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“E vós, quem dizeis que eu sou?”. Jesus espera a nossa resposta, diz Frei Pedro

03/07/2022

Notícias

Gaspar (SP) – A Missa Solene da Festa de São Pedro Apóstolo de Gaspar (SC), neste domingo, 3 de julho, teve início, às 9 horas, com a procissão dos festeiros, das comunidades, da imagem do Padroeiro e da entrada do presidente da celebração, o pároco Frei Pedro da Silva, juntamente com os concelebrantes: Frei Aldolino Bankhardt, Frei Jhones Martins, os diáconos e toda a equipe de celebração.

A 172ª edição da Festa, que marcou também 150 anos da presença franciscana em Gaspar, chegou cheia de expectativa após dois anos de pandemia e celebrações sem o calor dos abraços, dos apertos de mãos e das orações presenciais. E para brindar esse momento de retomada das festividades, o Padroeiro abençoou seu querido povo com belos dias de sol como a manhã deste domingo.

Na procissão de entrada, foram apresentados os festeiros deste evento. Casais caminharam com velas acesas, enquanto o povo aplaudia reconhecendo a dedicação e a doação para que este evento pudesse se realizar novamente. Em seguida, a imagem do Padroeiro veio sobre um andor em forma de barca e foi saudada no meio da igreja pelo som de um trompete.

O Coral Santa Cecília e a Banda de Música São Pedro contribuíram para aumentar o tom solene da celebração.

Para Frei Pedro, chegar ao ponto alto da Festa de São Pedro Apóstolo é levar o grande louvor de gratidão a Deus. “Estamos na grande Festa de São Pedro, por um longo tempo esperada, tão carinhosamente preparada e agora uma realidade que está acontecendo. O melhor da festa é sempre esperar por ela. Mas não é uma espera passiva. É sempre uma espera que se dá na dedicação, se dá no envolvimento e nos serviços”, disse o celebrante.

“Como não bendizer a Deus hoje e todos esses dias, pela generosidade de tantas pessoas. E temos dito que são mais de três centenas de pessoas que se envolveram, fora outro tanto de pessoas que, de uma forma ou de outra, envolveram-se pela doação, pela presença, pelo carinho, pelo amor, pela admiração dessa grande Festa. Somente Deus pode pagar por tudo isso”, externou sua gratidão.

Segundo Frei Pedro, festa quer dizer expressão de alegria. “Festejar quer dizer bem-vinda seja a vida, o dom, como presente de Deus”, disse. Ele recordou que o evangelista São João registra que Jesus iniciou a sua missão participando de uma festa de casamento onde estavam convidados seus discípulos e sua mãe. E lá, no final da festa, quando estava terminando o vinho, é Maria que percebe e faz com que Jesus antecipe a sua hora e os dá o melhor vinho. “Jesus Cristo é o vinho de nossa festa. Ou seja, sem a presença dele, a nossa festa perderia o sabor e a vida o seu sentido. Que Ele esteja sempre presente também nas festas de nossa vida. Se aqui nós festejamos é justamente para beber desse vinho e podermos realizar a nossa missão”, explicou.

Para o presidente da celebração, ninguém festeja sozinho. Uma festa sempre requer companhia, como um aniversário, quando se convida pessoas e encomenda um bolo. “Neste momento vemos que a festa é o grande momento de encontros e reencontros. Especialmente como foi dito no comentário inicial, depois de dois anos nós podemos dar as mãos, abraçar, celebrar presencialmente, sentir o calor humano e sentir a força da nossa fé. Por isso, de novo digo, como é bom acolher as pessoas. Uma festa se caracteriza pela acolhida e pela hospitalidade. E nós sabemos, pela equipe de coordenação da festa, quanto carinho e com quanta preocupação tudo foi preparado. E sabemos que os espaços se tornam tão pequenos e tão limitados com tanta gente. Mas Deus seja louvado pela presença. Por tudo isso, que Deus lhes pague!”, agradeceu o frade.

                                                                           (toque nas imagens para ampliá-las)

Frei Pedro explicou que quando celebramos uma festa, a celebramos sob a inspiração de um Padroeiro. “Os Padroeiros são exemplos, são modelos, que nos convidam a modelar a nossa vida. Os padroeiros são espelhos. Olhando para eles, nós nos vemos melhor. Assim como olhando para o espelho nós nos vemos melhor, e procuramos também nos amar para condizer com a imagem que nós recebemos e gostamos de ter, assim quando nos olhamos para o Padroeiro, ele nos convida a um olhar interior radiográfico: O que nós fomos e o que não somos e o que precisamos caminhar para ser como eles foram e conforme eles nos querem que sejamos como Cristo, porque os santos e santas sempre são setas indicativas. Eles estão a nos dizer: ‘olha, o meio é Jesus’. Aliás é Santo Antônio, outro grande santo das festas juninas que, em seus ‘Sermões’, vai dizer: ‘O lugar próprio de Jesus é o meio, o centro. Ele é o centro de nossa comunidade’. Santos e santas são setas que nos indicam este centro para que nossa devoção a eles seja expressão de uma sadia espiritualidade”, refletiu.

Mas o frade lembrou que é importante ter em mente que os santos e santas não nasceram santos, mas percorreram o nosso caminho, sentiram os limites, as nossas fraquezas, mas foram capazes de grandes vitórias. “Esses são santos e santas, que viveram as fraquezas como nós, mas por isso mesmo se santificaram, pois somente quem se reconhece que é pecador pode chegar ao cume da santidade”, disse, citando que São Pedro e São Paulo são sempre lembrados juntos, mas foram muito diferentes um do outro. Segundo o frade, o Novo Testamento registra alguns constrangimentos, até desentendimentos, na maneira de ver, de entender e de anunciar Jesus Cristo e seu Evangelho. “Mas eles nunca se separam, sempre estiveram unidos e morreram unidos no mesmo amor a Cristo, recebendo a coroa do martírio”, disse, enfatizando: Esses santos imitaram a Cristo na vida, na morte e na ressurreição.

Foto oficial dos festeiros 2022 e dos representantes das 17 Comunidades da Paróquia São Pedro Apóstolo

Na conclusão de sua homilia, disse que resta para nós agora a grande resposta que os apóstolos já deram: “O testemunho de Pedro e Paulo é uma resposta a esta pergunta que Jesus fez: ‘E vós, quem dizeis que eu sou?’ Não é uma resposta que se dá teoricamente, mas se responde através da vida como fizeram os grandes campões da fé. Diz também o Papa João Paulo II que a nossa vida, que a nossa história e que o nosso destino, presente e futuro, depende da resposta que nós dermos com convicção e limpidez a esta pergunta de Jesus. E nós vamos dando através da nossa vida. Por isso, conhecer Jesus Cristo deve ser a nossa alegria, diziam os bispos latino-americanos, tê-Lo encontrado foi o melhor que aconteceu em nossas vidas e fazê-Lo agora conhecido por palavras e obras é a nossa missão, a exemplo desses grandes santos da fé”.

Espaço no Passeio São Pedro para cartazes e imagens das pastorais, movimentos e Comunidades

A MELHOR FESTA POSSÍVEL

O coordenador do Conselho de Pastoral da Comunidade (CPC), Cuniberto Francisco Kuhnen, falou em nome da comunidade e da organização da Festa.  Segundo ele, há poucos mais de três meses se decidiu pela realização da Festa de São Pedro, apesar das dúvidas em função da pandemia, do espaço físico e da disponibilidade em geral das pessoas. “O consenso foi: ‘Vamos fazer a melhor festa possível. Não a mais grandiosa, nem a mais bela, nem a mais rentável, simplesmente a mais viável possível”, contou.

O coordenador do Conselho de Pastoral da Comunidade (CPC), Cuniberto Francisco Kuhnen e a esposa Madalena

Segundo o coordenador, o primeiro desafio foi formar as equipes de festeiros, mas em uma semana já se tinha 50 festeiros comprometidos com a Festa. Depois havia o desafio de reunir as equipes de apoio, que estavam dispersas devido aos dois anos de pandemia. Mas não demorou muito e a generosidade falou mais alto e as pessoas deram o sim. “Diversas reuniões, cada equipe montou o seu grupo de trabalho e, juntos, formamos um grande grupo de voluntários. A partir daí, tudo ficou mais fácil. Aquilo que parecia um fardo pesado, tornou-se mais leve. E hoje estamos aqui alegremente celebrando 172 anos de festejos do nosso Padroeiro São Pedro Apóstolo e 150 anos da comunidade franciscana em nossa Paróquia. Por isso, lembro o tema geral: ‘Com São Pedro e São Francisco, somos instrumentos do amor e da paz’”, disse Cuniberto.

“E tenho certeza que foi com esse sentimento de amor e paz que você festeiro, festeira, equipes de apoio, acolheram este objetivo de fazer a melhor Festa possível. A todos o nosso sentimento de profunda gratidão”, completou, pedindo uma salva de palmas.

A Missa terminou com a foto oficial dos festeiros em frente a bela Matriz de Gaspar. Em procissão, a Sinfônica de São Pedro conduziu os festeiros, os frades e os representantes das 17 comunidades da Paróquia até o Passeio São Pedro, onde estava a imagem de São Pedro e todos os cartazes e imagens das pastorais, movimentos e comunidades. Durante toda a tarde, o grande destaque dos festejos populares foi o leilão de gado.

Coro Misto Santa Cecília: 123 anos de beleza e fé

Já se tornou uma tradição nas Missas solenes do dia do Padroeiro de Gaspar. As vozes do Coro Misto Santa Cecília deixam ainda mais bela e solene a Igreja Matriz de Gaspar. Não foi diferente neste domingo, na 172ª Festa de São Pedro Apóstolo. Com 123 anos de fundação, o Coro Misto Santa Cecília participa de diversos eventos culturais na cidade e das liturgias e missas solenes comemorativas. Também já se apresentou no Teatro Carlos Gomes com a Orquestra Prelúdio e participa de eventos culturais e celebrações de casamentos em Gaspar e região.

Nos 150 anos de presença franciscana em Gaspar, o Coro é um dos frutos colhidos pelos frades franciscanos que residiam na Fraternidade de Blumenau e que prestavam assistência religiosa na região. No começo, era regido especialmente pelos frades e, por isso, o repertório era composto de músicas sacras e cantos gregorianos. Mas em 1958, Egon Bohn assumiu a organização do coro, admitindo jovens cantores, um novo regente de instrução teórica e técnica vocal, o que levou à ampliação do repertório para músicas populares e folclóricas.

Em 1977 houve a fusão com o Clube Musical São Pedro, passando a dividir espaço físico na sede social, o que proporcionou a parceria em diversos trabalhos musicais. Em 30 de outubro de 1997, foi constituído juridicamente como entidade cultural sem fins lucrativos.

Da esq. para a dir.: Daniel, Cibele, Deise, André, Artur e Helena

O coro é uma das paixões de Deise de Souza Bohn. Prova disso são os 64 anos de dedicação à música. “A música foi o fator determinante para que a nossa vida fosse muito abençoada, porque vivemos música e canto, desde criança. Nos momentos mais difíceis eu não queria estar em outro lugar. Só queria estar aqui. Então, só tenho uma palavra para isso: amor”, diz Deise. Mãe de quatro filhos, para ela, sua vida foi abençoada por esse trabalho. “Eles vieram porque tanto o pai como a mãe participavam. Eles vinham juntos e aprenderam música. Sempre fizeram parte do trabalho”, conta.


Comunicação da Província da Imaculada Conceição  e João Guilherme Simon

Banda Sinfônica do Clube Musical São Pedro: 76 anos