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Frei Diego Melo vai ser ordenado presbítero neste sábado

06/02/2012

Entrevistas

Filho de Roselei Maria e Alfredo Adenir Melo, Frei Diego nasceu no dia 26 de agosto de 1983 em Lages, Santa Catarina. É nesta cidade que será ordenado presbítero no dia 11 de fevereiro às 17 horas, pelas mãos do bispo franciscano Dom Irineu Andreassa. Sua ordenação será no Ginásio de Esportes do Colégio Santa Rosa de Lages. A primeira etapa na formação religiosa franciscana de Frei Diego foi o Aspirantado de Ituporanga, em 2002. No ano seguinte, foi para o Postulantado e recebeu o hábito franciscano em 2004, na cidade de Rodeio. Concluiu o Curso de Filosofia (Curitiba) no ano de 2007 e, em 2011, terminou o Curso de Teologia no Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis (RJ). Professou solenemente na Ordem Franciscana no dia 5 de novembro de 2009 e foi ordenado diácono no dia 4 de dezembro de 2010. Nesta entrevista, Frei Diego fala como se deu o seu discernimento vocacional e a opção pela vida religiosa franciscana. Para ele,  ser franciscano “é uma proposta para quem de fato é corajoso, para quem não é medíocre e aceita viver um grande desafio a cada dia”. 
Acompanhe!

Site Franciscanos – Como se deu o seu discernimento vocacional?
Frei Diego – Desde pequeno sempre gostei muito de participar da Igreja, dos grupos de família e da oração do Terço que era rezada pela Legião de Maria todas as tardes na minha comunidade. Também gostava de visitar um jovem que tinha deficiência física e mental e que morava próximo à minha casa. Certo dia, ao visitá-lo e ao aproximar-me dele, ganhei um abraço seu, o que não era tão comum, tendo em vista que ele era sempre muito agitado. Chegando em casa, contei para minha mãe e ela, então, disse-me que era para eu nunca esquecer daquele gesto, pois na verdade era o próprio Jesus que estava me abraçando. Nunca mais me esqueci daquele momento. Hoje, ao olhar para a minha própria história, percebo o quanto Deus foi falando comigo por meio de pessoas e acontecimentos concretos. Portanto, posso dizer que foi nos gestos mais simples e na concretude da vida com suas dificuldades e sofrimentos que fui descobrindo a voz de Deus a me chamar.

Site Franciscanos – Quando resolveu optar pela vida religiosa franciscana?
Frei Diego – Quando tinha cerca de 16/17 anos, trabalhava em uma empresa durante o dia e cursava o Ensino Médio à noite. Aos finais de semana, participava de um grupo de jovens que ajudava na liturgia do Convento Franciscano São José, na minha cidade natal, Lages-SC. Diante de tantas possibilidades que começavam a se descortinar diante de mim, sentia que buscava algo mais radical para a minha vida, embora não soubesse exatamente o que poderia ser. Com o passar do tempo e com a proximidade com os frades, principalmente com o belo testemunho de simplicidade do meu primeiro orientador vocacional, Frei Bruno Kroeling (falecido em 2001), fui descobrindo que a Vida Franciscana poderia saciar essa minha sede de radicalidade. Com a ajuda e o exemplo dos frades, fui conhecendo a São Francisco e descobrindo a grandeza de sua proposta. Posso dizer que no caminho proposto por Francisco de Assis se encontrava e se encontra todo o meu desejo e projeto de vida. Apaixonei-me profundamente pela sua vida e também quis segui-lo. Era tudo o que eu buscava. Sentia que, de fato, ali poderia encontrar a resposta para a mi-nha vida. Foi quando, depois de um período de discernimento vocacional e, com 18 anos completos, tomei coragem e deixei o meu emprego e o lar da minha família que tanto amo para ingressar numa outra grande família que me acolheu de braços abertos, que é a Ordem dos Frades Menores.

Site Franciscanos – Qual o significado desta ordenação presbiteral para você?
Frei Diego – Trata-se de mais um passo na realização de um sonho que, de certa forma, já está sendo realizado desde o momento em que optei por ser religioso franciscano. Para mim, ser sacerdote é estar a serviço do povo de Deus, participando das suas alegrias e dores, sendo presença do Cristo amigo e solidário, fazendo-se alimento eucarístico sobre o altar e curando as feridas dos chagados de nossa sociedade. É ter a consciência de que, se aqui estou, é porque Jesus conta comigo para a realização da sua missão. Por isso escolhi como lema Jo 15,16: “Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos esco-lhi”, justamente porque acredito que a vocação não é mérito meu, mas é graça e bondade de Deus. Portanto, sinto-me agradecido a Deus por, apesar de todas as fragilidades, ter confiado a mim essa tão bela missão de ser um sacerdote franciscano.

ATIVIDADES PASTORAIS
2005 – Pastoral Vocacional em Rondinha (Campo Largo – PR)
Estágio no Hospital de Hansenianos São Roque (Piraquara – PR)
Estágio no SEFRAS (São Paulo – SP)
2006 – Pastoral na Comunidade Nossa Sra. das Graças (Campo Largo – PR)
Estágio na Fraternidade Nossa Sra. Aparecida (Lages – SC)
Estágio na Fraternidade São Boaventura (Campo Largo – PR)
2007 – Pastoral no Hospital Pequeno Cotolengo (Curitiba – PR)
Estágio no Seminário Santo Antônio (Agudos – SP)
Estágio no Convento São Francisco (São Paulo – SP)
2008 e 2009 – Pastoral na Comunidade Santa Edwiges (Petrópolis – RJ) e Animação vocacional local
2008 – Estágio na Fraternidade Nossa Sra. da Boa Viagem, na Rocinha (Rio de Janeiro – RJ)
Estágio no Postulantado Frei Galvão (Guaratinguetá – SP)
2009 – Retiro em preparação para a Profissão Solene
Estágio e estudos na Itália
2010 e 2011 – Paróquia Nossa Senhora Aparecida (Nilópolis – RJ) e Animador vocacional local e Regional (Serra e Baixada)
2010 – Estágio no Serviço de Animação Vocacional Provincial
Estágio na Paróquia Nossa Senhora Aparecida (Nilópolis – RJ)
2011 – Estágio no Convento do Sagrado Coração de Jesus (Petrópolis)

Site Franciscanos – O que leva um jovem a se encantar pela vida religiosa e sacerdotal no mundo de hoje?
Frei Diego – Creio que somente um profundo amor a Deus e aos homens é capaz de levar um jovem a abraçar a vida religiosa e sacerdotal. Se não se tem essa motivação de querer doar-se inteiramente pelo Reino de Deus, certamente haverá outros apelos que serão mais sedutores. Trata-se do desejo de se fazer irmão de todos, doar-se sem medidas, ter como família o povo de Deus, como casa e claustro o próprio mundo, ser livre e buscar a cada dia tornar-se reflexo de Deus para os homens e mulheres dos dias de hoje. Enfim, é o desejo de conformar a vida à vida de Jesus, que é pobre, humilde e crucificado. Se não for movido por um profundo amor a Jesus Cristo, nada nessa vida tem sentido.

Site Franciscanos – O que esperar de um jovem sacerdote no nosso mundo atual?
Frei Diego – Imagino que deve-se esperar que ele tenha consciência da grandeza da sua missão, mas que também não se esqueça que é a graça de Deus que o fará seguir em frente. Espera-se dele uma resposta vocacional que seja reiterada por uma vida entusiasmada, aberta a descobrir novos caminhos de evangelização e também coerente com aquilo que acredita e anuncia. Espera-se que seja alguém que saiba dialogar com as tantas diferenças que compõem o nosso mundo, que não se deixe envolver pelo comodismo ou pelas suas seguranças e que aprenda sempre com aqueles que são os nossos mestres, os mais pobres e simples. Alguém que tenha a humildade de aprender a descobrir as sementes do Verbo que estão presentes em tantas realidades de nosso mundo, tanto na Igreja quanto fora dela. Enfim, um jovem que coloque todas as suas energias a serviço dessa grande proposta de Jesus e que nunca se esqueça de ser uma pessoa simples, de oração e a serviço do povo de Deus.

Site Franciscanos – O que você diria a um jovem sobre a vida religiosa franciscana e sacerdotal?

Frei Diego – Diria que a vida é um presente de Deus e que, sendo única, deve ser aproveitada e vivida com intensidade a cada momento. Diria que a vida religiosa franciscana é uma maneira, entre tantas outras, de viver radicalmente a cada momento a nossa vida. Ser franciscano é uma opção de vida encantadora. É uma proposta para quem de fato é corajoso, para quem não é medíocre e aceita viver um grande desafio a cada dia. É um ideal a ser perseguido e construído, mas é também uma realidade que já pode ser experimentada no concreto do dia-a-dia. Enfim, é uma proposta que dá sentido à minha existência e que, certamente, também pode ser um sentido de vida para tantos outros jovens que ainda buscam descobrir a melhor forma de viver intensamente as suas próprias vidas.