Frei Medella mostra as lições do fariseu e do publicano
22/10/2022
Guaratinguetá (SP) – O Vigário Provincial, Frei Gustavo Medella, presidiu a Celebração Eucarística, às 19 horas, encerrando o sétimo dia da Novena em preparação para a Festa de Frei Galvão, no Santuário Frei Galvão, em Guaratinguetá (SP). A presença do Coral dos Canarinhos deixou a Missa mais solene e bela. Neste sábado (22/10), o tema do dia da Novena foi “Frei Galvão, terra fértil de frutos bons”.
Frei Medella foi acolhido pelo reitor do Santuário, Frei Diego de Atalino Melo, que agradeceu a presença de Frei Medella, dos Canarinhos, do Definidor Provincial Frei Marcos Antonio de Andrade e dos frades que vieram participar da Festa. O povo lotou a igreja e respondeu prontamente ao convite para o gesto concreto do dia, que foi a doação de produtos de higiene pessoal.
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Na sua reflexão, Frei Medella disse que a Palavra de Deus do 30º domingo do Tempo Comum dá esse presente, ou entrega de bandeja o tema da humildade para “que nós possamos sobre ele refletir”.
“Terra boa, de frutos bons. A terra boa é onde a semente encontra espaço para germinar, por isso ela não pode ser uma terra seca, não pode ser uma terra malcuidada, mas tem que ser uma terra fofa, preparada, a fim de que a semente cresça, cheia de vida e produza os frutos tão esperados”, explicou o frade.
Segundo Frei Medella, não é à toa que a palavra humildade tem na sua raiz ‘humus’, que significa solo e solo fértil. “Solo adubado para produzir bons frutos. Por isso, o coração humilde é o que se deixa fecundar. É o coração que tem a mente no céu mas os pés plantados no chão e cria raízes profundas, a fim de que o vento, a tempestade nada possa prejudicar o crescimento da semente”, acrescentou.
O Vigário Provincial comentou a parábola que Jesus apresenta no Evangelho de São Lucas, com a figura do fariseu, muito religioso, seguidor de seus preceitos, cidadão de bem no seu tempo. “Até aí nada está errado. Faz tudo certo. De tanto olhar para si mesmo, ele foi perdendo o vínculo com a realidade à sua volta e aí ele começou a entrar numa grande ilusão, porque quando ele pensava que estava fazendo tudo certo diante de Deus, sem perceber, deste Deus a quem ele pensava adorar, ele foi eliminando duas letras: a primeira e a última. Se tirar o “dê e o esse”, o que fica? ‘Eu’. Ele parou de perceber que era parte de um todo maior e começou a se bastar a si mesmo e aí, explicando esse Evangelho, o Papa Francisco disse que quando ele rezava não tinha mais Deus diante de si, mas um espelho no qual ficava admirando a própria beleza, as próprias virtudes”, definiu o frade.
“E o pior: se achava melhor do que todos e no direito de apontar o dedo e desprezar cada pessoa”, emendou. “E, por isso, não satisfeito, ele olha para o publicano já encabulado e chama de ladrão, desfaz-se dele, se acha pronto e acabado. O coração dele se corrompeu. Esse fariseu, nós podemos dizer, é um corrupto. Por quê? Porque o seu coração duro – corrupto é aquele que endurece tanto e acaba se desmanchando – tornou-se incapaz de amar, de perdoar, de acolher, de servir. Tinha olhos só para si”, continuou Frei Medella.
Ele ilustrou com um ditado que ouviu de um senhor da roça que dizia o seguinte: “Frei, bambu que não morga, quebra”. Ou seja, quando fica muito endurecido, bate um vento e ele se desfaz. “E assim é o coração de quem se torna prepotente, de quem tira Deus da jogada, acha que se basta e se julga melhor do que os outros”, emendou.
Mas Frei Medella ponderou que podemos aprender com o fariseu. “É reconhecer que um pouquinho de farisaísmo mora dentro de cada um de nós. E rezar todo dia: ‘Do farisaísmo de hoje, livrai-me Senhor’. Qual é o perigo do farisaísmo? Mora um pouquinho dentro de mim, um pouquinho dentro dela, um pouquinho dentro dele e aí começam a se encontrar. Um fariseu com o outro, o farisaísmo crescendo e, juntos, acham-se os bons, os perfeitos, os já acabados e quem é diferente tem que ser desprezado, deixado de lado. E se começa a criar um gueto, onde se aprende a julgar as pessoas e a olhar para elas de cima para baixo. E isso não tem nada a ver com o modo de Deus ser”, descreveu Frei Medella.
Para ele, por mais que se ache que, cultivando esse tipo de postura, estará se purificando e se aproximando de Deus e do céu, esse Deus é um Deus ilusório. É um deus sem “dê e esse”, é um ‘Deus eu’, que vai levar ao vazio e à perdição. “Por isso, meus irmãos e minhas irmãs, vamos aprender com esse publicano, cobrador de impostos, homem simples. A oração dele era duas ou três palavras, enquanto a do fariseu se multiplicava em frases de efeito. Ele só dizia assim? ‘Senhor, tem piedade de mim, que sou pecador’. O que ele fez? Ele preparou a terra do coração para que a ação de Deus pudesse convertê-lo, para que ele pudesse se tornar uma pessoa melhor. E por isso, Jesus disse: ele saiu justificado, ou seja, esse homem simples e humilde está no caminho da salvação. Agora, aquele outro, até religioso, mas prepotente, arrogante, tem o coração duro que vai quebrar mais dia menos dia, a menos que mude de atitude”, exortou.
“Vamos deixar que Jesus nos ensine e Frei Galvão nos mostre o caminho. A humildade e a bondade, tenho certeza que ele herdou da família, porque eu li que a sua mãe Isabel morreu jovem, aos 38 anos. Embora, tanto ela quanto o esposo tivessem uma situação financeira favorável, quando foram vesti-la para fazer o sepultamento, tiveram dificuldade porque ela tinha dado quase tudo para as pessoas pobres. Era um coração humilde, desapeado, capaz de cultivar empatia, capaz de sentir a dor do outro. Isso Frei Galvão levou com ele, em cada gesto, em cada palavra, em cada atitude criativa que ele inventava para estar mais próximo das pessoas. Se não pudesse pessoalmente, mandava a pílula de Frei Galvão, fazendo uma bênção a distância, até se tornando dois, capaz de estar em dois lugares misteriosamente. É fruto do amor e da humildade que criativamente se multiplica e se espalha e chega lá onde alguém precisa ser amado e chega ali onde uma pessoa precisa ser levantada. Essa é a dinâmica do amor, que cresce e floresce no coração amolecido, preparado pela humildade”, recordou.
E Frei Medella pediu: “Vamos deixar pra lá esse negócio de prepotência, vamos abandonar essa mania de acharmos prontos e acabados, vamos largar esse vício de apontar a mão para outros lembrando que eu aponto um para frente, tem três apontados para mim. De cada defeito que nós percebemos no outro, vamos perceber uns dois ou três que nós podemos ter. E de cada qualidade que nós admiramos no outro, vamos cultivar umas duas ou três que nós também somos chamados a ter. São Francisco, no seu modo de viver e ensinar, nos apresenta uma verdade de vida muito bonita: ‘Ninguém é tão ruim que não tenha nada de bom para oferecer, assim como ninguém é tão bom que não tenha nada de menos bom para melhorar’. Vamos seguir juntos nesse caminho. Frei Galvão nos guiando por esse caminho de santidade e assim vamos ser uma comunidade fecunda e produzir bons frutos de paz, de justiça e de todo bem”, completou.
SHOW
Ariane Zaine cantou neste sábado às 21 horas. Aos 26 anos, ela participou do The Voice Brasil e é de Guaratinguetá.
PROGRAMAÇÃO
23 de outubro – Domingo (Gesto concreto: Óleo)
06h00 – Missa
08h00 – Missa
09h00 – 8° Encontro de Fuscas e Carros Antigos – Na Alameda Frei Galvão
9h00 – Abertura das Barraquinhas de Doces e Salgados
10h00 – Missa
11h30 – Sorteio do fusca de Frei Galvão – Transmissão pela TV Frei Galvão (You Tube)r
13h00 – Show com Júnior Pérola
15h00 – Missa do 8° dia da Novena – Tema: “Frei Galvão, Exemplo de Oração e Humildade”.
7h30 – Missa
19h30 – Missa do 8° dia da Novena – Tema: “Frei Galvão, Exemplo de Oração e Humildade”
21h00 – Show com Adriana Gil
21h00 – Ação entre amigos
Equipe de Comunicação do Santuário Frei Galvão