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Entrevista com Frei Almir e Frei Ruan: Laços fraternos da missão franciscana

10/11/2024

Entrevistas, Notícias

O Capítulo Provincial 2024 da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil reuniu mais de 100 frades para, juntos, refletirem sobre a realidade provincial e as expectativas que a Igreja e o mundo lançam sobre nossa presença evangelizadora e testemunho carismático. Os frades estão reunidos desde a segunda-feira, dia 4, no Seminário Santo Antônio, de Agudos (SP) e ali permanecerão até a próxima terça-feira, dia 12.

Considerando o número de irmãos e suas diferentes proveniências a partir de fraternidades de cinco Estados diferentes e, até mesmo, de Angola, a Equipe de Comunicação fez uma breve entrevista com dois expoentes do grupo de irmãos, separados por anos de experiência de vida biológica e religiosa. Foram escolhidos Frei Almir Ribeiro Guimarães, o frade decano entre os participantes, com 86 anos de vida e 64 de vida religiosa, que ofereceu ao longo dos anos extensa contribuição como professor, conferencista, assistente da Ordem Franciscana Secular e editor de revistas de teologia e espiritualidade; e Frei Ruan Felipe Sguissardi, frade com 26 anos de idade e 6 anos de vida religiosa, sendo o irmão mais novo entre os capitulares.

Site Franciscanos –  Há alguns anos, os Estatutos Particulares da Província foram alterados para permitir a participação de todos os frades que quisessem no Capítulo Provincial. Qual é sua motivação à participação e porque você considera importante que mais irmãos tenham a possibilidade de tomar parte desta reunião?

Frei Almir – Uma das experiências mais fortes da vida franciscana são estes encontros em grande número. Penso que os frades jovens, de quem hoje há grande insistência de participação, tomam conhecimento da dimensão histórica de toda a Província, percebendo que ela é maior que aquela fraternidade ou “mundinho” onde vivem e nasceram, mas que há trajetórias e pessoas mais velhas. Estas, por sua vez, se sentem reconfortados com a presença desta nova geração.

Frei Ruan – Este é o primeiro Capítulo no qual participo, depois de 10 anos de formação. Acredito que é de grande interesse para todos os frades estar aqui, interrompendo as atividades que levamos em nossas casas, e nos focando em questões fundamentais para a renovação e crescimento da Província. A participação de mais de 100 frades neste Capítulo é essencial para garantir que as decisões sejam tomadas de forma inclusiva, com a contribuições de mais pessoas. Eu me senti motivado para participar do Capítulo por ser este um momento oportuno para rever e atualizar nossa vida para melhor anunciar nosso carisma enquanto Província.

Site Franciscanos –   Já estamos nos aproximando do final do Capítulo Provincial e os principais temas preparados para a reflexão e discussão já foram apresentados. Como você considera as proposições levantadas e os trabalhos realizados até agora?

Frei Almir – Não preciso dizer que vivemos em um tempo de profundas mudanças. Uma pessoa como eu, que já passou dos 80 anos, sente certo desconforto com tudo isso. Entretanto, posso notar que há um desejo muito grande de fazer com que tenhamos um lugar claro neste novo mundo em que vivemos. Posso dizer que este programa da formação que foi apresentado me interessou muito e espero que se consiga, através dele promover uma maturidade humana e franciscana a todos os frades. Não vou dizer que o programa atual não tenha conseguido, mas creio que agora vão surgir frades novos através desta formação. O que sempre me desperta grande dificuldade é a questão das Obras que a Província tem e que, se não cuidamos, elas se desvinculam do conjunto provincial e, por melhor que sejam dirigidas, parecem sempre uma “anomalia” ao todo da Província. O que percebo agora, nos grupos de reflexão que participei, que há um forte desejo de que as Obras estejam mais unidas à Província.

Frei Ruan – Considero que todas as proposições levantadas, todos os trabalhos, reflexões e partilhas até agora foram muito relevantes por refletirem essencialmente a necessidade da Província de renovação de suas estruturas e metodologias para melhor servir a Igreja, a Ordem e a sociedade. Vejo que, neste Capítulo, todas as discussões têm sido muito ricas e produtivas. Estou confiante de que todas as decisões tomadas neste momento vão nos orientar para um futuro mais promissor, que nos enriquecerá como Frades Menores.

Site Franciscanos –  Este Capítulo Provincial teve como uma marca característica a redução drástica do uso do papel e a aposta no uso das possibilidades tecnológicas para favorecer a organização, a informação e a discussão? Como você enxerga esta mudança?

Frei Almir – Para mim é muito difícil. Não sendo uma pessoa “esclerosada” (risos), sinto que poderia me esforçar mais para me acostumar com estes novos mecanismos. Fico contente, e até inveja (risos novamente), de todos aqueles que fizeram este trabalho. Creio que a ausência da “papelada” que estávamos acostumados é um sinal positivo muito grande. Esta facilidade dos meios eletrônicos informa as pessoas a todo momento, enquanto está caminhando, dormindo ou fazendo outras atividades, não somente quando ela está participando das atividades do capítulo. Parece que a tecnologia provoca o envolvimento a todo momento dos acontecimentos. Só posso dizer, parabéns à iniciativa.

Frei Ruan – Como este é o primeiro Capítulo no qual participo, vejo que estamos evoluindo com a sociedade, o que é positivo. Neste Capítulo, a decisão de não utilizar o papel e apostar na utilização do site interno reflete numa importante pauta que a sociedade vem assumindo, de diminuir o consumo de recursos em vista da contribuição ecológica, pedido que o próprio Papa Francisco provoca a todos nós. Considero, ainda, como um ponto positivo os questionários disponibilizados para receber contribuições dos irmãos, visto que nem todos os irmãos conseguem expressar suas opiniões através da fala diante de todos, mas pode fazê-lo enviando contribuições. Este método também favorece maior participação, visto que, devido ao tempo, nem todos têm a possibilidade de falar.

Site Franciscanos –   Quais são as suas perspectivas para as decisões e rumos que estão sendo pensados para a Província para os próximos anos?

Frei Almir – Esta é uma pergunta difícil de responder. Sinto como uma apreensão quanto ao futuro a terrível diminuição do número de frades diante de todas as frentes de trabalho que temos e precisamos continuar. Precisaremos nos reorganizar, nos reestruturar. Penso que a tarefa pelos próximos três, seis, nove anos será colocar os frades onde eles se realizarão e onde é preciso que estejam para contribuírem com a Igreja. Penso que os passos que damos agora não são tão tímidos frente ao que se precisa. São, pelo contrário, corajosos, mas precisarão de revisão em um espaço de tempo não muito longínquo. Acredito que, em nossa Província, a formação merece receber especial atenção, assim como ela está recebendo agora. O problema é sempre garantir que a equipe de formadores seja coesa e possa realizar um trabalho satisfatório.

Frei Ruan – Creio que, a partir deste Capítulo Provincial que estamos vivenciando, este é um momento em que estão sento tomadas algumas decisões importantes para o futuro da Província. Acredito que sairemos daqui com uma nova perspectiva sobre nossa realidade provincial. Estes dias têm sido uma experiência rica e frutuosa e espero que possamos voltar às nossas Casas com a certeza de que estivemos aqui para favorecer e fomentar o engajamento de todos os frades na paixão pela evangelização assumida pela Província como um todo.


Frei Elias Hebo Luís e Frei Rodrigo da Silva Santos