CESEEP.

PARTICIPANTES FIRMAM PACTO DAS CATACUMBAS

Em 16 de novembro de 1965, nas catacumbas de Domitilla, em Roma, 42 padres conciliares da Igreja Católica fizeram história ao celebrar a Eucaristia e assinar o  Documento “Pacto por uma Igreja serva e pobre”, conhecido como o “Pacto das Catacumbas”.

O documento registrou o compromisso de vida de colocar os pobres no centro de sua atenção pastoral. Em meio à realização do “Sínodo para a Amazônia”, em outubro do ano passado, convocado pelo Papa Francisco para discutir a atuação da Igreja Católica na região amazônica, um grupo de padres sinodais renovou, por meio de uma nova celebração nas Catacumbas, o compromisso. A importância dessa renovação foi partilhada com todos os participantes do Curso de Verão, no dia 12/01.

Para Pe. José Oscar Beozzo, coordenador geral do Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular (CESEEP) e um dos responsáveis pela renovação do pacto de opção preferencial pelos pobres, vive-se hoje um cenário de destruição do meio ambiente e de ampliação das desigualdades sociais, onde é necessário dizer o que é preciso ser dito. “A nossa Amazônia é um sinal de violência que está em todo lugar”, denunciou. Os participantes do Curso, no teatro Teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (TUCA), passaram por um momento de celebração e foram convidados a também assinarem o pacto, assim como a deixarem sua marca digital, por meio de tinta natural, feita a partir de fruto de urucum, em um tecido que no final formou um grande, simbólico e bonito painel.

PAINEL: AS LUTAS SE REFLETEM UMAS NAS OUTRAS

Já é uma tradição do Curso de Verão que um painel reflita no palco do Teatro da Universidade Católica de São Paulo uma síntese, por meio da arte, do conteúdo vivenciado durante o Curso. Neste ano, como em vários anteriores, o artista que fez o painel é  Anderson Augusto.

O painel apresenta o diálogo encontrado em uma mesa de partilha. Na parte de trás, pessoas de religiões diferentes, judeus, uma mulher muçulmana, um frei franciscano, uma monja budista que se conecta com uma indígena, e a simbologia de que a cidade e o campo fazem parte de um todo e não devem ser pensados separadamente: “As lutas se refletem umas nas outras”, disse.

Tudo e todos estão com a mesma cor. “Eu não pintei todo mundo da sua cor de pele, eu pintei todo mundo com calor e luz, porque o encontro ilumina a todos”, explicou.


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