Inspirada na basílica franciscana, que virou patrimônio da humanidade em 2000, foi construída, em parte, por imigrantes vindos da Itália e ficou pronta para uso em 16 meses. A inauguração ocorreu em 4 de junho de 1899.
“Lá era obediente. Quando tocava o último sinal tinha que entrar. Aí vinha o frei e e era entrar ou ir embora. A obediência era absoluta ao padre franciscano”, lembra o morador Érico Moser.
Com 92 anos, ele acompanhou de perto boa parte da história da igreja. Até hoje toca as músicas católicas em uma gaita de boca que ganhou quando ainda era jovem (assista acima).
Igreja São Francisco de Assis no Vale do Itajaí — Foto: Maurício Cattani/NSC TV
Sinos
Comprados com doações, os sinos do templo ecoam todos os dias na torre de 27 metros de altura. Pontualmente às 6h, às 12h e às 18h, eles tocam por um minuto. Significa que está na hora da oração da Ave Maria. É uma maneira encontrada de lembrar os católicos sobre o “momento da anunciação”, ou seja, de parar o que estiver para refletir e rezar.
O sino também faz parte da doutrina franciscana. Em 1901, o noviciado da ordem franciscana foi transferido de Blumenau para Rodeio. Na época, o sino também foi usado como um instrumento de comunicação para chamar noviços, frades e vigários. Cada batida, representava um membro da igreja.
Inspirada na basílica italiana
Igreja de São Francisco de Assis, em Rodeio — Foto: Maurício Cattani/NSC TV
O modelo da igreja foi inspirado na Basílica de São Francisco de Assis, na Itália, que virou patrimônio da humanidade em 2000. Segundo o pesquisador Nélson Dellagiustina, foi um arquiteto e mestre de obras italiano quem a projetou.
“Um imigrante que veio de lá, chamado Josué Fiamoncini, fez essa igreja aqui baseada naquela basílica lá, de Assis. Ao menos sua fachada e as laterais seguindo praticamente o mesmo modelo”, explica o pesquisador.
Além disso, a arquitetura é do estilo gótico-romano, também conhecido como arte das catedrais. Com torres pontiagudas, vitrais com temas religiosos e arcos arredondados, a igreja preserva a tradição católica e medieval ao longo dos anos.
Silva se refere às 58 cadeiras em fileiras, chamadas de estalas, onde noviços e frades sentam de frente um para o outro para rezar.
Pintura em afresco
Pintura em afresco na igreja centenária de Rodeio — Foto: Maurício Cattani/NSC TV
Diante do altar está a pintura do artista alemão Lorenz Johannes. A obra levou dois anos para ficar pronta e remete à origem do mundo, da vida cristã e da filosofia franciscana. A técnica utilizada para a pintura se chama afresco seco, uma mistura de requeijão, cal e clara de ovo. Depois de seca, ela gruda da superfície.
“O artista buscou retratar os elementos principais da nossa espiritualidade franciscana. São os franciscanos que estão aqui na paróquia de rodeio desde o seu início. Estão aqui os principais elementos da nossa espiritualidade, principalmente referindo-se ao cântico das criaturas, que é a poesia a oração mais conhecida de São Francisco de Assis”, explica o frei.
O painel tem 84 pigmentos que se misturam em um degrade de cores quentes e frias. E cada traço revela um significado, segundo Silva.
“Nós temos aqui a Terra, a irmã Terra, que germina em vida. Nos vemos aqui as sementes, as plantas que vão germinando até se tornarem flores numa árvore. Nós temos a irmã morte, que Francisco celebrou no cântico das criaturas [e que] foi concluída nos seus últimos dias de vida”, explica.
Órgão de tubos
Igreja centenária de São Francisco de Assis, em Rodeio — Foto: Maurício Cattani/NSC TV
Um órgão de tubos foi trazido da Alemanha há mais de 100 anos. O instrumento ainda faz parte das celebrações religiosas. Em 1906, o órgão ainda não era elétrico. Os noviços tinham, então, que bombear o fole para o órgão ganhar vida durante as celebrações.
“O órgão é um instrumento por excelência, que imita a voz humana. Então, ele não tem o objetivo de sobressair, mas de ajudar o canto. […] Isso tudo num conjunto harmonioso”, explica o vice mestre dos noviços, frei Josemberg Cardozo Aranha.
Reprodução do G1 – Santa Catarina – Série de reportagens da NSC destaca as igrejas centenárias de SC