Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Frei Wilson é ordenado presbítero em Londrina

06/05/2012

Notícias

“Frei Wilson, procure sempre viver a opção preferencial pelos pobres, trabalhando para o pobre, com o pobre e como pobre; assim você será um Irmão Menor da Ordem dos Frades Menores” (Dom Albano Cavallin)

Londrina (PR) – Pelas mãos episcopais de Dom Orlando Brandes, Arcebispo de Londrina, durante a celebração eucarística no sábado, 5 de maio, às 19h30, Frei Wilson Simão recebeu o segundo grau do sacramento da Ordem. Momento forte para o jovem religioso franciscano, para a comunidade de fé, para a família e para a Ordem Franciscana. Verdadeira festa do povo de Deus, que apresentou diante do Senhor a resposta de um jovem que cresceu, viveu e trabalhou na Paróquia São Tiago Apóstolo.

Frei Wilson, ainda jovem, foi levado a responder com generosidade ao chamado de Cristo. Participou de diversos movimentos religiosos em sua comunidade, entre eles o JUCA SAN (Grupo de Jovens de São Tiago), e muitos participantes estiveram presentes na celebração e na animação da ordenação.

Frei Diego Atalino de Melo saudou a todos com caloroso “paz e bem”, acolhendo os irmãos e as irmãs que vieram de perto (Londrina) e de longe, como Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e, inclusive, do Paraguai, onde o ordenando possui familiares.

A igreja ficou repleta, a alegria tomou conta dos fiéis por louvar a Deus pela vida de mais um jovem que assume o ministério no e a partir do mistério pascal de Cristo. Na procissão inicial, Frei Wilson foi apresentado ao Senhor tendo seus pais do seu lado.

O Arcebispo de Londrina, Dom Orlando Brandes, presidiu a celebração e contou com a presença do Arcebispo Emérito, Dom Albano Cavallin; do Vigário Provincial, Frei Estêvão Ottenbreit; do Definidor Frei Mario Tagliari, juntamente com inúmeros confrades frades vindos de várias partes da Província Franciscana da Imaculada.

Rito de Ordenação

O Rito de Ordenação deu-se com a apresentação do candidato à Ordem. Frei Estêvão, em nome da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, apresentou Frei Wilson Batista Simão e afirmou que este estava apto para assumir o ministério presbiteral. Logo após, com a serenidade de sempre, o Arcebispo Emérito Dom Albano Cavallin, como de costume nas ordenações sacerdotais, conferiu uma belíssima homilia de cunho bem franciscano.

Dom Albano frisou: “Frei Wilson, a Igreja espera que você como franciscano mude até de nome e seja o novo padre Frei Francisco Wilson e um novo São Francisco para a Igreja no Brasil”. Logo após a homilia, o ordenando colocou-se de pé como sinal de prontidão e apresentou sua disposição e desejo de servir ao povo de Deus. Com os joelhos no chão, Frei Wilson colocou suas mãos nas mãos de Dom Orlando e prometeu obediência a seu legítimo superior e ao bispo diocesano.

Na Ladainha de Todos os Santos, o ordenando se prostrou no chão e todos rogaram a Deus por este compromisso assumido do ministério presbiteral. O ordenante impôs as mãos sobre o candidato e em silêncio rezou. Todos os padres presentes fizeram o mesmo. Em seguida, Frei Wilson, emocionado foi revestido pelas vestes de sacerdote. O seu pároco e Frei Sílvio Werlingue (natural desta região) o ajudaram a se vestir.

Outro momento de rico significado se deu na unção das mãos. O bispo ungiu suas mãos e as amarrou como sinal de que tal sacramento não poderá ser desfeito jamais. Emocionado, bem como seus genitores, Frei Wilson se aproximou dos pais para desamarrarem suas mãos, recebendo em seguida a sua primeira bênção.

Por fim, recebeu das mãos de Dom Orlando o cálice para trazer Cristo Eucarístico às pessoas. Em seguida, ele foi abraçado pelos bispos presentes e pelos seus confrades, que compartilham da mesma alegria.  Aplaudido fortemente pelo povo de Deus, Frei Wilson, agora, segundo Dom Orlando, deve tornar-se com e em Cristo o Cordeiro de Deus para as pessoas.

O presidente da celebração, ao provocar os presentes, pedindo para rezar juntos a Oração do Senhor, lembrou que não só deve ser rezado pelo neo-sacerdote, mas, sobretudo, pelos formadores, os quais colaboraram muito na formação dele e de muitos outros.

Ao término da celebração, em nome da Ordem dos Frades Menores e da Província Franciscana, o Vigário Provincial, Frei Estêvão Ottenbreit, louvou a Deus pela vocação de Frei Wilson e agradeceu a Dom Orlando Brandes. Ao agradecer e frisar sua admiração pela belíssima homilia, por um deslize chamou o Arcebispo Emérito de “Frei Dom Albano”, uma vez que este não pertence à Ordem Franciscana. Frei Estêvão expressou sua gratidão ao pároco, Pe. Luiz Senigália, ao povo de Deus, aos músicos, aos confrades e, sobretudo, aos pais de Frei Wilson: “Vocês, ao entregar seu filho, não o perdem, mas ganham muitos outros filhos”, disse. Agradeceu e desejou votos de força e fidelidade ao novo sacerdote franciscano Frei Wilson.

O pároco, Pe. Luiz Senigália, também agradeceu imensamente aos franciscanos pela Semana Missionária, bem como o sim generoso de Frei Wilson. E desejou que ele seja um santo sacerdote, um bom pastor para o povo de Deus.

Por último, Frei Wilson Simão fez os seus agradecimentos, começando por Aquele que o colocou no mundo, pela Igreja, especialmente a Dom Orlando e Dom Albano, pela Província da Imaculada na pessoa do vigário Provincial, Frei Estêvão Ottenbreit, e confrades, seus pais e familiares, os amigos, especialmente os que vieram de longe para celebrar com ele este momento. Frei Wilson ainda lembrou com carinho da época em que participava do JUCA SAN. Mais do que um grupo jovem, ele afirmou que eram amigos. Agradeceu especialmente à toda a comunidade na pessoa do Pe. Luiz por toda a abertura e colaboração para que tudo desse certo.

Também pediu que os colaboradores do SEFRAS (Serviço Franciscano de Solidariedade), do qual faz parte, ficassem de pé. E apresentando à comunidade, afirmou: “Dom Albano e Dom Orlando, essas pessoas que comecei a conhecer neste ano trabalham no SEFRAS, para onde fui transferido. Com eles eu quero todos os dias aprender a ser irmão menor, e sendo frade menor poder olhar o rosto dos marginalizados da sociedade, pessoas as quais nós assistimos nos projetos sociais em São Paulo, e ver o Cristo pobre, humilde e crucificado”. Agradecendo a Deus, concluiu suas palavras de agradecimento colocando-se como frade franciscano no ministério sacerdotal que foi ordenado.

Ao termino da celebração, o neo-ordenado deu a sua primeira bênção. Dom Orlando, antes de dar a bênção final exortou Frei Wilson dizendo: “Depois desta belíssima celebração e as palavras do arcebispo emérito, se nascêssemos de novo eu e Dom Albano certamente seriamos Frades Franciscanos. E digo a vocês que antes da celebração, na sacristia, eu pedi a Frei Estêvão que os franciscanos voltassem para Londrina. E, você Frei Francisco Wilson nunca se esqueça de ser em seu ministério um padre frade menor e testemunhar com sua vida a Palavra de Deus”.


Dom Orlando Brandes, ao falar que pediu a Frei Estêvão Ottenbreit que os franciscanos voltassem a Londrina, estava se referindo à presença franciscana nesta cidade que durou 35 anos. Para ter essa informação, D. Orlando consultou o povo e recebeu a confirmação.  Os frades chegaram a Londrina, no Norte do Paraná, no dia 18 de agosto de 1957 e saíram em 2 de janeiro de 1992.
Na revista “Vida Franciscana”, Frei João da Cruz Schumacher lembra que os frades franciscanos desta Província chegaram a Londrina em franco crescimento, tendo 124 mil habitantes, sendo 60 mil na cidade e 65 na zona rural.

Com a instalação do Bispado de Londrina, em março de 1957, foram criadas novas paróquias pelo bispo Dom Geraldo Fernandes, CMF, que confiou aos franciscanos a Paróquia Nossa Senhora das Graças de Vila Brasil, na periferia da cidade.

“Frei Pedro Miida nos trouxe no jeep de Colônia Esperança à nova paróquia. Perguntamos em diversos pontos da cidade onde ficava Vila Brasil. Ninguém nos soube informar com exatidão. Ouvimos as mais diversas respostas”, narrou Frei João. “Frei Edvino, que como Praeses (coordenador da Fraternidade) e Vigário da Paróquia viera tomar posse dias antes, havia dado duas voltas ao redor da quadra, onde se achava a casa paroquial, sem haver encontrado. Tão exígua e escondida era essa casa paroquial!”, acrescentou.

Frei João lembra ainda que a capela da Vila Brasil tinha 8 por 20 metros, era caiada de branco, mas de branco não tinha nada e estava mais parecendo a cor do hábito, “de tanta terra roxa que foi impregnando nas paredes”. Mas a pequena capela tinha um grande rebanho: 30 mil almas, sendo 8 mil na sede e 22 mil no interior ou zona rural. Segundo Frei João, eram 7 capelas atendidas: Selva, Irerê, Maravilha, Quilômetro Nove, Usina Três Bocas, Paiquerê e Bairro dos Apertados.

Para quem não conhece, o nome Londrina é uma homenagem a Londres. Lord Lovat, em companhia de técnicos e capitalistas ingleses, organizara uma sociedade comercial que visava a venda de datas e pequenos lotes rurais, da qual surgiu a Companhia de Terras do Norte do Paraná, cuja acionista principal era a Paraná Plantations Ltda, de Londres.

Na foto acima, a Capela da Vila Brasil e a rodoviária de Londrina em 1958.

Texto: Arquivo Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil


ÍNTEGRA DA HOMILIA

Irmãos (as),

É um costume de nosso Arcebispo Dom Orlando Brandes que o Arcebispo Emérito, em homenagem aos seus 58 anos de padre e de 38 de bispo, faça os sermões nas ordenações sacerdotais e dê conselhos aos novos padres.

Frei Wilson, você será um futuro padre franciscano, vou então recordar a história, a vida e as mensagens do Pobrezinho de Assis como modelo de vida.

Ouvi dizer que um religioso deve ser nos dias de hoje, um “clone do seu fundador”. Daí porque, um padre Jesuíta tem que ser parecido com Santo Inácio, um padre Palotino com São Vicente Paloti e um padre Franciscano com São Francisco de Assis.

Sabemos que São Francisco tinha vários “amores”.

Ele gostava tanto de Jesus que, na Igreja de São Damião, Jesus lhe mandou um e-mail direto, pedindo que Ele reconstruísse sua Igreja e depois pediu também que Ele participasse corajosamente do seu sofrimento na Cruz. Tudo isso indica que você deve também ter um encantamento por Jesus e não ter medo de participar dos mistérios gozosos, luminosos, dolorosos e gloriosos da vida de Jesus, em sua vida de padre franciscano.

Os historiadores dizem que Francisco queria que ele e seus sucessores prometessem reverencia e obediência ao Papa. Seja um amigo do Papa e não aceite aqueles que o chamam de Papa Ratzinger, porque o Espírito Santo há tempo mudou o seu nome para Bento XVI.

São Francisco gostava do Evangelho e pedia que ele fosse vivido sem glosa. Você está sendo ordenado na Igreja de Londrina que deseja ser uma Igreja Bíblica, com centenas de grupos de Reflexão Bíblica, então seja um padre apaixonado pela Palavra de Deus como acaba de pedir a CNBB na sua última Assembleia de Aparecida.

Você sabe que na formação do Clero brasileiro um dos perigos é o intelectualismo exagerado, então sempre se recorde do Conselho de um Santo de sua Ordem: “Que Paris não mate Assis”.

Você sabe que São Francisco amou a Igreja como uma mãe. Vou lhe ensinar uma oração carinhosa pela Igreja:

Bem aventurada és tu, Igreja, porque mistério.

Bem aventurada és tu, Igreja, porque povo de Deus.

Bem aventurada és tu, Igreja, por tua hierarquia.

Bem aventurada és tu, Igreja, por teu laicato.

Bem aventurada és tu, Igreja, por tua santidade.

Bem aventurada és tu, Igreja, por teus sacerdotes, diáconos, religiosos e vocacionados.

Bem aventurada és tu, Igreja, por teu destino eterno.

Bem aventurada és tu, Igreja, por ter a Mãe Maria.

Você sabe que São Francisco amou a Dona Pobreza. O mundo moderno só fala em prosperidade. Procure sempre viver a opção preferencial pelos pobres, trabalhando para o pobre, com o pobre e como pobre, assim, você será um Irmão Menor da OFM.

Ultimamente, li um livro de Carlo Carreto intitulado: “Eu Francisco”. A beleza do livro está no que fez Francisco voltar ao mundo moderno e recordar a beleza da mística franciscana adaptada para evangelizar e santificar exatamente a modernidade, com todos os seus inventos e meios de comunicação.

Esse livro sugere que os franciscanos inventem um novo Cântico das Criaturas, ensinando o homem a louvar o Senhor com todos os meios modernos de comunicação.

Este cântico das criaturas reza assim:

São Francisco, lá no século XIII, ensinastes teus conterrâneos a louvarem o Altíssimo, Onipotente e Bom Senhor, pedindo ajuda do irmão sol, da irmã lua e de todos os irmãos do Universo, entre homens, animais e flores que povoam a terra. Hoje, também nós pedimos que voltes ao Século XXI, para nos ensinar a louvar a Deus com um novo Cântico das Criaturas, neste mundo moderno tão necessitado de Deus.

Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão telefone que faz os homens ficarem tão perto da voz e do coração de seus irmãos e irmãs.

Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão rádio, tão útil, noticioso e cantor, que alegra, como um rouxinol, tantas famílias de lares pobres que necessitam de uma companhia, para juntos cantar e rezar.

Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã televisão que faz o mundo todo encolher-se dentro daquela caixinha e tornar-se uma “aldeia global” que une todos os homens.

Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão jornal que todos os dias bate à porta de nossa casa, trazendo em suas páginas os mistérios gozosos, luminosos, dolorosos e gloriosos do mundo em que vivemos.

Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão computador, com sua memória tão fiel que, no seu banco de dados, relembra tudo o que lhe foi contado e sabe guardar tão bem tantos segredos.

Louvado sejas, meu Senhor,  pelo irmão CD, tão brilhante que sabe guardar, nas curvas de seu corpo, toda a Bíblia e tantas melodias que alegram os corações das multidões.

Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão automóvel, esta casa que anda sobre rodas e faz as famílias visitarem tantos recantos da terra.

Louvado sejas, meu Senhor, pela máquina de lavar roupa que gosta tanto da limpeza e da brancura, recordando o sacramento da reconciliação, que também purifica nossas almas.

Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão avião, esse pássaro grande que carrega, não no seu bico, mas no seu coração, tantas pessoas que sonham ser pássaros metálicos voando pelo céu.

Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão metrô, tão escondido e tão serviçal e, como uma mãe, carrega no seu seio tantas pessoas e lhes dá a luz de tantas estações, para viverem mais um dia de trabalho ou de diversão.

Louvado sejas, meu Senhor, pelas antenas de televisão – quais grandes ouvidos, captando, na hora, todas as notícias, fatos, canções e toda a vida de um povo, com luzes e cores.

Louvado sejas, meu Senhor, pelos santos e santas modernos que nos ensinam a viver o Evangelho e, em pleno século XXI, são as “clonagens” de Jesus e de Maria no meio de nós.

“Obras todas do Senhor, glorificai-o. A Ele louvor, honra e glória eternamente!” (Dn 3,57)

Padre Frei Wilson – a Igreja espera que você, como franciscano, mude até de nome e seja: o novo Padre Frei Francisco Wilson e seja um novo São Francisco para a Igreja no Brasil.

Paz e Bem!

Amém

 Dom Albano Cavallin

Arcebispo Emérito de Londrina