Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

O grande encontro das Paróquias da Província

28/08/2018

Notícias

Neste ano, o Encontro Ampliado da Frente de Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento da Província Franciscana da Imaculada Conceição aconteceu simultaneamente em dois locais: no Convento São Francisco, em São Paulo, para os participantes de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo e em Rondinha, na Fraternidade São Boaventura, para os participantes de Santa Catarina e Paraná.
A divisão foi um pedido dos próprios participantes, que no ano passado reuniram-se no Seminário Santo Antônio, em Agudos (SP). Na ocasião, foi sugerido que o encontro acontecesse em locais separados para facilitar a participação de todos, levando em consideração a distância e o território provincial.
Neste ano, os participantes foram convidados a aprofundar o Documento da Ordem dos Frades Menores, “Enviados a Evangelizar em Fraternidade e Minoridade na Paróquia”. Trata-se de um subsídio para a pastoral paroquial, publicado pelo Governo Geral da Ordem dos Frades Menores em 2009. Segundo o então Ministro Geral, Frei José Rodríguez Carballo, o texto pretende oferecer uma ajuda à Fraternidade universal, sobretudo às Fraternidades presentes e operantes nas paróquias para realizarem uma forma particular de evangelização segundo os valores do carisma franciscano, em particular, os da fraternidade e da minoridade.
Tendo em vista o Capítulo Provincial que se aproxima, os participantes se reuniram em grupos para dar indicações aos frades com relação ao trabalho da Frente de Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento.

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Paróquias dão contribuição ao Capítulo Provincial

Frei Augusto Luiz Gabriel

Rondinha (PR) – Frades e leigos dos estados do Paraná e Santa Catarina se reuniram no Convento São Boaventura, em Campo Largo, para o encontro ampliado da Frente das Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento. Das questões ‘que indicações propor para a presença e atuação dos frades neste tempo de missão e como fortalecer a atuação dos leigos na evangelização da Província?” sairá um documento que será encaminhado para a Comissão Preparatória do Capítulo Provincial.

O coordenador da Frente, Frei Germano Guesser, acolheu a todos e apresentou as cinco Frentes do Plano de Evangelização da Província da Imaculada Conceição: Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento; Educação; Comunicação; Solidariedade para com os Empobrecidos e Missões, com enfoque especial para a maior de todas, que é a das Paróquias. No Ano do Laicato, o frade destacou a importância da partilha do serviço evangelizador com leigos e leigas. “Urge sermos sinais de uma reconciliação universal com todas as criaturas, ao modo de São Francisco, numa profunda conversão que é também interior”, disse. Também apresentou quais são as prioridades de evangelização da Província para o sexênio de 2016-2021.

Os párocos Frei Alex Sandro Ciarnoski, da Paróquia São Luiz Gonzaga de Xaxim (SC), e Frei José Idair Ferreira Augusto, da Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Concórdia (SC), conduziram as reflexões em torno do tema de estudo.

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Segundo Frei Alex, durante a composição do documento, a Ordem realizou um levantamento de dados na tentativa de avaliar de que maneira os frades estavam atuando e conduzindo a pastoral nas paróquias onde estavam presentes. Dois pressupostos se destacam neste documento. Primeiro, a Fraternidade: “Uma fraternidade contemplativa em missão é aquela que anuncia a Boa Nova com a vida e com a palavra”. Para Frei José Idair, vida e palavra são uma constante em todo o texto do documento, pois é próprio de São Francisco. No segundo pressuposto, o das paróquias, vê-se evangelização segundo os valores do carisma, em particular, os da fraternidade e da minoridade.

Os assessores frisaram que é próprio das fraternidades ler e interpretar os sinais dos tempos nos seus mais diversificados contextos e aceitar as orientações da Igreja local, a respeito da evangelização no contexto da pastoral paroquial. “Sem deixar de prestar atenção à ação litúrgica, à administração dos sacramentos e às práticas de devoção, devemos trabalhar para recuperar a centralidade da fé, motivando os batizados a serem agentes ativos da evangelização. Sem esquecer os cristãos empenhados na construção do Reino, devemos voltar nosso olhar, sobretudo para a multidão dos batizados não evangelizados, para as novas realidades de nosso tempo, para a imensa mobilidade das pessoas e para o extraordinário fenômeno da migração. Sem esquecer as noventa e nove ovelhas do redil, devemos sair à procura da ‘ovelha perdida, porque também ela é destinada ao Reino”, disseram os assessores citando o texto do Relatório do Capítulo da Ordem de 2006, n. 82.

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DESAFIOS DA PARÓQUIA NA IGREJA
Frei Alex falou sobre o desafio de ser paróquia na Igreja hoje, elencando uma série de itens: globalização das novas tecnologias; a urbanização; o pluralismo cultural e religioso; a imigração, a tensão entre eclesiologias, cristologias e antropologias diferentes; o crescimento dos novos movimentos eclesiais e de novas comunidades; a busca de experiências de espiritualidade; o afastamento da prática comunitária e sacramental; o fenômeno de quem volta; a pastoral ordinária de uma paróquia; a exigência de se ter uma igreja mais ministerial e a pastoral social (frágil ou ausente na pratica pastoral).

Segundo ele, os frades de formação mais antiga, os medianos e até mesmo os formandos que estão chegando agora são impactados por estes desafios. “Temos várias tensões de eclesiologia por conta das várias interpretações que fazemos sobre Jesus Cristo como também sobre o ser humano. Isso implica justamente na maneira que vamos conduzir e organizar a prática evangelizadora em nossas paróquias”, ressaltou.

Segundo Frei Delcio Francisco Lorenzetti, que reside na fraternidade de Concórdia (SC), estes desafios se manifestam de forma mais aguda quando a comunidade está reunida e celebra com um determinado modelo litúrgico. “Ela é um espelho muito claro disto que estamos falando aqui”, acrescentou.

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Irmã Marta, que trabalha no setor de catequese da Paróquia de Santo Amaro da Imperatriz (SC), destacou que é desafiador para o pároco cuidar de uma paróquia muito grande e repleta de atividades. Porém, para ela, apesar de todas as dificuldades e desafios que os trabalhos do dia a dia apresentam, ter participado do encontro foi muito bom e importante. “Esta integração que existiu aqui nos beneficiou, pois nos ajudou a ver a realidade a partir de dentro e não apenas de fora”, acentuou.

O primeiro dia de atividades e partilhas avançou nas primeiras horas da noite com muitas partilhas, apontamentos, sugestões e também elogios para o trabalho evangelizador dos frades e leigos nesta Frente.

Frei Alexandre Magno Cordeiro da Silva, coordenador da Frente das Missões e pároco da Paróquia Bom Jesus dos Perdões de Curitiba (PR), falou sobre a realidade da Frente das Missões. Segundo ele, todos os anos no mês de outubro, a Província promove a campanha missionária visando manter a missão da Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola (FIMDA), inaugurada pelos frades há quase 30 anos. Frei Alexandre apresentou também um vídeo e falou da Mostra Fotográfica sobre as Missões na sala e corredor do Convento. O material está disponível para que as Paróquias e Santuários também possam exibir durante o ano.

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SUGESTÕES PARA O CAPÍTULO PROVINCIAL
O segundo dia começou com a Celebração Eucarística, às 7h15, na capela interna onde residem os frades de Profissão Temporária e os formadores do tempo de Filosofia. Frei Germano presidiu e Frei Daniel Dellandrea, pároco da Paróquia de Santo Amaro da Imperatriz (SC) e vice coordenador da evangelização da Província, foi o concelebrante. Neste dia, a Igreja celebrou Santo Agostinho, doutor da Igreja.

Em sua homilia, Frei Germano enfatizou que atitudes falsas não são suportadas por Jesus, pois demonstram um comportamento enganador, uma imagem distante da realidade, às vezes totalmente oposta.

Segundo ele, as mentiras se tornam ainda mais graves quando envolvem religião, pois aí está em jogo a boa fé das pessoas. Por temor ou respeito a Deus, o povo simples se entrega, de modo ingênuo, aos ‘comandos’ de seus líderes. “Os doutores da Lei e fariseus se fixavam no cumprimento minucioso de suas prescrições válidas, mas secundárias, enquanto negligenciavam as mais importantes: a prática da justiça, da misericórdia e da fidelidade ao projeto de Deus. É prudente não se deixar iludir pelos falsos mestres”, ensinou o celebrante. Ainda em sua homilia, o frade fez o seguinte questionamento: Qual o perigo de colocar toda a atenção no menos importante? Será que não mascaramos as coisas tentando esconder aquilo que em que mais falhamos?”.

O encontro teve continuidade com trabalhos em grupos. Frei Daniel, organizou e dividiu os participantes em quatro grupos de leigos e em dois grupos de frades. Todos refletiram e discutiram duas questões, a saber: 1 – Que indicações propor para a presença e atuação dos frades neste tempo de missão? 2 – Como fortalecer a atuação dos leigos na evangelização da Província? Posteriormente, os questionamentos serão encaminhados para Comissão Preparatória do Capítulo Provincial, que acontecerá de 12 a 21 de novembro, em Agudos (SP).

Cada grupo elegeu um secretário e os mesmos partilharam com todos os participantes as sugestões e partilhas que surgiram nos debates realizados nos grupos. E, em um clima de alegria a fraternidade o encontro teve seu fim, com o almoço oferecido pela Fraternidade anfitriã do evento.


Frades e leigos da Frente das Paróquias reúnem-se em Encontro Ampliado

Érika Augusto

São Paulo (SP) – Na tarde de segunda-feira (27/08), os participantes deram início ao Encontro Ampliado da Frente de Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento no Convento São Francisco, em São Paulo (SP).  Frei César Külkamp, Vigário Provincial e Secretário da Evangelização, deu as boas-vindas aos participantes e conduziu a apresentação.

Neste encontro, 41 pessoas responderam positivamente ao convite feito pelo coordenador da Frente, Frei Germano Guesser. Entre os participantes, 14 frades e 27 leigos. Estiveram presentes os representantes dos seguintes locais: Santuário São Francisco, São Paulo (SP); Paróquia São Francisco – Vila Clementino, São Paulo (SP); Santuário Santo Antônio do Valongo e Paróquia Nossa Senhora da Assunção, Santos (SP); Paróquia Nossa Senhora do Amparo, São Sebastião (SP); Paróquia Bom Jesus dos Aflitos, Sorocaba (SP); Paróquia Santo Antônio, Sorocaba (SP); Seminário Franciscano Frei Galvão, Guaratinguetá (SP); Paróquia São Francisco, Duque de Caxias (RJ); Paróquia Santa Clara, Duque de Caxias (RJ); Paróquia Nossa Senhora Aparecida, Nilópolis (RJ); Paróquia Santa Clara, Petrópolis (RJ) e Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem, Rio de Janeiro (RJ). Frei Miguel Kleinhans, o Visitador Geral, participou dos dois dias de encontro.

Segundo Frei César, este encontro não acontece para que os participantes discutam temas pastorais ou do Magistério da Igreja, mas para perceber como as Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento podem assumir uma característica mais franciscana, para partilhar experiências e descobrir formas de trabalhar em conjunto.

Na parte da tarde, o Vigário Provincial apresentou brevemente o Plano de Evangelização da Província e as cinco Frentes de Evangelização: Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento; Educação; Comunicação; Solidariedade com os empobrecidos e Missões. Ele destacou que duas Frentes são transversais, pois estão presentes em certo modo em todas as outras: Solidariedade com os empobrecidos e Missões.

Usando como base as reflexões do Papa Francisco na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, Frei César falou aos presentes sobre as formas de evangelizar, explicitando a importância de ser uma Igreja em saída, como pede o Pontífice. “Ser Igreja, evangelizar, é um chamado a sair de si mesmo”, afirmou. O Vigário Provincial assinalou quer ser Igreja não é apenas administrar os sacramentos, mas ir ao encontro do próximo, sobretudo os mais necessitados. “No irmão está o prolongamento da encarnação”, salientou, citando a Exortação Apostólica.

Estudo do Documento da Ordem

Na parte da noite, Frei João Reinert, pároco da Paróquia Santa Clara, em Duque de Caxias (RJ), falou sobre o documento da Ordem dos Frades Menores, “Enviados a Evangelizar em Fraternidade e Minoridade na Paróquia”, de 2009.

O frade discorreu sobre os três capítulos do documento, que apontam a necessidade de ser uma paróquia ativa e inserida no contexto eclesial local, sem perder as características do carisma franciscano.

Frei João destacou alguns desafios apresentados no Documento, como a urbanização, globalização, pluralismo cultural e religioso e afastamento da prática religiosa, mercantilização e individualismo. Desafios que atingem a sociedade de modo geral, mas segundo o frade interferem também da relação entre o homem e Deus. Diante deste cenário, o palestrante perguntou aos presentes: “Qual contribuição do carisma franciscano para esta realidade?”.

Para Frei João Reinert, é perceptível um modo franciscano de estar nas paróquias. “O jeito franciscano de ser está muito alinhado ao Vaticano II, um novo jeito de ser e entender a Igreja. Mais do que fazer muitas coisas, na paróquia franciscana as coisas são feitas de forma colegiada, participativa, democrática. A paróquia é sentida como uma extensão da fraternidade, onde os paroquianos são nossos irmãos. A misericórdia é uma marca forte, através da acolhida, integração, escuta, diálogo”, afirmou. Para ele, é perceptível um processo de acolhida,  que é sinal da misericórdia. Ele destaca também a valorização nos canais de participação, como Conselhos Paroquiais, Assembleias e outras instâncias que promovem uma participação e decisão colegiada, ajudando a formar consciência e valorizando o discernimento.

Momento de partilha e o conselho do Visitador

Após a fala de Frei João, os participantes partilharam sobre os trabalhos realizados e as características franciscanas em cada ação. Frei Benedito Gonçalves, o Frei Dito, pároco da Paróquia Bom Jesus dos Aflitos, em Sorocaba, destacou a construção da Porciúncula no claustro do convento local como um espaço de acolhida, oração e difusão do carisma franciscano. Para ele, é necessário que as paróquias franciscanas falem mais sobre São Francisco de Assis.  “É justamente de São Francisco que brota nossa espiritualidade. Temos pouca devoção franciscana, perto de outras devoções que historicamente instituímos”, assinalou.

 

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O Visitador Geral, Frei Miguel Kleinhans, deu um conselho aos frades participantes do encontro. Ele afirmou que a gratuidade deve ser uma característica da paróquia franciscana. O frade contou que muitos frades jovens perguntam o que devem fazer para serem bem acolhidos nas paróquias. E ele aconselha: “Visite o povo, especialmente os pobres, doentes”. E acrescenta: “A gratuidade, a caridade, faz muito bem ao frade. No corpo a corpo se revela o Cristo ressuscitado”, partilhou.

O leigo Marcelo Meloni, da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, afirma que o encontro com frades e leigos é muito positivo, pois sinaliza para que as paróquias tenham cada vez mais um rosto franciscano. “Às vezes ficamos presos à nossa paróquia ou diocese e esquecemos dessa primeira vocação, que é ser franciscana”, acrescenta. O jovem, que esteve no encontro passado, em Agudos, diz que os momentos de partilha ajudam na vivência paroquial. “Os encontros proporcionam uma maior interação do que a Província pede pra nós, enquanto leigos de uma paróquia franciscana. Nós voltamos e tentamos colocar em prática as ideias que foram discutidas, de como tornar a nossa paróquia de fato um local símbolo da misericórdia, da solidariedade, para  tentar fazer com que as nossas paróquias tenham cada vez mais o rosto de São Francisco”, explica.

Frei Miguel Kleinhans, que desde fevereiro está em visita canônica na Província da Imaculada, destaca que sentiu nas Paróquias em que visitou um grande senso de pertença. “O núcleo fraterno dos frades contagia os leigos. Fraternidade forma fraternidade”, afirmou. Ele relata ainda que sente a necessidade dos jovens se inserirem na vida das comunidades. “É difícil quando as lideranças leigas se apossam dos grupos. Um membro novo não consegue entrar. As lideranças antigas têm opinião fixa e absolutizam, mas o leigo novo também tem direito a ser escutado”, ponderou.

Para ele, é importante que as paróquias valorizem a Ordem Franciscana Secular (OFS) e recuperem o sentido da minoridade. “Através do impulso dos frades, é preciso levar os leigos de encontro aos empobrecidos, aos doentes. Seria bom integrar os trabalhos das Paróquias com o Sefras, incentivando os leigos a cuidarem do aspecto solidário nas Paróquias”, sinalizou.

Tempo de partilha e indicações para o Capítulo Provincial

Na manhã de terça-feira, os participantes do encontro se dividiram em grupos, frades e leigos, para discutirem as indicações, tendo em vista o Capítulo Provincial. No momento de plenária, os secretários de cada grupo partilharam o que foi apontado, com destaque para a necessidade de dar autonomia aos leigos, promoção de uma escuta acolhedora e respeitosa, respeitando os limites individuais de cada pessoa, além da necessidade de incentivar os jovens nas comunidades. Foi apontada também a necessidade de assumir o projeto comum de cada paróquia, sem “criar moda” e a valorização dos paroquianos mais idosos, que já estão há muito tempo nas comunidades.

Da parte dos frades, é necessário desfazer uma consciência clerical e hierárquica, que ainda está muito presente nas paróquias e ganha destaque com as novas mídias. Também falou-se da necessidade de valorizar a vivência batismal de cada leigo e de fazer uma pastoral com menos “acessórios”, valorizando o que é próprio de cada local.