Grito dos Excluídos e Excluídas: Um chamado à justiça e inclusão social
11/09/2024
No dia 7 de setembro de 2024, as ruas de Colatina e Aracruz (ES) receberam centenas de participantes do 30º Grito dos Excluídos e Excluídas, um evento que se consolidou ao longo das décadas como um símbolo de resistência e luta pelos direitos dos marginalizados. Com o tema “Todas as vidas importam, mas quem se importa? Nós nos importamos”, o evento deste ano foi realizado em dois locais onde a Diocese de Colatina está presente: no bairro Ayrton Senna em Colatina e em Coqueiral em Aracruz, promovendo um forte clamor por justiça social, inclusão e dignidade humana.
Um início marcado pela esperança e união no bairro Ayrton Senna
No bairro Ayrton Senna, a programação começou com uma apresentação do grupo de percussão das crianças atendidas pelo projeto social Território da Paz, uma iniciativa da Cáritas Diocesana que atua no bairro com o objetivo de oferecer apoio e oportunidades para jovens em situação de vulnerabilidade. A batida dos tambores não apenas deu início ao evento, mas também simbolizou o pulsar das vozes daqueles que muitas vezes são silenciados pela sociedade.
Logo após a apresentação, Dom Lauro Sérgio Versiani Barbosa, bispo da Diocese de Colatina, acolheu calorosamente todos os participantes. Em sua fala, Dom Lauro fez uma retrospectiva sobre a história do Grito dos Excluídos, destacando sua importância como um espaço para que o povo tenha voz ativa não apenas durante o período eleitoral, mas ao longo de todo o ano. Ele ressaltou que a união das comunidades em torno da Palavra de Deus e o compromisso com a sinodalidade, como pede o Papa Francisco, são fundamentais para que todos possam viver com dignidade.
“Juntos somos mais fortes, juntos à luz da Palavra de Deus, e juntos em sinodalidade, como pede o Papa Francisco, para que todos tenham vida e a tenham em abundância”, disse Dom Lauro, ecoando o chamado do Papa por uma ‘Igreja em Saída’, comprometida com os que estão nas periferias e à margem da sociedade.
Caminhada e celebração ecumênica: um testemunho de fé e solidariedade
Após a acolhida de Dom Lauro, os participantes iniciaram uma caminhada pelas ruas do bairro Ayrton Senna. A caminhada não foi apenas um ato de protesto, mas também um gesto de solidariedade e união, reunindo pessoas de diferentes idades, religiões e origens. À medida que o grupo avançava, moradores observavam das janelas e calçadas, alguns se juntando ao movimento e outros demonstrando apoio silencioso.
O percurso culminou com uma Celebração Ecumênica na praça local e contou com a presença dos pastores Rogério, Guinter e Fabiano, além de Frei Pedro de Oliveira Rodrigues, da Paróquia Santa Clara de Assis de Colatina e representante da Comissão “Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso” do Leste 3 da CNBB, Pe. Marinaldo Serafim, Coordenador Diocesano de Pastoral além de outros padres, religiosas e religiosos.
Coqueiral de Aracruz e a participação dos povos tradicionais
Na parte da tarde, o Grito dos Excluídos e Excluídas teve continuidade em Coqueiral de Aracruz, um local que este ano se destacou pelo envolvimento das comunidades locais e dos povos tradicionais. Genivaldo José Lievore, membro da Comissão Justiça e Paz e um dos coordenadores do Grito na Diocese de Colatina, ressaltou a importância dessa inclusão, afirmando que a participação dos povos tradicionais trouxe uma dimensão ainda mais rica e diversa ao evento.
“A celebração do 30º Grito dos Excluídos na Diocese de Colatina foi marcante. Desde o momento da organização, houve envolvimento das comunidades, dos movimentos sociais, das outras igrejas, a Igreja Luterana, a Igreja Presbiteriana, isso para nós foi muito marcante. E o tema também foi fundamental para esse momento. Além de Colatina, nós também tivemos a realização este ano na comunidade de Coqueiral de Aracruz, com o envolvimento dos povos tradicionais, e isso para nós é muito importante. Esperamos que no 31º Grito dos Excluídos, mais comunidades, mais paróquias, façam essa celebração”, destacou Genivaldo.
Reflexões e aprendizados de um evento que vai além do dia 7 de setembro
Irmão Vicente Sossai Falchetto, Marista e também membro da Comissão Justiça e Paz, compartilhou uma avaliação do evento, destacando que o envolvimento da comunidade do bairro Ayrton Senna começou muito antes do dia do evento. Desde as primeiras reuniões de organização, a proposta de realizar o Grito dos Excluídos e Excluídas na comunidade foi acolhida com entusiasmo. A participação da Escola Municipal Meneghel, com educadores e alunos engajados, foi um dos pontos altos, mostrando como a educação pode ser um agente transformador.
“Para mim, o resultado positivo do Grito já estava acontecendo quando percebemos o envolvimento, de modo especial, da escola que transformou o sábado, que era um feriado, em um dia de ação e mobilização, com o apoio da Secretaria da Educação. Realmente, percebemos nas portas, nas janelas, nas ruas por onde passamos, a comunidade vendo, admirando, contemplando a passagem da Romaria do Grito dos Excluídos”, relatou Irmão Vicente.
Ele destacou ainda que, mais do que o número de participantes, o que importa é a mensagem e o envolvimento sincero de todos os que contribuíram para a realização do evento. “Foi muito bom ver a alegria das crianças, dos pobres, o povo de Deus presente. A minha avaliação é positiva, não me preocupa muito o número, poderia ter mais gente, mas isso não é o mais importante. O bonito é que foi o Grito dos Excluídos, não apenas de quem organizou, mas e todas as pessoas que colaboraram na organização”, concluiu.
Um compromisso contínuo com a justiça e a inclusão
O 30º Grito dos Excluídos e Excluídas foi mais do que um evento de um dia; foi um testemunho do compromisso contínuo da Diocese de Colatina e de suas comunidades com a luta por justiça social, inclusão e dignidade para todos. A expectativa é que, no próximo ano, mais comunidades e paróquias se juntem a essa caminhada de esperança e transformação, reafirmando que todas as vidas importam e que juntos podemos fazer a diferença.
Frei Augusto Luiz Gabriel