Editora Vozes está pronta para o futuro
31/03/2012
Moacir Beggo
Petrópolis (RJ) – No corredor do terceiro andar do prédio da rua Frei Luís, nº 100, em Petrópolis (RJ), está exposta a impressora Alauzet, uma máquina que não chega a ocupar o espaço de um metro quadrado e que deu origem à Editora Vozes. Na sexta-feira (30/3), funcionários e visitantes passaram por ela e nem a notaram, pois na sala ao lado, de mais de 280 m2, estava uma supermáquina, que era inaugurada e abençoada para dar continuidade à centenária história da Editora. Depois de chegar em seis caminhões e exigir uma reestruturação do prédio para acomodá-la, a encadernadora entrou em funcionamento diante dos olhares curiosos dos funcionários e visitantes, ostentando a fama de produzir 6 mil livros em uma hora. No final de tudo, uma certeza: o projeto de evangelização, que começou há 111 anos com Frei Inácio Hinte, vai continuar.
Frei Mário Tagliari, representando o Ministro Provincial Frei Fidêncio Vanboemmel, foi o convidado pela diretoria da Vozes para dar a bênção inaugural. O diretor-presidente Frei Antônio Moser presidiu a celebração, ao lado dos também diretores Frei Volney Berkenbrock e Frei Ludovico Garmus. Presentes neste momento histórico, os Definidores Frei Guido Scheidt, Frei César Külkamp e o vice ecônomo da Província, Frei Raimundo de Oliveira Castro e todos os frades que trabalham ou trabalharam na editora.
Segundo o diretor-presidente da Editora Vozes, Frei Antônio Moser, a empresa já dispunha de um respeitável parque gráfico, mas “faltava um novo impulso na área do acabamento, um setor que pedia um processo de agilização”. Frei Volney lembrou que os processos de dobra, alçamento, costura, prensa da lombada, cola, vínculo da capa, dobra da orelha etc eram feitos em máquinas antigas e separadas. “De modo que, quando precisávamos acelerar a produção, dependíamos de uma série de fatores para que todos esses processos pudessem andar um pouco mais rápidos”, explicou.
Segundo Frei Moser, “quem deseja ser bom anunciador do Evangelho tem que estar atento aos sinais de Deus no tempo e buscar os recursos para responder a eles”. E foi isso que a Vozes fez, adiantou Frei Volney. “Uma das opções era comprarmos máquinas menores para cada um desses setores de acabamento. Mas novamente teríamos um processo longo para aumentarmos a capacidade de produção em máquinas separadas. Depois muito estudo e, avaliando a capacidade financeira da empresa, optamos por uma encadernadora”, contou. Começou, então, um processo de escolha, já que três empresas europeias produzem este tipo de maquinário. Venceu a marca Müller Martine.
Mas esse investimento não estaria na contramão da história, quando o encantador e sofisticado mundo virtual está cada vez mais presente na sociedade? Frei Moser responde que não. “Também estamos investindo nesta direção, mas uma coisa me parece certa: as várias tecnologias não se opõem. Elas se complementam”, ressaltou, lembrando que a Editora cresceu 7,5% nas vendas de 2011. E, segundo Câmara Brasileira do Livro (CBL), o segmento religioso foi o que mais cresceu em faturamento e em exemplares produzidos e vendidos.
“É que por mais contraditório que possa parecer, o número de leitores aumenta, como aumenta, sobretudo, o número de pessoas que buscam subsídios tanto no campo religioso quanto no cultural. São milhões de crianças que recebem os fundamentos da fé de nossas múltiplas coleções de catequese; são milhões de pessoas que alimentam sua fé buscando nossos livros de cunho teológico, espiritual e devocional; são milhares de universitários que buscam nossos livros de cunho cultural; são milhões de pessoas que buscam em nossas publicações uma razão para viver” acrescenta Frei Moser. Para se ter uma ideia do poder de evangelização da editora, só no ano passado, foram vendidos 703.900 livros para o segmento da catequese e ensino religioso, enquanto os livros de Teologia e espiritualidade somaram 276.790. Mas não para por aí. Dois produtos tradicionais da Vozes, como a Folhinha do Sagrado e o “Minutos de Sabedoria”, venderam quase um milhão de exemplares .
Para o diretor-presidente, a Vozes foi como uma pequena semente boa lançada em terra boa e que cresceu graças ao fruto da dedicação de geração de pessoas que cultivaram sempre o mesmo ideal: “Inspirados em São Francisco, colaboraram na construção de uma nova realidade, tanto em termos de igreja quanto de sociedade”.
OUSADIA
O funcionário Édson Caillaux faz parte dessa geração de pessoas que cresceu com a Vozes, afinal 37 anos de sua vida passou ali. “Gostei de ver a ousadia da atual diretoria da Vozes ao fazer esse investimento. Não havia outra escolha: ou fazia ou não teria mais como avançar”, acredita o subchefe do setor de acabamento. “Com este novo equipamento, a Editora entra na competitividade. É claro que ainda serão necessários alguns meses de adaptação”, avalia Édson, que quando começou era ajudante no setor de acabamento. Hoje, já pensa na aposentadoria, diz que o novo equipamento foi feito para os jovens e fala em tom de despedida. “Sempre tive oportunidade na Vozes e nunca desperdicei. Qualquer máquina eu sei operar. Sempre trabalhei e cuidei das máquinas da Vozes como se fossem minhas. Fui muito feliz trabalhando na Editora e sempre vou falar dela com orgulho, afinal criei minha família com este trabalho”, reconhece. Para ele, dois momentos marcaram muito a sua vida na Editora: trabalhar mais de 10 anos com Frei Ludovico Gomes de Castro – que em 25 anos expandiu a Editora em termos editoriais, gráficos e comerciais – e passar pela crise nos anos 80, que quase fechou a editora: “Nessa época senti de perto a crise, mas a nova diretoria voltou a reerguer a Vozes”, completou.
AGRADECIMENTOS
Frei Mário Tagliari agradeceu a todos os frades da Província e, em nome de Frei Moser, de Frei Volney e Frei Ludovico, a todos frades e colaboradores. “Usando um termo do Capítulo Geral, acontecido há três anos na Itália, a Ordem nos convida e nos convoca, como frades menores, a partilharmos a evangelização com os leigos e leigas. Com a modernização do parque gráfico da Vozes, continuamos a acreditar na grandeza e no ideal sonhado há 111 anos. A sementinha do primeiro sonho cresceu e cresceu muito. Por isso mesmo, que todos nós saibamos restituir ao Senhor Deus Altíssimo por tudo o que ele tem operado e transformado através da Vozes”.
Segundo Frei Volney, falando aos funcionários e visitantes, “podemos dizer que isso só foi possível porque vocês, na sede e nas filiais, tornaram isso possível”. Já para Frei Moser, o momento é de agradecimento pelos muitos confrades que, ao longo destes 111 anos, auxiliados por muitas gerações, acreditaram na força da palavra escrita, e também é de súplica: “Pedimos ainda que Deus nos ajude a conjugarmos sempre a melhor gestão empresarial e espírito familiar. Penso que se hoje a voz da Editora se faz presente em todo o país e, além de nossas fronteiras, devemos isso a todas essas conjugações”, completou, dizendo que deixava claro que a diretoria atual “não é dona” da Editora, mas foi designada por uma instância maior para levá-la em frente pelo que ela representa para a Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, para a Ordem Franciscana, para a Igreja e para a sociedade.
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