Termina a experiência “Reviver o Dom da Vocação” 2013
04/06/2013
Durante um mês (de 30 de abril a 31 de maio), vinte frades das nove entidades da Conferência dos Frades Menores do Brasil (CFMB) participaram da Experiência “Reviver o Dom da Vocação”, quando tiveram oportunidade de conhecer e pisar o chão onde viveram Jesus Cristo e São Francisco de Assis, ou seja, na Terra Santa e Assis. Esta experiência busca beber na fonte da vocação, por meio da Palavra de Deus e das Fontes Franciscanas.
O tema escolhido para esta experiência, incentivada pela Ordem dos Frades Menores através do seu Conselho de Formação e Estudos, foi “Reavivar o Dom de Deus que há em ti” (2Tm 1,6).
Acompanhe dia a dia como foi esta experiência:
Dia 1º maio – Os frades que farão a experiência fizeram uma apresentação sobre sua vida, vocação, motivações e serviços na Província onde vive. Depois, Frei Beto Breis, da Província Santo Antônio (coordenador da experiência), juntamente com Frei Oton Silva (Província Santa Cruz), fizeram uma introdução colocando a riqueza da experiência, lembrando que nascemos da itinerância e do discipulado. Por isso queremos seguir Jesus e manter acessa a chama que nos move para a vida em Fraternidade, pois Formação Permanente é aprender aquilo que Deus nos coloca no caminho. Aquilo que é a nossa missão, atendendo aos apelos do cotidiano que o Senhor nos mostra a cada passo.
Dia 2 de maio – Frei Ludovico Garmus, doutor em Teologia Bíblica que mora em Petrópolis e estudou na Terra Santa, passou o dia todo nos assessorando sobre a riqueza dos lugares sagrados, significados bíblicos, cultura, política e a diversidade religiosa no lugar onde viveram os primeiros cristãos.
Dia 3 de maio – Às 7 horas, Frei Fidêncio Vanboemel, Ministro da Província Imaculada Conceição de São Paulo, enviou-nos durante a Missa no Convento e Santuário São Francisco, no Largo da São Francisco. Em seguida partimos para Roma.
Dia 4 de maio – Chegamos às 7 horas e nos encontramos com os frades do Antoniano. À tarde visitamos a Basílica São João de Latrão, Escada Santa de Santa Helena e seguimos para a Igreja Santa Cruz de Jerusalém, onde São Francisco se hospedou quando visitou Roma para falar com o Papa. Depois fomos para a Basílica de Santa Maria Maior onde nos encontramos com o Papa Francisco para rezar um terço com o povo.
Dia 05 de maio – Dia chuvoso, visitamos a Praça de São Pedro e São Paulo. Não foi possível entrar na Igreja, pois o Papa Francisco estava celebrando Missa com as confrarias e irmandades da Europa. Depois retornamos à Basílica de Santa Maria Maior para conhecer este belo santuário em homenagem a Mãe de Deus.
Dia 06 de maio – Visitamos a Basílica de São Paulo Fora dos Muros, lugar onde São Paulo foi sepultado. Neste local, o imperador Constantino decretou, no século IV, a construção de uma basílica de proporções menores que a de São Pedro. No mesmo século, outros imperadores determinaram a construção de um templo maior que aquele da colina vaticana, sendo que os séculos seguintes viram o majestoso templo ser adornado com mosaicos, altares laterais e um pórtico. Um incêndio em 1823 destruiu grande parte do templo, e a sua reconstrução respeitou substancialmente a primitiva forma. À tarde visitamos a Cúria Geral, sede da Ordem dos Frades Menores, tendo uma conferência com o até então Vigário Geral Michel Perry, que foi eleito Ministro Geral no dia 22, terminando o dia com um jantar festivo.
Dia 07 de maio – Visitamos as Catacumbas de São Calixto, onde celebramos Missa. À tarde viajamos para Assis.
Dia 08 de maio – Caminhamos da Casa Leonori, local onde ficamos hospedados, até a Basílica de São Rufino, lugar onde São Francisco e Santa Clara foram batizados. Ao lado, conhecemos a casa de Santa Clara. Depois visitamos a Rocca Maggiore, forte erguido para proteger a cidade de Assis, a Casa de São Francisco, que hoje é uma igreja, e a Basílica de Santa Clara. À tarde tivemos tempo para andar nos arredores de Assis.
Dia 09 de maio – Fizemos uma peregrinação ao Eremitério de Cárcere, andando 4 km a pé, fazendo ali um retiro o dia todo, que se encerrou com a liturgia eucarística.
Dia 10 de maio – Conhecemos a Basílica de São Francisco sobre os cuidados dos Frades Conventuais, onde um brasileiro da Bahia nos mostrou todo o Sacro Convento, inclusive pudemos entrar no refeitório, na parte antiga do convento, conhecer as arcadas do Sacro Convento, o túmulo de São Francisco, de Frei Leão, Frei Rufino, Frei Ângelo, Frei Masseo e Frei Jacoba. À tarde conhecemos São Damião, celebrando Missa naquele local.
Dia 11 de maio – Visitamos a Porciúncula e onde celebramos a Missa. Grande momento desta visita foi conhecer o lugar onde Francisco escolheu para viver a primeira fraternidade no seio da Virgem Maria dos Anjos. Participamos de um almoço com os frades daquela Fraternidade e, à noite, rezamos o terço com a comunidade de Assis, turistas e religiosas. A Igreja Santa Maria dos Anjos estava lotada de fiéis e peregrinos e, ao final do rosário, participamos de uma procissão com velas acessas e cantos, que durou uma hora.
Dia 12 de maio – Seguimos para Rivotorto, uma Igreja cuidada pelos frades conventuais. Conhecemos rapidamente o Tugúrio onde os frades viveram e seguimos para Poggio Bostoni, lugar onde São Francisco recebeu o perdão de seus pecados e enfrentou uma grande crise de identidade na busca do caminho que Deus lhe mostrava. Em Rietti celebramos uma Missa dominical e conhecemos o convento onde os frades acolhem os peregrinos que por ali passam. Almoçamos num hotel bem próximo de Greccio, Oasis Menino Jesus, um hotel que os frades administram.
Dia 13 de maio – Em Fonte Colombo participamos de um retiro durante todo o dia. Este local foi onde São Francisco redigiu a Regra Bulada bem como fez a cirurgia dos olhos, ficando a apenas 5 km de Rieti. Está situado a 547m acima do nível do mar e é identificado como Sinai Franciscano. É o lugar onde Francisco, três anos antes de sua morte, fez a redação definitiva da Regra dos Frades Menores para confirmar a todos a intuição originária da sua vocação de seguir radicalmente os passos de Jesus Cristo pobre, humilde e crucificado (cfr. LM 4,11). Lá fomos acolhidos pela fraternidade, cujo guardião, Frei Marino, conduziu breves palavras motivadoras para o nosso retiro. Dia importante para a renovação de nossos votos e convívio fraterno com aquela fraternidade.
Dia 14 de maio – Celebramos a Missa em Greccio, igreja inspirada no lugar onde São Francisco de Assis encenou e criou o presépio vivo. O local prima pela candura e convida ao silêncio e à oração. Visitamos também a gruta de São Francisco, o lugar que foi o dormitório de São Boaventura e do Beato João de Parma, Ministro Geral de 1247 a 1257, acusado de ser joaquinista, e que viveu exilado durante 32 anos neste local. Já no final da tarde, seguimos para o Monte Alverne, onde chegamosàs 18h. Às 21h nos encontramos com o Vice-secretário de Formação e Estudos, Frei Sergio, que partilhou e ouviu o grupo sobre nossa vida de Formação Permanente, nossa vocação e impressões que obtivemos nos locais que visitamos.
Dia 15 de maio – Ainda no Monte Alverne, que fica a 1.128m de altura, registro a boa acolhida da fraternidade, que também é um noviciado e casa de acolhida dos peregrinos que piedosamente se aproximam deste lugar para sentir os sinais de Cristo em suas vidas. Este dia foi de retiro, oportunidade de silenciar, aproveitando o silêncio das alturas desta montanha santa. Foi aqui que São Francisco esteve por cinco vezes e onde recebeu a impressão das chagas de Cristo. Aqui esteve também Santo Antônio, São Boaventura, que escreveu “Itinerarium Mentis in Deun” e o tratado das Três Vias. Ubertino de Casali também escreveu neste monte a sua famosa obra “Arbor Vitae Crucifixae Jesu” em 1305. Neste ambiente úmido, frio e pobre descobrimos o tanto que Francisco amava a pobreza e quis abraçá-la no amor ao Cristo Pobre e Crucificado. No mesmo dia participamos da liturgia da tarde com a comunidade e peregrinos. Uma bela procissão da Basílica até a capela dos Estigmas deu início à celebração da Santa Missa, onde pudemos agradecer a Deus pelo dia e acolhida dos frades neste local.
Dia 16 de maio – Partimos para Roma, preparando-nos para, no dia seguinte, seguir à Terra Santa.
Dia 17 de maio – Chegamos a Tel Aviv, às 17h, onde nos hospedamos na casa de peregrinos ao lado do Convento e Igreja de São João Batista em Ein Karen, que é a terra onde nasceu João Batista. Trata-se de uma vila com uma população na maioria árabe.
Dia 18 de maio – Frei Geraldo deu-nos uma formação bíblica e exegética sobre a Terra Santa, orientando-nos sobre o mundo árabe, judeu, católico e ortodoxo. À tarde visitamos os santuários da Visitação e de São João Batista.
Dia 19 de maio – Domingo de Pentecostes fomos celebrar na Igreja de Jerusalém com os frades da Custódia da Terra Santa, tendo como presidente da celebração o Custódio Frei Pierbattista Pizzaballa. Após a Missa, celebramos Pentecostes com os Frades da Custódia e, à tarde, participamos de uma grande procissão em direção ao Cenáculo, onde ali, às 15h30, rezamos as vésperas. Este lugar não está sob administração dos frades mas foi um dos primeiros conventos franciscanos até a expulsão dos frades em 1524. Hoje, no lugar onde Cristo celebrou sua última ceia, não pode ser celebrada a Eucaristia. Houve apenas uma exceção na visita do Papa João Paulo II, em 2000, jáque o lugar que é ocupado pelos judeus.
Dia 20 de maio – Visitamos Belém e celebramos Missa na Igreja de Santa Catarina, após uma procissão à gruta de Belém, que hoje é um lugar dividido entre católicos, armênios e gregos. A gruta da Natividade, em forma retangular, localiza-se sob o coro dos gregos. Sob o altar de uma pequena abside, uma estrela de prata indica o lugar do nascimento de Jesus com a inscrição em Latim: “Hic de Virgine Maria Jesus Christus Natus est” (Aqui nasceu Jesus Cristo da Virgem Maria). Aproveitamos para conhecer a Gruta do Leite, que tem sua origem na narração sobre a matança dos meninos por ordem de Herodes (Mt 2, 13-18). Segundo a tradição, a Sagrada Família se abrigou numa gruta para que Maria pudesse amamentar o seu filho.
Dia 21 de maio – Fomos a Betânia, que fica 2,7km de Jerusalém. O nome da cidade é derivado do hebraico ´Bet Hananya´ (Casa de Ananias ou pode ser interpretado como casa dos pobres). Esta cidade pertencia à tribo de Benjamim (Ne 11,32). Hoje, a cidade está no meio de uma população muçulmana, cristãos latinos e grego-ortodoxos. Celebramos a Missa na provável casa de Marta e Maria, que é conhecida como Igreja de São Lázaro, lugar onde Cristo ressuscitou Lázaro (Lc 10, 38-42). À tarde fizemos um retiro numa região literalmente desértica na Judeia.
Dia 22 de maio – Visitamos o Rio Jordão, com momento para a Renovação das Promessas do Batismo, seguimos para as grutas de Qumram e celebramos Missa em Jericó, onde os frades estão presentes na área da educação e na Paróquia.
Dia 23 de maio – Fomos para Jerusalém conhecer os lugares Pater Noster, Dominus Flevit e Agonia. Em Dominus Flevit, Jesus ensinou o Pai-nosso e, na Igreja da Agonia, celebramos uma Missa, cujo altar está aos pés da pedra onde Jesus sofreu a Agonia antes de sua prisão. Naquela comunidade há vários frades, entre eles dois brasileiros nos acolheram e mostraram como é a vida de oração e a pastoral de acolhida aos peregrinos e outros que desejam fazer eremitério. À tarde rezamos a via dolorosa nos lugares que provavelmente Jesus passou carregando a Cruz em direção ao Calvário.
Dia 24 de maio – Deixamos Ein Karen e seguimos para a região da Galileia. Visitamos os lugares da multiplicação dos Pães, pesca milagrosa, primado de Pedro, e Cafarnaum, onde almoçamos. Nesta antiga cidade, Jesus viveu bom tempo e curou a sogra de Pedro, lugar onde os Frades da Terra Santa construíram uma bela Capela. Visitamos a Igreja das Bem-aventuranças e hospedamos em Tiberíades, onde os frades possuem uma casa de acolhida aos peregrinos. Aqui ficamos por três dias.
Dia 25 de maio – Fizemos um passeio de barco no Mar da galileia, lendo textos bíblicos que falam sobre a atuação de Jesus naquela região, depois seguimos para a cidade de Caná da Galileia, visitando a igreja cristã mais antiga da região. Após este passeio, fomos a Nazaré, lugar que os frades possuem a maior Basílica do Oriente, com a Capela inferior e a superior. No centro da Basílica da Anunciação rezamos uma Missa pelas famílias de Nazaré e todas as famílias dos frades. Também conhecemos a Igreja de São José, que, segundo a tradição, seria a casa de José esposo de Maria.
Dia 26 de maio – Foi um dia para subir ao monte Tabor, lugar da Transfiguração de Jesus. Está situada na planície de Esdrelon, a uma altura de 590m. Aqui, fizemos um retiro trazendo à memória da Transfiguração de Jesus diante de seus discípulos, apesar de não ser mencionada nos evangelhos o nome da montanha. Encerramos com a Missa da Solenidade da Santíssima Trindade.
Dia 27 de maio – Pela manhã visitamos Akko, cidade conhecida como porta de entrada dos franciscanos. Na verdade, a tradição diz que São Francisco chegou de barco pelo mar Mediterrâneo nesse lugar histórico de tantas guerras e defesas, especialmente os cavalheiros de São João. Nesta cidade, um frade atende uma paróquia e uma escola aberta a alunos mulçumanos, judeus e católicos. À tarde fomos para Haifa e visitamos o Monte Carmelo, conhecido como Stella Maris. Lá há um mosteiro das Irmãs Carmelitas.
Dia 28 de maio – Partimos de Tiberíades, passando por Cesareia. Seguimos para Jaffa, onde escavações arqueológicas revelam que há vinte séculos havia uma cidade neste lugar, com um dos portos mais antigos do mundo. A tradição diz que a cidade foi fundada por Jafed, filho de Noé. Depois visitamos Emaús, lugar cuidado pelos monges e mongas franceses. E, finalmente, chegamos a Jerusalém, hospedando no Convento São Salvador e casa da Cúria da Custódia da Terra Santa.
Dia 29 de maio – Fomos conhecer e rezar no Muro das Lamentações, a Esplanada das Mesquitas e visitamos os bairros mulçumanos, judeus e cristãos. Às 15h, participamos de uma procissão com o Patriarca de Jerusalém, seguindo para a Igreja do Santo Sepulcro, onde rezamos as vésperas e completas em Latim no tempo de 3horas.
Dia 30 de maio – Celebramos com toda a Igreja Corpus Christi. Participamos da procissão e Missa no Santo Sepulcro, tendo a presença do Patriarca e dos frades da Custódia. Em seguida, encerramos a manhã com um almoço na Casa Nova e, à noite, realizamos uma avaliação sobre toda a experiência “Reviver o Dom da Vocação”. Em geral, parabenizamos a iniciativa da CFMB com todo apoio da Ordem, que agora assumiu esta experiência. Somos gratos aos frades que coordenaram e assessoraram este belo tempo de vida de oração e convivência fraterna.
Dia 31 de maio – Celebramos a Missa de encerramento no Convento São Salvador e seguimos para Roma e São Paulo, de onde cada frade retornou ao seu destino de vida em fraternidade.
De fato, a experiência foi bem rica e proveitosa para oração, vivência com os frades das diversas Províncias da Conferência e conhecimento das diversas expressões religiosas, culturais e sociais na Europa e na Terra Santa. Fomos muito bem acolhidos e sentimos como irmãos menores nos lugares onde São Francisco e Cristo viveram. Assim podemos dizer que, de fato, reavivamos o dom da vocação pisando nas terras de Cristo e Francisco. Que o bom Deus abençoe a todos que nos apoiaram neste tempo de fé e que, de agora em diante, sigamos fortalecidos por Cristo e Francisco de Assis.
Frei Flávio Pereira Nolêto, OFM
Província Santíssimo Nome de Jesus