Emoção e gratidão marcam os 80 anos do Coral em evento com os ‘Canarinhos de Sempre’
05/09/2022
Petrópolis (RJ) – “Canarinhos de sempre, Canarinhos da cruz, Canarinhos queridos e amados por Deus”. Foi com essa motivação que o Vigário Provincial e ex-Canarinho, Frei Gustavo Medella, presidiu a Celebração Eucarística das 10 horas no último domingo (4/09), na Igreja do Sagrado Coração de Jesus de Petrópolis (RJ).
A celebração fez parte das comemorações dos 80 anos do Coro de meninos mais antigo do país, que teve início no dia 21 de agosto com a Solene Missa de abertura do Jubileu. O presbitério do Sagrado ficou lotado com a presença em peso dos ex-Canarinhos e dos atuais Meninos Cantores. O experiente maestro, Marco Aurélio Lischt, escolheu a Missa VIII, conhecida como De Angelis, para o coro cantar e emocionou uma Igreja lotada para a ocasião.
No início da celebração, o Presidente do Instituto dos Meninos Cantores de Petrópolis, Frei Marcos Antonio de Andrade, acolheu a todos os presentes e manifestou gratidão e emoção em estar celebrando, juntamente com seus contemporâneos, os 80 anos do Coral dos Canarinhos de Petrópolis. “A todos os ex-Canarinhos desejo boas-vindas e que a gente possa render graças a Deus neste domingo em que celebramos a nossa Páscoa semanal”, disse.
“Recebe esta cruz de madeira e carrega-a sobre o teu peito como um sinal pelo qual vencerás. Todo Canarinho ouviu isso no dia da sua Investidura, que é realizada dentro da celebração da missa, quando o frei, ou padrinho, ou madrinha, impunham sobre a cabeça dele a cruz de madeira que nossos meninos usam até hoje. Carregar a cruz sobre o peito! Ali já havia algumas lições sobre o que significa ser um Canarinho, um Canarinho da cruz”, disse Frei Gustavo no início de sua homilia.
Segundo ele, a mesma cruz usada pelos coralistas há 80 anos é a cruz sobre a qual Jesus fala no Evangelho. “O que aquela cruz que o menino cantor, que o Canarinho de sempre recebe no dia de sua investidura significa? Significa primeiro, que o caminho do seguimento de Jesus Cristo, o caminho do canto coral, o caminho de pertencer a um grupo como o grupo dos Canarinhos é um caminho de humildade. A cruz só entra naquela cabeça que se abaixa”, citou, inclinando-se.
“O frei já nos ensinava – os que seguiram carreira artística na música clássica ou popular, também aprenderam -, que diante dos aplausos e de toda louvação de uma plateia que gostou e que se impressionou com a sua apresentação, a postura de todos era a de se inclinar juntos, em sinal de humildade. Não é para se achar melhor, para encher o próprio ego, mas é para mostrar: eu estou aqui a seu serviço e a serviço da arte, a serviço de Cristo”, explicou.
(clique nas imagens para ampliâ-las)
Outro significado é carregar no peito Jesus Cristo. “O peito é o lugar próximo do coração. Então esse Cristo que o Canarinho é chamado a carregar no coração penetra o profundo da sua alma e sai pela sua boca em forma de música bem executada que ajuda há 80 anos o povo de Deus que frequenta essa missa das 10h a se sentir mais próximo da bondade, do amor e da misericórdia de Deus”, evidenciou.
Frei Medella lembrou que a cruz é um instrumento originalmente de morte, de dor e de tortura. Destacou então que só faz sentido usá-la quando ela aponta para Cristo. “É por isso que Jesus pede que todos se coloquem atrás Dele. Não porque Ele quer se sentir o maioral, mas para que todos possamos olhar Ele cada dia e perceber o sentido que faz também cada um carregar a sua cruz na sua vida. Um sinal pelo qual vencerás. Por quê? Porque Cristo venceu a morte na cruz e ressuscitou, por isso também a cruz é este sinal que aparece com tanta eloquência no Evangelho de hoje. É o sinal também da entrega de cada Canarinho a esse bonito e nobre ofício de cantar para o louvor de Deus”, ensinou.
Para Frei Gustavo a história de 80 anos do Coral dos Canarinhos de Petrópolis produziu uma série de sacramentais. “Sacramentais são sinais afetivos, às vezes muito simples”, disse. Começou citando as duas sedes do Instituto, a antiga, aqui na rua Frei Luiz e a atual, na Rua Santos Dumont. Depois, mencionou a famosa kombi branca e vermelha, as malas enormes para levar terno e pastas de músicas. O pão com margarina e refresco de todo dia. As brincadeiras e os apelidos. As famílias de sangue e as famílias que foram sendo construídas juntos nesta grande família dos Canarinhos: os pais, mães, filhos, padrinhos e madrinhas!
“Os frades também são um sacramental inesquecível dos Canarinhos. Tanto os que regeram como os que cantaram. Aqui temos o Frei Marcos Andrade que é o presidente do Instituto e que também foi Canarinho. O Cardeal da Amazônia, Dom Leonardo Ulrich Steiner foi Canarinho quando frade aqui em Petrópolis. Os franciscanos sempre de roupa marrom são outro sinal que também não conseguimos desassociar dos Canarinhos de Petrópolis”, sublinhou.
“Esses sinais nos ajudam e fazem parte do ser humano que hoje nós somos. Graças a Deus nós tivemos a oportunidade de aprender valores, de nos tornarmos pessoas melhores, mais sensíveis, pessoas capazes de perceber desde muito pequenas que o mundo não gira ao redor do nosso próprio umbigo, mas temos vários outros interesses, maneiras de pensar, culturas com as quais precisamos lidar”, agradeceu.
Para Frei Medella, ser Canarinho foi um grande diferencial na vida profissional. “Em um coro não adianta um só brilhar, a voz tem que ser harmoniosa. Tudo isso é uma herança que nós carregamos, junto com a cruz que foi colocada sobre o nosso peito e que permanece em nosso coração. Canarinhos de sempre, Canarinhos da cruz, Canarinhos queridos e amados por Deus. Viva os nossos Canarinhos de sempre!”, celebrou!
EMOÇÃO E GRATIDÃO
O sênior Nilton Hutter (foto abaixo) é da segunda turma do Coral dos Canarinhos, de 1943. Para ele, participar da celebração foi muito importante para sua vida. “Foi a maior emoção que eu tive”, disse emocionado. “Eu nunca vi tanta amizade na minha vida. Ontem quando vim para o ensaio geral senti uma emoção muito grande. Então, nunca esperei viver uma emoção dessa. Para mim, foi a maior coisa que fizeram por mim. Muito obrigado”, destacou e acrescentou: “Não tem coisa mais perfeita que ser Canarinho”.
O atual regente do Coral dos Canarinhos de Petrópolis, Marco Aurélio Lischt também descreveu o que sentiu ao ver tantos coralistas juntos. “O sentimento é de gratidão e é uma emoção muito forte estar com esse pessoal todo aqui, principalmente vendo os canarinhos da década de 40, de 50, sabendo que muitos já faleceram. É revigorante e é prazeroso estar com todo esse pessoal revivendo essa história do nosso coro que já completa 80 anos e graças a Deus estamos firmes e fortes”, ressaltou. Segundo ele, mesmo com décadas de experiência, dá um frio na barriga reger um coro que tem nome e credibilidade. “Temos a responsabilidade de tocar essa obra e na hora é uma emoção que a gente não sabe como explicar”, revelou.
Dona Célia Medella é a mãe de dois ex-Canarinhos, Frei Gustavo e André Medella. Para ela, o coração bate mais forte nesses momentos. “É tão bonito ver ele como padre e ao mesmo tempo cantando junto com os meninos. É emocionante”, disse sorrindo e brindando todo esforço realizado na formação de seus filhos. “Seja um Canarinho. É a melhor coisa que aconteceu pra eles. É amor, amizade, partilha e tudo de bom!”, evidenciou.
AGRADECIMENTOS
Após a comunhão, Frei Gustavo agradeceu a todos os presentes. Depois, lançou o convite para seguir as redes sociais dos Canarinhos de Petrópolis e ouvir o álbum comemorativo “Para sempre Canarinhos”, lançado na última sexta-feira, dia 2 de setembro, por ocasião dos 80 anos do Coral. “Obrigado aos frades que hoje continuam essa história. Aos colaboradores, amigos e todos que contribuem”, disse, pedindo uma salva de palmas.
Na sequência, convidou os ex-Canarinhos das primeiras turmas e décadas e os coralistas mais novos para se dirigirem até a frente do altar para em nome de todos que já passaram pelo coro, serem homenageados. “O Papa Francisco disse que nós precisamos ter muito carinho pelos extremos da existência, as crianças e aqueles que são os mais experientes da vida”, citou. Convidou todos a estenderem sobre eles as mãos e homenageou em forma de bênção: “Ó Deus de infinita misericórdia, olhai para estes vossos filhos Canarinhos, conferindo a eles a força da Cruz que um dia receberam para trazer toda a vida sobre o peito. Ó Pai, que eles sejam vencedores ao modo de Cristo que supera as dificuldades e as dores e testemunham a alegria da música e do canto, tocando e elevando os corações. Que esta missão frutífera prossiga por muitos e muitos anos. Com a vossa proteção, vós que sois o Pai da beleza, da bondade, da justiça e da paz. Em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amém”. Seguidamente toda comunidade reunida cantou o tradicional canto dos parabéns.
ALMOÇO COMEMORATIVO
Já no Instituto Teológico Franciscano (ITF), realizou-se um almoço em comemoração aos 80 anos do Coral dos Canarinhos. Mais de 300 pessoas participaram. O evento teve o intuito primeiro de ser celebrativo. Por isso, muita música e animação marcou o dia, que no seu repertório principal contou com os Canarinhos cantando músicas clássicas e modernas. Um dia histórico que ficará marcado na memória e nos corações da grande família dos Canarinhos de Sempre!
Frei Augusto Luiz Gabriel