Franciscanos participam do “Pátio dos Encontros”
08/04/2016
Rio de Janeiro (RJ) – Entre os dias 6 e 8 de abril, a Arquidiocese do Rio de Janeiro sediou o evento “Pátio dos Encontros” também chamado de “Átrio dos Gentios”, que além de prelados, intelectuais, religiosos e de lideranças das paróquias da arquidiocese, contou com a participação de frades menores e de irmãos franciscanos seculares do Regional Sudeste 2.
Numa sociedade onde a crise ética é uma grande realidade, necessita-se perguntar pela ética e refletir sobre a relação entre ‘Ética e Transcendência’. A partir dessa temática e da indagação “De onde vem a minha Ética?”, buscou-se promover encontros entre os diversos setores e atores da sociedade carioca. A expressão, originalmente chamada de ‘Pátio dos Gentios’, remete à área do antigo Templo de Jerusalém, que podia receber quem não era judeu para falar sobre a fé.
Na abertura do encontro, o cardeal arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, lembrou que falta de ética alimenta a injustiça e que o resgate dos valores morais deve ser um esforço diário para o diálogo apesar das diferenças e chegar a conclusões para promover a cultura da paz e do encontro.
O Pátio dos Encontros é uma iniciativa do Pontifício Conselho para a Cultura do Vaticano e esta será a primeira vez que será realizado no Brasil. No Rio o evento terá desdobramentos em diferentes espaços como a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Pontifícia Universidade Católica, Museu Nacional de Belas Artes, Cristo Redentor e Teatro Municipal, sendo este último o ápice desta série de eventos com o debate “De onde vem a minha ética?, mediado pelo jornalista da Globo News, Gerson Camarotti. Além do presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, o cardeal Gianfranco Ravasi, o evento teve a presença da escritora e presidente da Academia Brasileira de Letras, Nélida Piñon, do professor e jornalista Arnaldo Niskier e do professor Muniz Sodré.
O encerramento da noite no Municipal ficou por conta da cantora Maria Bethania, de repertório sincrético, de louvores a Nossa Senhora e de canções com temas do candomblé. Na apresentação, a cantora declamou o poema ‘Menino Jesus’, heterônimo de Fernando Pessoa, e o ‘Sermão aos Peixes’ de autoria do padre Antônio Vieira, pregado no Maranhão, em 1654.
A apresentação foi uma mostra do formato do espetáculo ‘Bethânia e as palavras’, com a condução de leituras de trechos assinados por poetas, escritores e compositores que marcaram a sua trajetória. Nos textos, selecionados e nas poucas canções que irá entoar, ladeada por Luiz Brasil (violão) e Carlos Cesar (percussão), ela reafirma sua íntima relação com a palavra, pilar que fundamenta toda a sua criação e expressividade artística.
A visita do cardeal Ravasi ao Rio corresponde ao apelo do Papa Francisco sobre a cultura do encontro, que ressoou durante a Jornada Mundial da Juventude Rio2013, ao se dirigir para mais de duas mil pessoas presentes no Teatro Municipal.
“O diálogo entre as gerações, o diálogo com o povo, a capacidade de dar e receber, permanecendo abertos à verdade. Um país cresce quando dialogam de modo construtivo as suas diversas riquezas culturais: cultura popular, cultura universitária, cultura juvenil, cultura artística e tecnológica, cultura econômica e cultura familiar e cultura da mídia”, disse o Santo Padre durante o discurso.
Desde então, a Igreja Católica intensifica seus diálogos inter-religiosos, em todo lugar que se faz presente. A primeira reunião do ‘Pátio dos Encontros’ ocorreu em março de 2011, em Paris, na França, por iniciativa do então Papa Bento XVI, inspirado no seu discurso de Natal à Cúria Romana, em 2009. O encontro já se concretizou em várias cidades da Europa e da América, e agora, pela primeira vez, aconteceu no Brasil.
Cláudio Santos, OFS – especial para este site