Falece Frei Harley Luis Siqueira Jorge
10/05/2023
*08/01/1933 +10/05/2023 (90 anos)
Frei Harley Luis Siqueira Jorge, mais conhecido como Frei Jorge da Paz, faleceu na madrugada desta quarta-feira (10/05), em São Paulo (SP). Frei Jorge esteve a serviço da Diocese de Santo Amaro pelos últimos 30 anos e vinha lutando contra um câncer e teve seu quadro agravado nos últimos dias.
O seu velório está sendo realizado no Cemitério Morumby, em São Paulo, e o sepultamento será às 16 horas.
Que nosso confrade, pela misericórdia de Deus, descanse em paz!
HISTÓRICO
Naturalidade: Campinas (SP)
Profissão Solene: 02/08/1977
Ordenação Presbiteral: 16/12/1978 (44 anos de ministério presbiteral)1979 – Fraternidade Santo Antônio (Duque de Caxias, RJ), como vigário paroquial.
O FRADE MENOR
Jorge da Paz nasceu em Campinas, no bairro Botafogo, e tinha mais um irmão e uma irmã, filhos do casal Antônio Siqueira Jorge e Zuleica Siqueira Jorge. Com a idade de quatro anos, viu de perto a separação dos pais. “Fiquei oito horas chorando, inconformado com a perda da minha família”. Jorge passou a morar com o tio porque seu pai foi parar na prisão. “Mamãe casou-se muito cedo, com 16 anos e meu pai com 21. Que maturidade tem uma mulher para uma opção com 16 anos? Então, naturalmente, de princípio o casamento deles foi falho na raiz”, disse. Segundo ele, o pai era um grande comerciante, trabalhador, mas não tinha estrutura para suportar um casamento que foi mais um contrato social do que amor, disse em entrevista ao Jornal da Cidade, de Bauru (1990).
Com 10 anos, Jorge voltou a morar com o pai (a mãe havia desaparecido). A partir daí, o garoto, já traumatizado pela falta do amor da família, conviveu com várias madrastas. Dois anos depois, apareceu uma mulher que fazia realmente o papel de mãe. Mas era tarde. Jorge já tinha entrado para o mundo das drogas. Durante o dia, Jorge trabalhava com seu pai com vendas de imóveis em São Paulo. A noite, caía na boemia. “Quando cheguei aos 21 anos comecei a sentir um vazio”.
O primeiro contato com Deus foi numa das “viagens” de Jorge com a maconha. “Toda vez que fumava vinha uma voz dizendo para largar esta vida e ser sacerdote. Eu dizia ‘olha que loucura, o que tem uma coisa a ver com outra’ , mas era Deus me procurando. Eu tinha abolido Deus da minha vida depois que saí da casa de minha tia, porque foi ela quem me deu o ensinamento religioso. Então comecei a rezar. Às vezes entrava numa igreja, sempre drogado. A É nessas idas à Igreja que pedia a Deus, se ele realmente existisse, para que se lembrasse de mim”.
Na busca para tentar resolver conflitos interiores, Jorge começou a ler a Bíblia, mas ainda se drogava. ” Todo drogado busca na droga aquela tranquilidade que ele não tem por causa de algum trauma. Quando acabava o efeito, voltava a angústia e precisava me drogar novamente”, assinalou.
A CONVERSÃO
Foi através das leituras da Bíblia que Jorge resolveu perdoar seus pais. Se ele era um pecador, também não podia culpar seus pais porque eles também tiveram problemas na infância. E foi com 28 anos que ele teve um encontro por acaso com sua mãe. A sua vida iria mudar radicalmente depois desse momento. “Eu estava num restaurante em São Paulo, quando entrou uma mulher com uma amiga, Eu estava totalmente drogado e veio um pressentimento que ela era minha mãe. Então, me levantei e perguntei se era dona Zuleica. Foi muito estranho, mas ‘ela era minha mãe de verdade. O encontro foi emocionante. E foi tudo obra de Deus, porque até então nunca havia visto a minha mãe”, acredita.
Logo depois Jorge entrou numa Igreja, e descobriu que precisava mudar a sua vida. Resolveu entrar na faculdade. Num retiro espiritual durante o carnaval, ouviu do celebrante: “É bem possível que aqui na Igreja alguém tenha vocação para ser padre: mas não vai porque é covarde’. Naquela hora as palavras do padre me tocaram”, contou. A partir deste momento, procurou os franciscanos do Largo São Francisco e começou a se preparar para ingressar no seminário. Foi para Guaratinguetá, no Seminário de Vocações Adultas, onde iniciou a formação até a sua ordenação presbiteral aos 45 anos. Passou 10 anos como padre na Baixada Fluminense, cooperando na Catedral Duque de Caxias, onde ficou durante nove anos. “Lá tive uma experiência muito grande com a Renovação Carismática”.
Frei Jorge passou a fazer peregrinações por várias cidades, dando palestras sobre o flagelo das drogas. “É preciso que os jovens se conscientizem de que as drogas os levam ao fim da vida e os deixam cada vez mais distante de Deus”, disse. Ele é o fundador, idealizador e orientador espiritual da Associação Maria Rainha da Paz”, uma entidade de caráter educacional, cultural, espiritual, beneficente e assistencial, situado na Diocese em Santo Amaro.
Antes de ser religioso, Frei Jorge se formou em Pedagogia e Psicologia. Foi locutor de rádio. “Frei Jorge de Paz” tinha um programa na REDEVIDA de Televisão, dedicado a Nossa Senhora.
Mesmo aos 85 anos e lutando contra um câncer, Frei Jorge não deixava de celebrar missas todos os domingos às 18h no Colégio Magister Jr e atender confissões em sua casa.