Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Fé que Supera Limites: Peregrinos Enchem o Santuário de Frei Galvão

26/10/2023

Notícias

A devoção a Santo Antônio de Sant’Anna Galvão cresce a cada momento e isso vem exigindo novas estruturas físicas. Um grande desafio, mas não um fator limitador.

Mesmo enfrentando a dor pulsante causada por uma artrose que afeta ambos os braços, a fé de Dona Maristela, de 65 anos, acompanhada por sua neta de apenas 14 anos, a conduziu desde Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo, ao Santuário de Frei Galvão, no dia de sua festa. Dona Maristela veio de longe para pedir a intercessão do santo pela cura e também para rezar pelos familiares. Ela se junta aos milhares de peregrinos que, a cada ano, só fazem crescer as estatísticas de visitas ao santuário.

Na celebração da tarde, às 15h30, foi preciso colocar cadeiras em ambos os lados de fora do santuário para acomodar os fiéis. O ministro provincial dos franciscanos, Frei Paulo Roberto Pereira, OFM, já reconhece a necessidade de ampliar a equipe de frades para atender à crescente demanda de fiéis. Ele destaca a intenção de trazer mais frades para o local, não apenas de forma permanente, mas também para estágios e períodos de convivência. “Isso já estamos fazendo, convidando frades para conhecer o santuário e participar do movimento. Na época de preparação da festa isso já se deu. Muitos frades, além dos quatro que moram aqui, estão vindo mais. Evidentemente que está nas nossas preocupações fortalecer a equipe que atua aqui e que atua também no nosso postulantado em Guaratinguetá, mas é necessário crescer, e crescer também a infraestrutura. A necessidade de ampliar a infraestrutura também é evidente para os moradores próximos ao santuário”.

Lucas Monteiro, gerente de um hotel em Guaratinguetá desde 2008, observa de perto o aumento contínuo do número de peregrinos que visitam o Santuário do primeiro santo brasileiro. Lucas já havia trabalhado na cidade vizinha de Aparecida no setor de hotelaria, o que o permite compreender o padrão de movimentação dos romeiros. Ele explica que, inicialmente, a grande movimentação se concentrava na Basílica de Aparecida, depois se expandiu para Cachoeira Paulista, onde está localizada a comunidade Canção Nova, e, por fim, atingiu o Santuário de Frei Galvão. Segundo Lucas, o aumento no número de peregrinos ao santuário tem sido notável desde 2017, com um crescimento anual entre 10% e 15%. “De lá pra cá tenho visto aumento entre 10 e 15% ano após ano. Essas romarias, em geral, têm um padrão de visitas criado há décadas. Cada grupo já tem o seu mês de vir a Aparecida e a cada ano eles vêm com uma diária a mais. Se antes era pra vir também para Canção Nova, agora a gente vê que a cada ano eles estão se organizando mais para passar no Santuário de Frei Galvão também”.

Frei João Francisco, o guardião do Seminário Frei Galvão, compartilha sua alegria ao ver o povo de Deus engajado nessa busca espiritual, movimentando-se em direção ao que é verdadeiro e divino. “Frei Galvão nos ensina justamente essa trajetória, nesse caminho de chegar até na simplicidade, na humildade. As pessoas querem justamente isso. Como diz o Papa Francisco, foi este modelo que Frei Galvão testemunhou. Eu penso que os frades, com esse trabalho aqui no santuário Frei Galvão têm esse compromisso e prezam por essa atividade evangelizadora”.

Essa atividade evangelizadora pretende sempre seguir os passos de Frei Galvão pelo menos pelos próximos 30 anos, a contar do dia 11 de abril de 2021, quando os frades franciscanos assumiram a coordenação do o Santuário, em Guaratinguetá. Frei João Francisco enfatiza que a oportunidade de atuar no santuário foi um presente e uma convocação que não podiam recusar. Eles se comprometem a ser uma presença acolhedora na vida daqueles que desejam vir rezar no local, seguindo o exemplo de Frei Galvão, que também acolhia as pessoas. “Nós recebemos como um presente o convite que a Arquidiocese nos fez de virmos atuar aqui no santuário de Frei Galvão. Para nós foi um presente, uma convocação daquelas que a gente não pode dizer não. E isso foi um presente. Queremos ser presença na vida do povo que quer vir rezar aqui. Então proporcionar ao povo que vem, ao encontro dos frades que acolhem aqui, assim como Frei Galvão acolheu, os frades que distribuem o perdão, como Frei Galvão distribuiu, para nós esse crescimento é dádiva, é presente e a gente vai corresponder a ele. Nós agradecemos muito nesta festa, por exemplo, aos 400 voluntários. A missão não é apenas pelos frades, é realizada pelo povo, pelos devotos de Frei Galvão que junto conosco nos ensinam, aliás, a sermos frades do povo como Frei Galvão o foi”, complementa o Frei.

No ano passado, durante a festa de Frei Galvão, a celebração contou com a colaboração de 329 voluntários, enquanto cerca de 39 mil peregrinos visitaram o santuário. Neste ano, até o momento da missa da tarde, o número já havia ultrapassado os 40.000 peregrinos. Outro projeto em andamento é a construção de um santuário mais amplo, abrangendo uma área de 52 mil m² e com capacidade para acomodar até 3 mil pessoas, além da Praça de Celebrações com capacidade para até 10 mil pessoas. Esse empreendimento, já aprovado pela prefeitura, será financiado pela Arquidiocese de Aparecida.

O ministro provincial compartilha sua visão otimista: “Evidentemente que nós sonhamos com o santuário que já está previsto, mas, infelizmente, ainda não temos os recursos necessários. No entanto, aos poucos, estamos caminhando na direção desse sonho. Se compararmos nossa situação com a do Santuário de Aparecida, que já existe há muitos anos, podemos considerar que ainda somos relativamente jovens. Quem sabe daqui a uns 300 anos, chegaremos lá”, ele acrescentou com um sorriso.

Por outro lado, Lucas acredita que o crescimento constante poderá levar a um “boom” de investimentos na rede hoteleira da cidade. Ele observa que em breve a hotelaria de Aparecida poderá enfrentar dificuldades para acomodar todos os romeiros tanto de Aparecida quanto de Frei Galvão. “Daqui a pouco a hotelaria de Aparecida não vai conseguir acolher na totalidade de romeiros de Aparecida e de Frei Galvão. Tem final de semana que a cidade está lotada e não tem mais como comportar. Tem grupos que procuram a cidade e não conseguem mais vaga. Logo terá que ter hotelaria pra atender a esse público também, talvez com o caminho inverso”.

Seja qual for o sentido do fluxo de peregrinos, todos eles levam a uma experiência magnífica com Deus. O que se percebe claramente é que o Frei Galvão há bom tempo deixou de ser somente de Guaratinguetá. “Ser conterrâneo de um santo é um privilégio e é também um desafio. Então nós precisamos valorizar isso, essa proximidade afetiva. O povo de Guaratinguetá já abraçou Frei Galvão e já abraçou este santuário e o povo de Guaratinguetá, com e esse orgulho que tem, vai se tornando cada vez mais comprometido. Então a gente deve aproveitar disso e fazer com que a partir de Guaratinguetá todo o povo brasileiro conheça o santuário de seu primeiro santo. Nós vamos envidar esforços pra que isso aconteça”, encerra o Frei e ministro Provincial, minutos antes de celebrar penúltima missa da festa.


Fonte Pedro Texeira – Jornalista
Imagem Nathan Massahiro