Moacir Beggo

A palavra esperança norteou o início do 1º Encontro Nacional de Irmãos Leigos das várias obediências franciscanas – Ordem dos Frades Menores (OFM), Ordem dos Frades Menores Capuchinhos (OFMCap), Ordem dos Frades Menores Conventuais (OFMConv) e Terceira Ordem Regular (TOR) – nesta sexta-feira, 4 de setembro, no Seminário Santo Antônio de Agudos (SP).

O momento histórico e memorável deste encontro da família franciscana trouxe a Agudos os Ministros Provinciais Frei Fidêncio Vanboemmel, da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil; o Ministro Provincial Frei Carlos Silva, da Província Imaculada Conceição dos  Frades Menores Capuchinhos de São Paulo; e Frei Liomar Pereira da Silva, o presidente da Conferência Capuchinha do Brasil. Já o novo presidente da Conferência dos Frades Menores do Brasil, Frei Breis Pereira, pediu para que Frei Fidêncio  transmitisse aos participantes do encontro, em nome da CFFB, “uma palavra de ânimo, coragem e unidade aos irmãos menores”.

Frei Fidêncio acolheu os 80 frades de 15 estados no belíssimo Seminário de Agudos e ressaltou o caráter histórico do evento no Ano da Vida Consagrada. “Frei Mauro Jhori, Ministro Geral dos Capuchinhos, dizia recentemente no Capítulo Geral da Ordem dos Frades Menores, que precisamos esquecer um pouco essas mágoas do passado e olhar com muita esperança o presente e o futuro”, recordou, referindo às divisões no passado da primeira Ordem Franciscana.

Para ele, este encontro é profético. “Nós estamos aqui reunidos para pensarmos exatamente o que foi a nossa Ordem Franciscana na sua  origem: uma família de irmãos dados pelo Senhor”, enfatizou ao dar as boas vindas.

Frei Walter de Carvalho, OFM, que integrou a Comissão Preparatória, também lembrou a integração, a amizade, a disposição dos três Ministros Gerais da Ordem Franciscana em trabalhar juntos e assumir projetos comuns. “E nós estamos aqui com esta mesma disposição e com a finalidade de ir além de nossas pequenas diferenças e nos voltarmos mais para o ideal que nos une: ser irmãos e menores”, disse Frei Walter, destacando a diversidade de rostos, culturas,  processos formativos,  áreas de trabalho, evangelização dos frades presentes neste evento. “Uma riqueza tão grande que vamos ter a chance de partilhar nesses dias”, sugeriu. “Então, sejam bem-vindos e que possamos, de fato, nesses dias nos confraternizarmos bastante e refletirmos com abertura de coração e mente para estreitar os laços de vida que nos unem”, completou.

O Provincial Frei Carlos Silva recordou que desde 1500 o carisma franciscano está em terras brasileiras. “Em 2015, pela primeira vez, estamos realizando um encontro de todas as obediências. Isso é olhar o futuro com esperança, como nos diz o nosso Papa neste Ano da Vida Religiosa”, apontou.

“Temos uma forma de vida, temos uma espiritualidade, temos um modo diferente de olhar o mundo, o humano e olhar a Deus. Essa contribuição podemos dar para a humanidade. Portanto, meus irmãos, levemos adiante com renovado ardor e empenho essa disposição de nos tornarmos cada vez mais uma só família”, disse o Provincial dos Frades Capuchinhos.

Frei Liomar, que é da Província Capuchinha da Bahia e Sergipe, frisou muito: “Antes de sermos apresentados como irmãos leigos e clérigos, vale ressaltar somos irmãos menores. Eis a nossa essência, eis o nosso DNA vocacional”.

Segundo o frade, desta consciência nasce o forte apelo para os franciscanos continuarem aquilo que nunca deixaram de ser, mesmo em meio a tantos reveses da história: “Somos franciscanos menores, somos irmãos menores, filhos menores de São Francisco de Assis”.

Para o presidente da Conferência Capuchinha, o ponto de partida, como dizia Santa Clara, é o amor que os irmana e os torna menores. “Lembro de uma passagem de Alceu Amoroso Lima, filósofo e escritor católico brasileiro, em que o mesmo fazia uma crítica a Shakespeare quando colocava na boca de Hamlet a questão ‘ser ou não ser’. Alceu dizia que esta não é a questão essencial do ser humano, porque nós já existimos. A questão essencial é exatamente esta: amar ou não amar”, enfatizou.

No centro, da esq. para a direita, Frei Liomar, Frei Fidêncio e Frei Carlos Silva dando a bênção no final da oração.

Nessa linha de pensamento, Frei Liomar disse que, graças aos irmãos leigos de ontem e hoje, que os frades clérigos são interpelados. “Meus irmãos, gravem no escaninho de vossas almas: os irmãos leigos são a memória viva e atual de nossa originalidade. Somos guardiães da nossa genuína e primeira vocação”, frisou, completando: Nossa identidade é sermos irmãos menores, nossa missão é ser no mundo o menor irmão.

O dia ainda teve um momento de oração, presidida por Frei Jaime Batista, visita ao Museu do Seminário e terminou com o convívio fraterno.

Neste sábado, dia 5,  o encontro terá a assessoria do professor do ITF, Frei Sandro Roberto da Costa (OFM), que abordará o tema “Revendo a história”. À tarde, a moderação será de Frei Mateus Bento (OFMCap-SP), com assessoria de Frei Bruno Scapolan (OFM), abordando o tema “Revendo a espiritualidade”.

MOMENTOS E ROSTOS DESTE PRIMEIRO DIA DE ENCONTRO EM AGUDOS