Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Frei André celebra Primeira Missa em Nilópolis

29/04/2013

Notícias

Por Cláudio Santos, OFS, especial para este site

Nilópolis (RJ) – Mais uma vez os fiéis lotaram a Paróquia Nossa Senhora Aparecida para celebrar as primícias do mais novo presbítero da Província da Imaculada Conceição: Frei André Luiz da Rocha Henriques. Ele foi ordenado no sábado pelo bispo da Diocese de Nova Iguaçu (RJ), Dom Luciano Bergamin, CRL, na Igreja Nossa Senhora Aparecida, em Nilópolis (RJ), e ontem (28) celebrou a sua primeira missa.

A celebração foi concelebrada pelo Definidor da Província, Frei Evaristo Spengler, representando o Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, e pelo pároco da Matriz Nossa Senhora Aparecida, Frei Walter Ferreira Júnior e pelos confrades presbíteros que vieram prestigiar a celebração. Os pais, Luiz Firmino e Conceição Aparecida da Rocha Henriques e a irmã Flávia Marcela da Rocha Henriques vieram de Cândido Mota (SP), especialmente para participar da ordenação e da celebração da Primeira Missa como presbítero.

Como de costume nas primícias, o neo-sacerdote costuma chamar alguém para fazer o sermão. Frei André escolheu Frei César Külkamp, seu formador, para fazer a homilia, no qual Frei César fez uma reflexão sobre o sentido bíblico das primícias como oferta da própria vida e vocação a Deus, destacando o amadurecimento vocacional de Frei André e sua fraterna convivência nos anos de formação como formador e confrade (

Ao longo de toda celebração a assembleia acompanhava atentamente e com muita atenção cada passo da celebração até que chegou o ápice da celebração eucarística, momento em que o pão e o vinho se transformaram no corpo e sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. No final da celebração, Frei André apresentou as crianças que estavam no templo, dedicando-as a Nossa Senhora Aparecida e saudou os aniversariantes do mês com o tradicional canto de parabéns.

O novo presbítero abençoou os fiéis e foi receber os cumprimentos e homenagens singelas do povo de Deus que, mais uma vez, fez questão de celebrar essa nova etapa de sua vocação cristã de serviço a Deus, a Igreja e ao Povo de Deus.

Frei André reside atualmente na Fraternidade de Nossa Senhora Aparecida, local que escolheu para a sua ordenação presbiteral.


Homilia de Frei César Külkamp

A todos os irmãos e irmãs aqui presentes, a nossa saudação franciscana: Paz e Bem!

Com muita alegria estamos participando hoje da primeira missa de frei André.

Dia de alegria para toda a Igreja, para a Paróquia Nossa Senhora Aparecida, aqui em Nilópolis, com suas comunidades, para a Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, de Petrópolis e para a Paróquia Santa Clara, de Imbariê, lugares onde Frei André viveu e desempenhou suas atividades pastorais nos últimos anos.

Dia de alegria para a Ordem franciscana e a Província da Imaculada Conceição do Brasil, pois mais um de seus irmãos assume este ministério, este serviço ao povo de Deus em cada lugar onde a Ordem é chamada a estar.

Alegria para a família de Luiz Firmino e Conceição Aparecida, seus filhos Flávia e Clóvis, e todos os seus parentes, que vêm de Cândido Mota e outros lugares; alegria pelo sim a Deus do vosso filho, pois é no seio da família que o chamado de Deus se realiza.

Frei André, este dia é de alegria porque você oferece a Deus as suas primícias!

No Antigo Testamento esta palavra “primícias” era usada para descrever os primeiros frutos do campo ou dos rebanhos, que eram oferecidos em gratidão a Deus (Dt 18,4;26,2; Ne 10,35-37;Num28,26). As primícias, portanto, representavam o início da colheita. Apresentavam-se comidas especiais ao Senhor no tabernáculo, significando com isso que o pão de cada dia era dado pela graça e benevolência do Senhor (Lv 23,15-20). Esta festa das primícias passou a ser celebrada no dia de Pentecostes, primeiramente memória da entrega da Lei no Monte Sinai. Por isso, São Paulo chamou o Espírito Santo de “primícias” (Rm 8,23). Nesse caso, é Deus e não o adorador quem dá as primícias (2Cor 5,5). E elas marcam a presença bendita do Espírito Santo na Igreja.

Mas, desde o Antigo Testamento, os primeiros frutos apontam para uma colheita muito maior que há de vir.

Por isso, Frei André, sua colheita de frutos para Deus e da benevolência de Deus para os homens está apenas começando.

PALAVRA DE DEUS E O LEMA

Neste quinto domingo da Páscoa, o Senhor nos fala através da sua Palavra, que contém em si a força e a orientação de que precisamos para bem conduzir nossa vida cristã e, portanto, também este ministério do qual você foi instituído.

O Evangelho de João revive o contexto da Quinta-feira Santa, onde Jesus transmite aos seus mais próximos, os apóstolos, o seu testamento, o núcleo central da sua mensagem, que consiste no amor: “Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros”.

Ele fala deste como sendo um mandamento “novo”.  E a novidades está justamente na medida que Ele nos propõe para amar. Não a que costumamos usar, a de amar quem nos ama. Ou então amar quem tem sucesso, quem é simpático, rico, inteligente, bom. Assim, amamos quem julgamos merecer este amor. É completamente diferente o amor que Jesus nos ensina com palavras e com sua vida: Ele amou os pobres, os doentes, os marginalizados, os malvados, os ladrões e os seus próprios algozes.

E fez isso porque só o amor poderia conseguir que superassem a própria condição de miséria e de pecado. E assim, buscou superar os velhos esquemas de sociedade, baseados na competição, no merecimento, no domínio, no poder. Quis construir a nova comunidade, a comunidade cristã, guiada pela lógica do amor e do serviço em favor dos humildes, em favor dos que estão na marginalidade da vida.

E Jesus diz mais, que “nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros”. Assim, nossas comunidades não serão cristãs apenas se praticarem boas obras, mas sim se as suas obras forem um verdadeiro testemunho de que a comunidade é vivificada pelo Espírito do Cristo. Neste sentido, os cristãos não são pessoas diferentes das outras, não vivem fora do mundo. O que caracteriza o cristão é a lógica do amor gratuito, que é o amor de Cristo, o amor de Deus.

E isso não como uma tarefa simples e fácil. Na leitura dos Atos dos Apóstolos de hoje, Paulo e Barnabé exortavam os primeiros cristãos a permanecerem firmes na fé, pois “é preciso que passemos por muitos sofrimentos para entrar no reino de Deus”. E nesta realidade de sofrimentos “designaram presbíteros para cada comunidade”.

Assim, nasce a Igreja, com seus ministérios/serviços; Igreja que a leitura do livro do Apocalipse de hoje chama de “novo céu e nova terra, a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, de junto de Deus”. A Igreja vista assim torna-se “a morada de Deus entre os homens. Eles serão o seu povo, e o próprio Deus estará com eles.” Esta é a Igreja que proclama que, apesar dos sofrimentos que enfrentamos no nosso dia-a-dia, “Deus enxugará toda lágrima dos olhos. Não haverá mais luto, nem choro, nem dor…” porque é o próprio Cristo quem anuncia: “Eis que faço novas todas as coisas”.

Frei André, nesta palavra você já tem um programa de vida para o seu ministério. Um programa muito simples, mas também desafiante. Você não precisa fazer muitas coisas e não precisa se diferenciar das pessoas. Você deve sim, como cristão e ministro ordenado, buscar a centralidade de Cristo em sua vida para que ele mesmo te conduza ao amor generoso que Ele e o Pai têm para com a humanidade.

E o seu lema fala justamente disso. Do mesmo Evangelho de São João: “É preciso que Ele cresça e eu diminua” (Jo 3,30).

A tentação que temos hoje é a de falar ou anunciar a nós mesmos. E esta é uma cilada que trai o Evangelho e o próprio ministério. Você mesmo me disse uma vez que, à medida que cresce o nosso Ego diminui o amor de Cristo. E à medida que o nosso Ego diminui cresce o amor de Jesus Cristo. E, só assim, será possível que o Amor d’Ele ame através de nós.

E na sua recente entrevista ao site da nossa Província você disse que sabe que só será um bom presbítero se Cristo for tudo em você. E você afirmou aí também que não acredita e não quer um anúncio que não parta desta busca autêntica de vida. Todas as estratégias de evangelização serão ineficazes se não comunicarem um coração inflamado pelo amor de Deus. “Se se deseja alcançar o coração dos jovens (ou dos cristãos), é preciso primeiro falar ao coração de Deus e deixá-lo falar ao próprio coração”.

Frei André, este seu propósito parte do coração do próprio Evangelho, da sua essência. Diante disso, só posso lhe dizer que ele é grandioso e você é muito corajoso por escolhê-lo para a sua vida!

 A PESSOA DO FREI ANDRÉ

Quando você me fez o convite para falar neste dia, lembrou que eu fui o formador que por mais tempo acompanhou sua caminhada. Desde seu acompanhamento vocacional, em 2001 e 2002, em Agudos, e, a partir do Postulantado, em 2004, até o término dos estudos de Teologia, no fim do ano passado, quase sempre moramos na mesma casa. Mas, hoje me dirijo a você, Frei André, como confrade na Ordem dos Frades Menores e irmão na ordem dos presbíteros que, desde ontem, você começou a fazer parte.

Eu tive esta graça de participar de sua vida e de ver de perto seu crescimento para que você conseguisse chegar aqui hoje e daqui possa partir com entusiasmo para a missão que Deus lhe destinar.

Como o lema que você escolheu já nos lembra de que a é preciso que a nossa pessoa diminua e cresça a presença de Cristo em nós, não cabe aqui trazer muitas histórias e depoimentos sobre você.

Mas, muitas pessoas afirmaram ver em você um homem de Deus e, assim, uma luz no caminho delas. Essa apreciação positiva, mais do que motivo de orgulho, é um desafio para você. Ela nos remete a uma passagem na vida de nosso pai, São Francisco de Assis, já fraco e doente, mas vigoroso na vivência do Evangelho. Ele passava por um terreno onde trabalhava um camponês muito simples e franco que correu ao encontro dele e lhe perguntou se ele era mesmo o Frei Francisco. Ao ouvir a resposta afirmativa ele fala assim ao santo: “Trata de ser tão bom como todos dizem, porque são muitos os que confiam em ti. Por isso te aconselho a não seres diferente daquilo que esperam de ti” (2Cel 142). Francisco imediatamente se joga ao chão e beija os pés daquele camponês, por lhe ter admoestado desta forma em vez de bajulá-lo como santo.

Frei André, devemos honrar a confiança que o povo deposita em nós com o testemunho coerente da nossa vida.

EUCARISTIA – CENTRO DA VIDA CRISTÃ

Caro confrade, hoje você chegou aqui e está presidindo a eucaristia, a fonte de toda a vida cristã (SC 10). Fonte porque ponto de partida de todo nosso agir enquanto homens de fé e lugar para onde devemos retornar para rendermos graças a Deus por todo bem que Ele nos fez (Sl 118) e continua a fazer em nossas vidas.

O sacramento da ordem é uma eucaristia feita com a vida do presbítero, em se transformando ele mesmo em hóstia viva. São Francisco fala aos seus irmãos sacerdotes, na Carta a Toda a Ordem: “Peço ainda no Senhor a todos os meus irmãos sacerdotes, os que são, vierem a ser ou desejarem ser sacerdotes do Altíssimo,[por isso hoje fala também você, Frei André] que, ao celebrar a missa, ofereçam o verdadeiro sacrifício do santíssimo corpo e sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, com disposição sincera, com reverência e com santa e pura intenção. […] seja todo o vosso querer ordenado para Deus… Considerai a vossa dignidade irmãos sacerdotes e sede santos porque Ele é santo… vós, mais que todos, amai-o, reverenciai-o, honrai-o… Portanto, nada de vós retenhais para vós mesmos, para que totalmente vos receba quem totalmente se vos dá!” (14-29).

Na Eucaristia, o sacerdote faz a oferta de si mesmo à comunidade, aos pobres, aos doentes, aos sofredores, aos machucados e aos marginalizados. Por isso a eucaristia é o centro de nossa vida cristã e, deve ser também, o centro e o coração da vida de todo presbítero, fonte de fé, fonte de vida, fonte de espiritualidade, fonte de reconciliação, fonte do encontro pessoal e fraterno com o sentido de todas as vocações: o Cristo vivo e ressuscitado.

SACERDÓCIO DE “MENORES”

Frei André, você mesmo escreveu nas suas motivações pessoais para receber os ministérios ordenados que gostaria de consagrar todas as suas energias para a evangelização, em comunhão com seus confrades e se dispunha a exercer o presbiterado conforme o espírito franciscano, como frade menor.

E o sacerdócio, na perspectiva franciscana, é sempre serviço. Serviço que se realiza, antes de tudo, na experiência diária de vida na Fraternidade, na comunidade eclesial, na sociedade e entre os pobres.

CONCLUSÃO

Frei André, diminuir a si para que Ele cresça é o caminho para quebrar a crosta do egoísmo ainda presente em nosso mundo e em nós mesmos.

E ser sacerdote é sobretudo abrir-se aos outros como irmão! E ser irmão é a grande contribuição do nosso carisma franciscano para o mundo de hoje.

Caros irmãos, invoquemos a intercessão da Virgem Maria, rainha da Ordem dos Frades Menores e mãe dos Sacerdotes, para obter do Senhor bênçãos abundantes para o ministério do Frei André.

Frei André, que você continue crescendo em santidade e esteja pronto para testemunhar a beleza de sua total e definitiva consagração a Cristo e à Igreja, o seu povo santo!