Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Frei Medella abre a Festa da Penha pedindo compaixão

04/04/2021

Notícias

                                                                                 Imagens: captura de tela das transmissões digitais

Vila Velha (ES) – O Vigário Provincial da Província Franciscana da Imaculada Conceição, Frei Gustavo Medella, presidiu neste domingo de Páscoa (4/4), a Missa de Abertura do Oitavário da Festa da Penha e foi enfático: “A única saída para esta crise que estamos vivendo passa pelo caminho da compaixão”.  Pela segunda vez consecutiva, a pandemia obrigou a tradicional Festa da Penha, que neste ano chega à 451ª edição, a ser virtual.

Frei Medella concelebrou com os frades do Convento da Penha e disse que era desnecessário dizer que o “nosso sonho, nosso desejo, do profundo do coração, era estarmos todos juntos, unidos, preenchendo o Campinho do Convento de corações desejosos a manifestar a exultação da alegria da Páscoa”.

“Como ainda não temos esta oportunidade por conta das razões que todos nós sabemos, graças a Deus temos a possibilidade tecnológica de estarmos juntos ainda que corporalmente distanciados”, disse, saudando a todos, em nome da Fraternidade do Convento, dos frades da Província da Imaculada, do Ministro Provincial Frei César külkamp e da Arquidiocese de Vitória.

Neste ano, o tema da festa é “Vosso olhar a nós volvei”, retirado da Oração Salve Rainha, a saudação a Nossa Senhora. Segundo o Vigário Provincial, o tema quer manifestar essa força, essa potência do olhar em transmitir aquilo que temos de melhor: a alegria, o entusiasmo, a vontade de viver e de lutar pela vida que Maria nos ensina. “É neste espírito que queremos celebrar, é nesta comunhão fraterna que nós queremos render louvor ao Cristo Ressuscitado, o Filho de Deus que coloca a supremacia da vida sobre a morte”, sublinhou Frei Medella.

O celebrante lembrou que na abertura do Oitavário da Festa da Penha do ano passado, o Arcebispo Dario Campos, OFM, presidiu a Missa citando o número de 1.230 pessoas falecidas pela pandemia. Nesta Pascoa de 2021, menos de um ano, são 330 mil pessoas, cujas vidas foram ceifadas pela covid-19. Só no Espírito Santo são 7.639 mortes. “Diante deste fato que nos machuca, que nos inquieta, que nos preocupa, nossa solidariedade silenciosa aos familiares que perderam seus entes queridos e a cada um de nós. O terreno da dor humana é um terreno sagrado, diante do qual nós devemos nos portar com reverência e respeito.

Por isso, eu convido todos a fazer um instante de oração silenciosa por essas 330 mil vítimas fatais no Brasil (7.639 no ES)”, pediu o frade.

Segundo ele, em relação à Festa da Páscoa que é celebrada junto com a abertura do Oitávario, destacou três temas que apareceram nas leituras e também no salmo.

O primeiro, segundo o frade, é a força de Cristo. “A pedra que tampava o sepulcro onde estava o corpo de Jesus, era uma pedra extremamente pesada, difícil para ser removida à custa de muita força e muita gente ao mesmo tempo. E por isso foi um espanto para Maria Madalena perceber que a pedra tinha sido removida. Tanto que ela logo atribuiu a alguém. E, por isso, ela disse aos discípulos: ‘tiraram o Senhor do túmulo’. No entanto, pela fé nós sabemos que ninguém tirou o Senhor do túmulo e ninguém rolou aquela pedra, a não ser o Cristo mesmo pela sua força. Agora poderíamos nos perguntar, que força sobre-humana é essa?”, questionou.

Para o celebrante, uma pista importante é dada por São Pedro na primeira leitura, no discurso que narra o livro dos Atos dos Apóstolos: Jesus andou por toda a parte fazendo o bem. “Fazendo o bem. A força de Jesus é a força do bem, a força do amor. É pelo amor que ele age, é pelo amor que ele remove aquela pedra, é pelo amor que a mão de Deus trabalha em seu favor conforme ouvimos no salmo. A mão direita fez maravilhas, a mão direita do Senhor nos libertou. É uma mão que age amorosamente. A força do bem tão necessária nesta pandemia. A força da compaixão”, ressaltou o frade.

“Não precisamos ter dúvida e podemos apostar toda nossa certeza: a única saída para esta crise que estamos vivendo passa pelo caminho da compaixão. É pela compaixão que nós vamos vencer. E a compaixão produz desdobramentos práticos na realidade, gestos muitos concretos de cuidado, de solidariedade, de responsabilidade. Todos eles nascendo pela compaixão”, ressaltou.

Mas diante do cenário obscuro que vivemos, Frei Medella subiu o tom: “Não é a força econômica, não é a força do dinheiro, não é o poderio das armas, nada disso pode nos tirar desta crise, apenas a compaixão, nem sempre compreendida, nem sempre praticada, mas sempre proposta por Jesus Cristo, afinal foi essa força que removeu aquela pedra e o tirou do túmulo. A compaixão é o caminho para vencermos essa grave crise que nos assola. Em todos níveis: pessoal, comunitário, social, político, religioso. Compaixão sempre”, enfatizou.

O segundo tema, relacionado ao primeiro, é o tema da pedra. “Pedra que atravanca, atrapalha, que prende, dificulta. 330 mil mortos é pedra pesada que estamos carregando. Perdas difíceis que tantos estamos vivendo em diferentes níveis. Pedra difícil de ser removida. Sonhos desfeitos. Projetos frustrados, expectativas despedaçadas. Como podemos vencer esse peso, esta pedra?”, interrogou.

Novamente, Frei Medella, deu um único caminho: a força da compaixão e da fé. Mas, segundo o frade, uma fé encarnada e comprometida, que nada tem a ver com alienação, com prepotência, nem com inconsequência. “Dizer: ‘ah, eu não vou tomar nenhum cuidado; eu não vou usar máscara; eu vou a todos os eventos, porque Deus me protege’. Isso não é fé. Isto é alienação, inconsequência e irresponsabilidade. A verdadeira fé nos conecta com o concreto da realidade. E uma realidade dura e difícil, exige de nós respostas à altura de cuidado, de carinho, de solidariedade. Esta fé, uma fé encarnada, solidária, comprometida, consoladora e dialogal”, salientou.

Segundo Frei Medella, este tema nos remete à pedra em que está encravado o Convento da Penha. “Penha significa pedra. A pedra da fé de Nossa Senhora em acreditar que até nas cenas mais difíceis e duras que ela presenciou, a vida deveria ter a última palavra vencedora. Maria acreditou até o fim. Maria sabia que o fim do seu filho não seria naquela sepultura gelada, escura e fria. Mas que ele, pela força do amor, pela força do bem, venceria pela compaixão”, frisou.

Por último, o tema do olhar. “O Olhar misericordioso e amoroso da Mãe para nós. Muitas pessoas dizem: ‘Minha mãe, só de olhar já sabia o que ela queria de mim’. Que nós também tenhamos essa intimidade com Maria e que olhemos nos olhos dela sempre dispostos a aprender o que ela tem a nos ensinar. O cuidado de uma mãe que se desdobra em amor por seus filhos e filhas, por causa de seu filho Jesus Cristo, aquele nos ensina a vencer a morte”, indicou.

Ao concluir, repetiu: Compaixão, fé, cuidado, esperança. “Que todas essas posturas e essas virtudes nos acompanhe nesse Oitavário. Que possamos sentir no profundo do nosso ser o olhar amoroso e atencioso da Mãe. ‘Vosso olhar a nos volvei, o Santa Mãe de Deus’. Tenhamos todos uma Festa da Penha abençoada. Feliz Páscoa. A certeza da vida seja nossa fonte de esperança, sem nos esquecermos da compaixão!”, completou.

 

O segundo dia do Oitavário começa com a Bênção do dia pela TV Gazeta. Ao meio-dia, o público será convidado a uma grande corrente de oração através do Terço Franciscano, que será transmitido ao vivo nas redes do Convento da Penha. A primeira Missa do Oitavário, às 16 horas, será presidida pelo Pe. Anderson Teixeira, da Área Pastoral Vila Velha. Às 18 horas, o Programa Salve Mãe das Alegrias terá a participação do instrumentista Elias Belmiro, terminando o dia com a segunda Missa, às 20 horas, presidida por Dom Paulo Bosi Dal’Bó, bispo da Diocese São Mateus.


Moacir Beggo