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Frei Diego: “Até hoje sinto tão pequeno, tão indigno diante desse ministério”

11/02/2022

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    Imagens: Reprodução da transmissão da TV Frei Galvão

Guaratinguetá (SP) – No dia 11 de fevereiro de 2012, o ginásio de esportes do Colégio Santa Rosa, em Lages (SC), ganhou um altar no centro da quadra, com o Crucifixo no alto e a imagem de São Francisco do lado direito, para receber o ‘sim’ de Frei Diego Atalino de Melo à vida sacerdotal. Dez anos depois, como reitor do Santuário Frei Galvão, Frei Diego rendeu graças a Deus por esta data durante a Celebração Eucarística, às 15 horas, no Santuário de Guaratinguetá.

Com ele, concelebraram o Arcebispo de Aparecida (SP), Dom Orlando Brandes; o Vigário Provincial, Frei Gustavo Medella; o capelão da Aeronáutica, Pe. Edson Odaguiri; Frei Leandro Costa Santos, Frei Roberto Ishara, seus confrades na Fraternidade; Frei Jefferson Palandi Broca, natural de Guaratinguetá e hoje residindo no Seminário Frei Galvão; Frei Guilherme Plotegher e Frei Vinicius de Oliveira.

Filho de Roselei Maria e Alfredo Adenir Melo (falecido), Frei Diego nasceu no dia 26 de agosto de 1983 em Lages, SC. A primeira etapa na formação religiosa franciscana, o Aspirantando, fez em Ituporanga (SC), em 2002. No ano seguinte, foi para o Postulantado e recebeu o hábito franciscano em 2004, na cidade de Rodeio. Concluiu o Curso de Filosofia (Curitiba) no ano de 2007 e, em 2011, terminou o Curso de Teologia no Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis (RJ). Professou solenemente na Ordem Franciscana no dia 5 de novembro de 2009 e foi ordenado diácono no dia 4 de dezembro de 2010. Sua primeira missão como presbítero franciscano foi o trabalho vocacional na Província até assumir, em abril do ano passado, o Santuário Frei Galvão, em Guaratinguetá.

Frei Medella, que é colega de sua turma de seminário, fez a homilia, e começou recordando quando viu Frei Diego pela primeira vez. “Dom Orlando, hoje peço licença para de voltar ao final de março 2002, quase 20 anos atrás. Depois de 16 horas de viagem do Rio de Janeiro a Joinville, mais umas três ou quatro até Blumenau, mais umas quatro até Rio do Sul, ainda tinha mais um trecho de uma hora de Rio do Sul a Ituporanga, no ônibus Haverroth, que me levaria até a Capital da Nacional da Cebola, ao Seminário São Francisco de Assis. E foi ali, no finalzinho da viagem, na rodoviária de Rio do Sul, que vi pela primeira vez o Frei Diego, de calça jeans, sandália, camiseta e uma camisa cumprida de flanela azul, um Tau franciscano pendurado no pescoço e segurando um violão. Bati o olho e na hora adivinhei: ‘Esse menino também está indo para o seminário'”, recordou o Vigário Provincial.

Segundo ele, o seu palpite estava certo. “No entanto, na simplicidade daquela cena quem já estava trabalhando era Deus. Ele, que desde o princípio despertou no coração do ‘Dieguinho’ o sonho de se tornar um frade franciscano, um dispensador do amor de Deus, um discípulo-missionário, filho amado de Francisco de Assis, um irmão necessário”, assinalou.

Frei Medella destacou o trabalhador que desde a infância, quando ainda de calça curta vendia pelas ruas de Lages os salgados que sua mãe, a Dona Rose, preparava, e resolveu empenhar-se por inteiro para ser operário da vinha do Senhor: “Desde pequeno, Frei Diego, você aprendeu que seguir a Jesus Cristo é se colocar a serviço dos pequenos e frágeis, como sua mãe lhe ensinou a partir daquele abraço que você recebeu, ainda criança, do vizinho da sua família, um jovem com deficiência física e mental. Ali era Jesus que estava lhe chamando. Apresentando-se a você a fim de que você pudesse apresentá-Lo pelo seu testemunho, pela sua consagração, pelo seu sacerdócio”.

Frei Gustavo lembrou que Frei Diego escolheu o seguinte lema para sua ordenação: “Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi” (Jo 15,16). “Certamente, esta é a conclusão à qual você chegou ao dizer o seu ‘sim’ à vida sacerdotal. E é este o porto seguro da sua vocação, ao qual, com certeza, nesses 10 anos você teve de retornar com frequência, especialmente nos momentos em que as decepções e a tentação do desânimo rondaram seu coração. ‘Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi’. A missão do sacerdote, Frei Diego, ela é grande, é sublime, mas também desafiante. Às vezes chega, inclusive, até a assustar. No entanto, é animador saber que Deus quem lhe chamou, quem lhe escolheu, e não escolhe quem é perfeito ou quem se acha pronto, mas vem justamente abraça as fragilidades daqueles que convida para fazer com Ele um caminho”, refletiu seu confrade.

“Com Ele, sempre com Ele. O foco é Ele, Jesus Cristo. Quando somos tentados a desviar o olhar por medo ou distração, começamos a afundar como São Pedro, no episódio em que Jesus o convida a caminhar sobre as águas. Lembre-se que Jesus sempre estará de mãos estendidas para você, segurando-lhe em uma das mãos a fim de que você possa estender a outra àquele que vem a seu encontro, pedindo uma bênção, um conselho, uma oração, um sorriso, um minuto de sua atenção. É Jesus usando a sua mão para socorrer quem está precisando d’Ele”, exortou Frei Medella.

O Vigário Provincial destacou a memória de Nossa Senhora de Lourdes e o Dia Mundial do Enfermo neste dia 11 de fevereiro. Segundo ele, no Evangelho deste dia, Jesus cura um homem surdo-mudo e o reintegra na plena Comunicação. “Você também Frei Diego, pelo Cristo Eucarístico, pelo Sacramento da Confissão, tem o poder de reintegrar homens e mulheres à plenitude da comunicação com Deus e com o próximo”, orientou.

“Mesmo suas fragilidades, Frei Diego, tenha certeza de que seu Ministério é um roteador potente de internet que permite às pessoas uma conexão bem-sucedida com o ‘wi-fi’ de Deus. O mundo está cheio de ruídos e interferências que nos levam a sintonias perigosas e destruidoras, a fome, o medo, a exclusão, a ganância, o egoísmo e a mentira vivem atrapalhando a nossa comunhão com Deus, com os irmãos e com os dons da criação, inclusive a nossa Mãe Terra. Por isso, não economize este sinal privilegiado de Paz e Bem que o Senhor deseja distribuir através do seu roteador”, ensinou Frei Medella, pedindo: “A Mãezinha do Céu, Nossa Senhora de Lourdes, cujo dia hoje celebramos, seja a grande guardiã de seu sacerdócio. Muito obrigado pelo Sim diário que você diz a Deus, aos confrades e ao povo que o Senhor lhe confiou. Seja sempre muito feliz e que Deus o abençoe!”.

Na sua fala, Dom Orlando rendeu graças a Deus por esta data. “Louvados seja, meu Senhor, por esses 10 anos de Frei Diego e que nós possamos ser anunciadores, promotores de vocações masculinas, femininas, que é um grande presente que vamos dar a Jesus sacerdote nesses 10 anos do Frei Diego. E louvados sejas, meu Senhor, porque Frei Diego foi transferido aqui para este Santuário junto com seus colegas. E este Santuário está caminhando bastante, claro, com a ajuda de todos vocês”, celebrou.

Dom Orlando lembrou que São Francisco dizia: ‘Olha se eu encontrar um padre e um anjo, primeiro vou dar a mão para o padre, depois para o anjo’: “Ele nem quis ser padre porque achou que era pequeno. Então, vamos nós também, como São Francisco, venerar, amar, perdoar, compreender nossos sacerdotes, mesmo que tenham defeitos. Por quê? Porque neles está o Filho de Deus. É muito importante, podem ter defeitos, mas o Filho de Deus é tão humilde, tão franciscano, que está aí em cada um de nós. E claro, Frei Diego, lembrar hoje também aquilo que Francisco dizia aos frades: ‘Vos peço de joelhos celebrar a Eucaristia dignamente”.

“E, hoje, a Imaculada Conceição foi confirmada lá em Lourdes. ‘Eu sou a Imaculada Conceição’, disse Nossa Senhora. E os franciscanos foram os grandes incentivadores, pregadores, devotos da Imaculada. Então, peço à Imaculada Conceição vocações franciscanas, muitas bênçãos para os frades daqui desta comunidade. E também frei, todas as pessoas que você absolveu, batizou, tornaram-se imaculadas. O padre é encarregado de levar a santificação, a purificação, e deixar-nos todos nós imaculados. E por fim, frei, quero lembrar o nosso Frei Galvão, que amou tanto a Imaculada e feriu o seu coração para se consagrar. Que os corações de vocês, de Frei Diego, continuem sempre abertos, apoiando e fazendo crescer este Santuário”, pediu.

Frei Roberto Ishara disse que teve a graça, junto com Frei Medella, de fazer parte da turma de Frei Diego. Frei Ishara, bem ao seu estilo, brincou e partilhou a vida fraterna. “Eu tive a graça  de ficar no mesmo quarto de Frei Diego, e vi a sua primeira grande virtude: ele não ronca alto. Com a graça de Deus. Agradeço por tudo Frei Diego. O Frei Diego tem uma extrema capacidade administrativa, empreendedora, que a gente testemunha aqui nas melhorias do Santuário. Impressionante, a força e a coragem que ele tem e a sensibilidade com os mais pobres, necessitados, excluídos. Ele é um sacerdote completo com a graça de Deus”, disse Frei Ishara.

Por último, deu um testemunho: “Ano passado eu peguei Covid e fiquei em isolamento muito bem cuidado pelos nossos freis lá do Seminário Frei Galvão. E eu, como bom descendente japonês, adoro um pastel de feira. Todo domingo, depois da Missa das 6, vou comprar pasteis para o nosso café da manhã. E num domingo de missas e cheio de confissões no Santuário, Frei Diego foi na feira, comprou um pastel de carne e outro de queijo e foi até o Seminário para levar os pasteis e voltou para celebrar as missas. Esse é o nosso querido Frei Diego!”.

Pela comunidade, D. Alice disse que falava em nome dos coordenadores Ana e do Ronar, pois não puderam estar presentes. “E nós queríamos também te pedir um favor. Que o sr. sempre vá à frente para nos conduzir, que o sr. fique no meio para nos orientar, que o sr. fique atrás para que nenhuma ovelha se perca. Isso nós te pedimos de coração. Pedimos a Deus que te abençoe hoje e sempre. O nosso carinho é muito grande por todos vocês, frades, que moram no nosso coração. E quando tiver pesada a cruz, peça ajuda aos seus irmãos”, disse, entregando uma cesta de presente a Frei Diego.

“Eu fico com o coração repleto – vocês sabem que eu sou ‘manteiga’, não é? – de alegria e de emoção. Em primeiro lugar porque é Deus quem conduz a gente. Quando senti a estola pesando, quando senti o peso também, senti muito mais forte a mão de Deus me conduzindo. Até hoje sinto um frio na barriga, me sinto tão pequeno, tão indigno diante desse ministério, diante dessa vocação para qual Deus me chamou. E essa certeza de que não é uma escolha minha, mas é um chamado de Deus, é o que me sustenta a cada dia”, revelou o celebrante.

“Agradeço de coração a Dom Orlando por esta concelebração, por seu testemunho também de sacerdote. O seu testemunho profético ilumina muito o meu, o nosso sacerdócio. Agradeço ao Frei Gustavo por essas palavras dirigidas a nós, que trazem tanto carinho. Frei Gustavo hoje é uma autoridade na nossa Província, mas é uma autoridade no meu coração adquirida não por uma função ou ofício que desempenha, mas pela amizade (emociona-se) e, principalmente, pela presença nos momentos difíceis. Obrigado, Frei Gustavo, pela sua vida, pela sua amizade. Aos meus confrades de Fraternidade. Frei Leandro, que anteontem, celebrou 3 anos de padre, também a ele uma salva de palmas, Frei Roberto, Frei Vinicius que está conosco neste mês. Que possamos celebrar muitos anos conjuntamente esse dom, essa vocação. Obrigado por vocês me ensinarem que ser padre se dá no dia a dia de uma casa, de uma fraternidade, na simplicidade da vida”, agradeceu.

“Aos demais confrades, ao Pe. Odaguiri, que celebrou conosco, muito obrigado pela presença de vocês. Essa fraternidade nos sustenta também. E meu querido povo de Guaratinguetá, as nossas irmãs franciscanas que acompanharam boa parte desta caminhada, aos nossos irmãos da OFS – o Cláudio e a esposa que vieram do Rio de Janeiro -, muito obrigado a cada um de vocês, aos nossos benfeitores, aos colaboradores, ao nosso Conselho aqui do Santuário que é uma força tão grande. Eu aprendi que o padre existe para o povo, ainda mais um padre franciscano. Um frei que é padre, sem o povo, não é completo. Então, foi e é no dia a dia, na luta pastoral, no contato, vendo vocês exercerem um sacerdócio através do batismo de vocês, da dedicação e da fidelidade, que eu me sinto também desafiado e comprometido a ser fiel a esta vocação. Então, muito, muito obrigado a todo o povo do Santuário que hoje aqui está e faz parte da caminhada. Que Frei Galvão, um grande sacerdote, nos ensine a entregar a nossa vida a Jesus!”, concluiu.


Comunicação da Província da Imaculada Conceição