Frei Gustavo Medella

“Completa, por favor!”, diz o condutor do veículo ao frentista do posto de combustível. Atenciosamente, o atendente aciona a bomba para satisfazer o desejo daquele motorista. Aproveita ainda para dar uma olhadinha na água e no óleo, calibrar os pneus… O veículo já está pronto para seguir viagem. O condutor se sente seguro para percorrer mais algumas centenas de quilômetros, sabendo que tudo está em condições e que o tanque do carro está completo.

No Evangelho deste final de semana, 6º domingo de Páscoa, Jesus fala de uma “alegria plena”, garantida àqueles que n’Ele permanecem (Cf Jo 15,10-11). Permanecer em Jesus não é ficar estático, inerte, acomodado, tal como veículo parado no acostamento com o tanque vazio. Ao contrário… A permanência em Cristo é que nos garante tanque cheio para seguirmos em frente na viagem da vida.

Ao contrário do álcool e da gasolina, que custam muito caro, o combustível que Jesus oferece é de graça e nem por isso menos valioso. Aliás, é a maior riqueza facultada por Deus ao gênero humano. É uma pena que nossa sociedade, por conta de uma mentalidade fortemente marcada pelo lucro e pelo consumo tenha perdido a capacidade de reconhecer o valor do que é gratuito, incondicional e generosamente distribuído. E desta forma é o Amor de Deus, o Pai que não faz distinção entre as pessoas, conforme conclui São Pedro em seu discurso apresentado nos Atos dos Apóstolos (Cf. At 10,34).

Combustível gratuito e abundante, mas que deve ser buscado dia após dia, conforme acena São João em sua Primeira Carta: “E todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece a Deus”. “Nascer” e “Conhecer” são dois verbos que trazem o mesmo radical. “Conhecer” é “co-nascer”, ou seja, “nascer com”. Sendo assim, nascido em Deus pelo batismo, cada discípulo precisa, necessariamente, buscar este conhecimento aprofundado, que passa pela intimidade, pelo interesse, pelo cuidado, pelo cultivo. Aí poderemos encontrar a alegria completa.