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Frei César: “O critério para encontrar Jesus vivo e ressuscitado é o amor”

04/04/2021

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O Ministro Provincial da Província da Imaculada Conceição, Frei César Külkamp, e toda a Fraternidade da Sede Provincial, em São Paulo, celebraram a Missa da Páscoa do Senhor às 10 horas deste domingo (4/4), com transmissão pelas redes sociais da Paróquia São Francisco de Assis, na Vila Clementino. Foram concelebrantes o pároco Frei Valdecir Schwambach, Frei Raimundo de Oliveira Castro, Frei Carlos Nunes Corrêa e Frei Robson Luiz Scudela.

Frei César saudou a todos com “Paz e Bem” e desejou Feliz Páscoa. “Sim, hoje, é Páscoa e Páscoa é todo dia, como nós cantamos, pois a Páscoa é tão importante que ela ecoa não somente hoje, mas em cinquenta dias na liturgia. E é Santo Atanásio que nos afirma: ‘Os 50 dias, entre o domingo da Ressurreição e o domingo de Pentecostes, sejam celebrados com alegria e exultação, como se fossem um só dia de festa. Ou melhor, como um grande domingo'”, citou o Ministro Provincial.

Segundo, podemos dizer “não apenas nesses 50 dias, mas em todos os domingos”, pois cada domingo é celebração da Páscoa da Ressurreição do Senhor. “E podemos dizer em todos os dias da vida da Igreja e da nossa vida. Todas as demais celebrações, os sacramentos, as celebrações dos mistérios da vida de Jesus, eles estão fundados na sua ressurreição. Todos os acontecimentos da nossa vida, os sofrimentos, as dificuldades, recebem um sentido novo a partir da Páscoa de Jesus, que é também nossa Páscoa”, ressaltou Frei César.

Somos chamados ao amor

Referindo-se ao Evangelho e à passagem de São João, Frei César descreveu o cenário de silêncio, escuridão, e de uma mulher, Maria Madalena, que se esgueira pelos caminhos para ir ao encontro do túmulo, onde puseram o seu amado. Mas ela o encontra vazio. A partir desse momento, segundo Frei César, o Evangelho provoca uma explosão de movimentos: Ela saiu correndo pelas vias principais, os discípulos também correm e de pressa, nos diz o texto, o mundo silencioso e escuro, desperta. Dois discípulos chegam ao túmulo: um o vê vazio, mas o discípulo chamado “o Amado”, percebe a vitória da vida. Viu e acreditou. “O Evangelho indica, então, que o critério para encontrar Jesus vivo e ressuscitado é o amor. É o que se dá com Maria Madalena, é o que se dá com esse discípulo amado. E nesse discípulo que não aparece o nome em várias partes da narrativa de São João, a gente pode identificar o próprio apóstolo João. Mas ao escrever o Evangelho, ele nos faz uma catequese e nos leva a incluir nesse discípulo amado a pessoa de cada ouvinte do Evangelho, de cada cristão, o nosso nome. Somos chamados também ao amor para que possamos ver e acreditar”, explicou o Ministro Provincial.

Segundo o celebrante, depois dessa descoberta de que o Senhor está vivo, os discípulos já não são mais os mesmos. “Esses encontros com Jesus, que vão se dando na sequência do Evangelho, cheios de vida, depois daquela dolorosa e sofrida execução, transformou-os totalmente. Eles O veem de uma maneira totalmente nova. Com sua morte e ressurreição, Jesus dá a revelação da face do Pai, aquilo que anunciou durante toda a sua vida, mas como uma experiência concreta. Ele é o Deus da vida. O Deus que ressuscitou. E agora não resta dúvida para aquilo que ele tinha dito: Deus não é um Deus dos mortos mas do vivos. Agora, ele o comprovou”, enfatizou.

“Os humanos poderão destruir a vida de mil maneiras, mas se Deus ressuscitou Jesus, isto significa que ele quer a vida também para os seus filhos. Não estamos mais sós, nem perdidos diante da morte. Se Deus ressuscitou Jesus, isso significa, ali para os seus apóstolos, que a última palavra não é para do imperador Tibério, nem de Pilatos, o governador; a última decisão não é de nem de Caifás, nem de Anás. Deus tem a palavra final e definitiva. Ele reagiu diante da injustiça dos que crucificaram Jesus e ele quer introduzir justiça diante de tanto abuso e crueldade que se comete no mundo. Deus não está do lado dos que crucificaram, mas dos crucificados”, acrescentou Frei César.

“Deus esmagou a injustiça e todo mal”.

Frei César disse, então, que para imitá-Lo devemos estar com os que sofrem. “Esta é a resposta da nossa fé e da nossa esperança. Para os cristãos, os sinais de morte não prevalecem mais. Deus esmagou a injustiça e todo mal. E o cristão, ele não é mais derrotado pelo desânimo, pelo medo, pelo conformismo. Antes, ele precisa se colocar em movimento, correr como aqueles apóstolos aos seus irmãos, para dizer que Cristo vive e que ele nos convida a ressuscitarmos com Ele para uma vida nova”, mencionou.

Para Frei César, é o que os discípulos fazem no Livro dos Apóstolos, quando estavam amedrontados e escondidos, vão para as praças e falam movidos pela coragem e dão testemunho de Cristo. “Eles O mataram pregando numa cruz, mas Deus O ressuscitou e nós somos testemunhas de tudo o que Jesus fez. E Jesus mandou pregar ao povo e testemunhar. É a partir dessa fé e desse testemunho que nasce essa Igreja”, recordou

Na Carta aos Colossenses, lembra o Ministro Provincial, São Paulo fala justamente dessa missão da Igreja que nasce do Ressuscitado. “Ela não é uma comunidade de pessoas olhando para o chão do aqui e agora. Ela contempla o alto, onde está Cristo vivo. É para lá que ela caminha. Não vive mais apegada ao que esta terra pode oferecer. Não se apega às glórias passageiras, ao poder e ao dinheiro. Quer as coisas celestes, que é o caminho apontado por Jesus. E aqui estamos nós, irmãos e irmãs, recebendo do próprio Cristo, que caminha com a sua própria Igreja. Antes da ressurreição, as pessoas viviam amedrontadas pela morte e até hoje a morte é o maior inimigo da humanidade. Ela significa o fim, a perda das pessoas e de tudo aquilo que se conquista. Assim, a vida não faz sentido ou é preciso viver todas as possibilidades enquanto aqui estamos. E isso, sim, é uma vida sem esperança”, ensinou.

“Assim, irmãos, celebrar a Páscoa é despertar para uma vida de ressuscitados. Não precisamos mais ser vencidos pela angústia e pelo medo da morte. Existe muito mais além dela. Podemos viver com confiança, sem tristeza diante do envelhecimento, sem pessimismo diante de uma doença, sem desespero diante da perda de um ente querido, sem nos agarrarmos ao consumismo egoísta e a todas as formas vazias de destruição. Isso significa viver segundo o espírito de Jesus. Ele passou pela vida fazendo o bem. Também nós passamos pela vida. Fazer o bem é o que dá sentido a essa passagem”, exortou Frei César.

O vírus do desânimo e do individualismo

Segundo o celebrante, durante a Quaresma foram feitos exercícios de conversão para sermos humanos e cristãos melhores. E lembrou, Frei César, que a Campanha da Fraternidade, que ainda continua neste ano, ensina a buscar o diálogo contra os sinais de intolerância com o diferente e com o excluído. “E foi o que fez Jesus. Ele não viu fronteiras na religião, na classe social, nem mesmo no pecado. Ser discípulo hoje significa vencer os sinais de morte, da falta de sensibilidade com o sofrimento dos outros, significa quebrar as correntes da injustiça e da exploração dos mais fracos, como Cristo mesmo fez e continua fazendo através de cada um de nós. Podemos ser esses instrumentos quando nós não nos entregamos ao mal e ao ódio que divide e quando nos fazemos próximos das pessoas levando esperança, principalmente aos cansados, aos doentes, aos incapacitados para viver e para se defender”, animou.

“Nesse tempo de prolongada pandemia e isolamento social, podemos ser contaminados não apenas por um vírus, mas pelo desânimo e pelo individualismo. O Papa Francisco nos diz: ‘Cada dia, no mundo, renasce a beleza, que ressuscita transformada através dos dramas da história. Na realidade o ser humano renasceu muitas vezes de situações que pareciam irreversíveis. Esta é a força da ressurreição, e cada evangelizador é um instrumento deste dinamismo’. Aí está o nosso compromisso e, graças a Deus, vemos muitos gestos bonitos e generosos de atenção, de cuidado, de solidariedade aos que mais sofrem. São sinais da Páscoa. A alegria pascal do cristão está em crer na vida nova, que é a vida eterna, aquela que começa já desde agora. O sofrimento dessa pandemia vai passar e todos os outros da nossa vida também, porque o Senhor ressuscitado não nos abandona, caminha conosco. É Páscoa! A morte foi vencida pela cruz e ressurreição do Senhor, que é o Senhor da vida. Feliz Páscoa. Paz e bem!”, concluiu Frei César.