Frei Volney pede para “erguer a cabeça a horizontes mais amplos”
25/11/2021
Agudos (SP) – O terceiro dia (25/11) do Capítulo Provincial, que está em andamento no Seminário Santo Antônio de Agudos (SP), começou com a Santa Missa, às 8 horas, e foi presidida por Frei Neuri Reinisch, com os concelebrantes Frei Volney Berkenbrock e Frei Roberto Carlos, representando a Frente de Evangelização da Comunicação da Província da Imaculada Conceição. Frei Neuri também lembrou que hoje se celebra o Dia de Ação de Graças e destacou o dia capitular, com a leitura do Relatório do Visitador Geral.
Frei Volney fez a leitura do Evangelho e a reflexão do dia. “Neste final do Ano Litúrgico, os textos que nos são apresentados colocam acentos à questão final dos tempos. Eu gostaria, a partir do Evangelho de hoje (Lucas 21,20-28), dividir dois pensamentos”, disse.
Segundo o celebrante, o cristianismo primitivo viveu uma perspectiva escatológica, como mostra Lucas. Inicia-se com o prenúncio da destruição do Templo e, na parte final, faz a narrativa da destruição de Jerusalém.
“Todo o judaísmo do tempo de Jesus estava fortemente marcado por essa expectativa”, observou. O fim de Jerusalém, na visão dos cristãos convertidos do judaísmo, tinha o caráter escatológico da inauguração dos novos tempos.
Segundo o frade, logo depois, o cristianismo passa a viver na compreensão da chamada parusia, a expectativa da volta do Senhor e, com isso, desfecho do fim dos tempos. “Entra ano e sai ano e não ocorre a Parusia. O cristianismo revive a sua expectativa escatológica. E qual era a grande expectativa ecatológica? Colocar-se à disposição de Deus, viver de tal maneira como Deus quer, na expressão de Jesus, do Reino de Deus”.
Para Frei Volney, com o tempo, o cristianismo abandonou essa expectativa e começa a se organizar. “Nós vivemos o cristianismo que praticamente esqueceu essa vinda iminente do Senhor. Quem pensar no final dos tempos está fora da casinha. Nós pensamos na permanência. E para pensar a permanência precisamos planejar, organizar. É uma outra compreensão”, explicou.
Segundo o celebrante, esse evangelho de hoje recorda a importância da disponibilidade para com o Espírito na Igreja, na Província, não só estruturada, organizada, mas de uma Igreja, de uma Província, de um cristianismo disponível ao Espírito.
O segundo pensamento, que também está no Evangelho de hoje, Frei Volney atualizou para os tempos de pandemia. “E Lucas diz ‘que os homens vão desmaiar de medo só em pensar no que vai acontecer’. Nós estamos vivendo um tempo de muitas dificuldades. Quando esperávamos estar aqui com máscara? Quem esperava passar o que estamos passando? De certa maneira é também um tempo escatológico e pensamos onde vai dar isso tudo?”, perguntou.
Frei Volney destacou uma frase do Evangelho: ‘Quando essas coisas começarem acontecer, levantai-vos e erguei a cabeça’. “Há muitas situações, dificuldades, que não sabemos nem para onde ir. Muitas vezes, nossa tentação é cada vez mais olharmos em volta, como eu posso salvar a minha situação, como posso estar a salvo, e perdemos a capacidade de olhar para horizontes mais amplos”, observou, lembrando um provérbio alemão que diz ‘que de tanto olhar a árvore não enxerga mais a floresta’. “De tanto olhar as particularidades, não enxergamos mais o todo. Eu penso também que esse tempo de dificuldades, tempo escatológico, é um convite a levantarmos a cabeça e mudarmos mais amplamente o nosso comportamento, nossas esperanças e não fixarmos só nos nossos problemas e nossas dificuldades. Se ficarmos olhando só para as dificuldades, para os problemas, os homens vão desmaiar de medo só de pensar nas desgraças que podem acontecer. Que possamos também, a partir desse Evangelho, ouvir e aceitar esse convite de erguermos a cabeça, andarmos um pouco mais amplamente”, pediu.
Depois de dois dias de reflexões, o Capítulo Provincial entra na fase de estudos e discussões a partir do Relatório do Visitador Geral, Frei César Külkamp, sobre o triênio 2018-2021, quando foi Ministro Provincial.
Equipe de Comunicação do Capítulo: Frei Augusto Gabriel, Frei Clauzemir Makximovitz, Frei Gabriel Dellandrea, Frei Alan Leal de Mattos e Moacir Beggo.