Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Dom João Bosco: testemunhos que transformam vidas

18/10/2022

Notícias

Guaratinguetá (SP) – No terceiro dia de Novena em preparação à Festa de Frei Galvão, no Santuário Frei Galvão, em Guaratinguetá (SP), o bispo diocesano de Osasco, Dom Frei João Bosco Barbosa de Souza, presidiu a Santa Missa, e destacou na sua homilia os exemplos de São Lucas, que a Igreja celebra hoje, e de Frei Galvão, como construtores do Reino de Deus. O reitor do Santuário, Frei Diego Atalino de Melo, concelebrou e acolheu a todos os fiéis devotos e o “filho desta terra, que tão carinhosamente veio de longe, de Osasco, para celebrar conosco”.

Na festa deste ano, estão sendo recordados os 200 anos da passagem de Frei Galvão para a eternidade, com o tema: “É morrendo que se vive para a vida Eterna”. Uma motivação proveniente da Oração da Paz atribuída a São Francisco de Assis. O gesto concreto deste terceiro dia da Novena foi a doação de arroz.

Dom Bosco falou de sua alegria de estar celebrando nesta Festa de Frei Galvão e disse que queria que estivessem presentes no Santuário aqueles que são da Paróquia dedicada a Frei Galvão, na cidade de Vargem Grande. “Queria que todos estivessem aqui nesse tempo em que estamos lembrando os duzentos anos da morte do nosso querido Frei Galvão. A gente olha esse período que passou e, através de Frei Galvão, nós vamos mais fundo enxergar lá no início, lá nos primórdios da fé cristã, Jesus enviando os seus discípulos para pregar o Evangelho da paz. Que coisa preciosa a gente perceber que aquilo que nós vivemos hoje, que aquilo que viveu Frei Galvão há duzentos anos, aquilo que São Francisco descobriu no Evangelho, e, lá no começo, São Lucas escrevendo esse trecho do Evangelho nos permite chegar até pertinho de Jesus, que enviou os seus discípulos a pregar o Evangelho da paz”, disse o bispo diocesano.

Segundo ele, São Lucas é um elo importante nesta corrente. “Basta lembrar que naquele tempo não tinha nenhum outro meio para registrar as palavras de Jesus. Não tinha gravador, não tinha vídeo, não tinha a TV Frei Galvão que nós temos hoje aqui, funcionando e levando para todo o lado a nossa palavra, nossa imagem. Poucos sabiam ler e escrever, pouquíssimos sabiam fazer com tanta arte aquilo que São Lucas registrou com preciosidade, no seu Evangelho e também nos Atos dos Apóstolos, onde a gente vê os primeiros passos da Igreja, hoje espalhada pelo mundo inteiro. Mas naquele tempo estava começando. E São Lucas é caprichoso de dizer que Jesus enviou os seus 12 apóstolos primeiro e depois outros 72 discípulos, e com esse número 72, São Lucas estava expressando o número dos países, dos grupos humanos daquele tempo, como se ele quisesse dizer: É para o mundo inteiro que nós devemos levar o Evangelho”, disse.

Dom Bosco lembrou que Lucas o escolheu essa missão. “E notem que São Lucas não conheceu Jesus. São Lucas cresceu e converteu-se numa comunidade distante de Jerusalém, na Antioquia, e lá com São Paulo Apóstolo ele descobriu a riqueza do Evangelho e saiu, os dois e outros tantos, levando o Evangelho de cidade em cidade, como Jesus pediu. São Lucas, ouvindo as histórias de São Paulo Apóstolo, começa a juntar todos esses relatos, pesquisou porque ele era uma pessoa que tinha conhecimentos, inclusive de medicina da época. Ele, com toda a sua genialidade, descreveu para a gente de maneira precisa aquilo que foi o trajeto do Verbo de Deus desde a anunciação de Maria. Que linda a cena do anjo chegando até Maria. Depois, o nascimento de Jesus, todos os fatos que aconteceram a partir dali, toda história da evangelização, da pregação do reino, e, por fim, a ressurreição de Jesus que nos faz participar de sua vida”, descreveu.

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“São Lucas nos deixou um testemunho tão vivo que nós podemos olhar hoje e transformar a nossa vida”, afirmou, ilustrando com uma passagem em que São Francisco de Assis, ao chegar um dia numa igrejinha, pediu ao padre que estava ali para ler uma passagem da Bíblia. E o padre abriu na passagem do Senhor enviando os seus discípulos ao mundo sem levar sacolas, sem calçados, sem segurança, sem nenhum recurso, apenas levando a paz para as pessoas, levando a grande notícia do Reino de Deus próximo das pessoas quando existe amor”, explicou.

Ao ouvir essa passagem, Francisco exclamou: “É isso que eu quero, é isso que procuro, é isso que eu vou fazer”. Segundo o bispo, Francisco tomou a frase ao pé da letra e, a partir dali, começou a história franciscana.

“Seiscentos anos depois, Frei Galvão escuta a mesma história de São Francisco e sai também oferecendo a sua vida para evangelizar, da mesma forma que os primeiros enviados por Cristo. Não é fantástico? Sem levar nada, o que ele andou por essas terras entre nós, não só aqui em Guaratinguetá, mas desde o Rio, São Paulo, interior de São Paulo e até no Paraná, andando a pé, levando a Palavra de Deus, levando a Paz, levando o perdão de Deus, fazendo com que as pessoas encontrassem o Cristo verdadeiro através da sua vida, dos seus sofrimentos, reconciliando as pessoas, fazendo a caridade prática de atender os necessitados com o pão”, situou. “Frei Galvão, tomando a mesma Palavra e transformando a sua vida, e transformando a vida das pessoas”, acrescentou.

Para ele, a Igreja hoje pede exatamente isso: ser uma Igreja missionária. “O Papa Francisco insiste tanto em uma Igreja em saída, missionária. Em saída significa não ficar plantado esperando que as pessoas venham, mas ir ao seu encontro. E nós precisamos encontrar os caminhos hoje, para realizar o mesmo que Frei Galvão encontrou, o mesmo que São Francisco desejou e fez, o mesmo Lucas encontrou nas Palavras de jesus e registrou no Evangelho. É ele Jesus Cristo, que caminha conosco durante toda essa história”, ressaltou.

.Dom Bosco lembrou que a Igreja vai celebrar mais um ano jubilar em 2025. “O Papa Francisco já anunciou que será um ano todo para a gente buscar o mesmo caminho de Cristo em uma caminhada sinodal. Ele fala muito essa palavra, para a gente não se dispersar e andar junto com Jesus Cristo e juntar tantos outros que por muitas razões nesse mundo, se desviaram por tantos caminhos. Juntar todos através da Palavra, da unidade da Igreja, num caminho único que vamos estar celebrando em 2025”, frisou.

“Deus nos permita ter coragem nesse mundo tão adverso de viver a Palavra de Deus descrita por Lucas, viver a Palavra de Deus vivida por Francisco e testemunhada por Frei Galvão e tantos outros que o seguiram”, completou.

 Muito além dos mosteiros, Frei Galvão é construtor do Reino de Deus

 O presidente da Santa Missa, às 15 horas, Frei Leandro Costa Santos, convidou os fiéis devotos do primeiro santo brasileiro a refletirem sobre o tema deste dia: “Frei Galvão, construtor do Reino de Deus”. Frei Leandro teve como concelebrante Frei Diego Atalino de Melo, reitor do Santuário. O gesto concreto deste terceiro dia da Novena foi a doação de arroz.

Frei Leandro explicou que Frei Galvão é ligado à construção do Mosteiro da Luz, na avenida Tirantes, em São Paulo, o local onde está sepultado o santo brasileiro, e por esse fato é conhecido como o Patrono da Construção Civil, dos engenheiros, dos arquitetos, dos pedreiros e pintores. Segundo o celebrante, ele não construiu aquela casa para ser identificado como um pedreiro. “Frei Galvão, ao construir o Mosteiro da Luz, uma obra material, trabalhava para a construção do Reino de Deus”, explicou.

“Frei Galvão, ao seguir os passos do nosso Pai fundador, tomou conhecimento de uma página da vida de São Francisco de Assis, quando na periferia de Assis ele reconstruiu a igreja de São Damião. Logo após a sua conversão, quando o Crucifixo fala para ele: ‘Francisco, vai e repara minha casa que está em ruína’, ele passou a reconstruir capelas. Mas aquela capela, como o mosteiro da Luz, era só um fato que revelava algo muito maior. Deus chamava Francisco para ser construtor de sua Igreja, um reformador a partir daquilo que vivia”, explicou o frade.

Segundo Frei Leandro, além da igrejinha de São Damião, Francisco reformou a Igreja de São Pedro e a Porciúncula, e Frei Galvão, no antigo caminho de Guarepe, onde havia a ermida de Nossa Senhora da Luz, hoje Mosteiro da Luz, ali Deus o chamou para reconstruir a sua Igreja, reformar a sua Igreja, a partir dessa reconstrução material. “Mas a maior provocação de Deus no coração de Frei Galvão, como foi para Francisco, era o chamado a um novo tempo, de modo que Frei Galvão, fazendo a sua missão de pregador do Evangelho e também de pedreiro, reconstruísse muitos corações, muitas vidas e ajustasse muitas situações de pessoas que estavam ao seu redor. Esse foi o legado que até hoje reconhecemos de Frei Galvão. Todos nós, uma vez que nos envolvemos com o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, nos tornamos pessoas que reformam vidas, que reconstroem vidas”, ressaltou o celebrante.

Segundo Frei Leandro, Cristo reuniu os 12 e depois mais tantos outros discípulos e os enviou para que fossem à sua frente convidando as pessoas a experimentarem o Reino de Deus. Dois a dois, falando de Deus, convidando as pessoas à conversão, a abandonar o pecado e abraçar o Evangelho. “Quando nos encontramos alguém que está machucado, ferido, vemos uma pessoa destruída. A gente costuma falar: ‘Estou cansado, estou destruído, tive um dia difícil e preciso de alguma coisa para me refazer’. A gente usa essa expressão e tem esse sentimento. E é justamente com esse sentimento que ora vamos à presença de Deus para ser reconstruído, ora nós somos chamados a reconstruir vidas”, observou.

“Cristo, quando apresenta a sua Palavra, ele vai dizer o seguinte: ‘Quando você for construir a sua casa, quando for colocar os seus alicerces, procure a areia, certo? Não. Ele pede para construir a casa sobre a rocha, num terreno firme. Porque a nossa vida tem que ter essa base. A nossa vida e a vida de nossos familiares. Para ter uma vida sólida, temos que buscar isso”, indicou.

Frei Leandro também lembrou que Cristo ensina a não construir e não almejar nada que as traças venham a deteriorar. “Construa sua vida nos céus, onde traça nenhuma chega. Frei Galvão, a todo instante, apresentava às pessoas em São Paulo, no interior do Estado, no Rio de Janeiro e até o Paraná, dizendo: ‘Olha, tenha a sua vida toda ela voltada aos céus’. A obra de Frei Galvão, o Mosteiro da Luz, foi muito significativa, mas é um sinal material de uma realidade muito maior. As pílulas de Frei Galvão, esse devocional de fé, é um sinal material muito maior. O que nós fazemos aqui, celebrando a Eucaristia, nos reunindo em comunidade, é um sinal muito maior. Todos nós queremos experimentar o Reino de Deus, mas nós temos que construir a estrada na rocha firme para alcançar o Senhor”, lembrou.

“E tenho a certeza, que aquele e aquela, assim como Frei Galvão, tiver a lucidez do Evangelho, esse sim alcançará o Reino dos Céus. Está aí o Evangelho, a vida de Frei Galvão e de tantos outros cristãos apontando, de fato, que a nossa vida tem que ser consumida por aquilo que é eterno, por aquilo que vem de Deus”, animou.

Por fim, segundo o frade, a frase que mais se repete, segundo aqueles que estudam a Sagrada Escritura, dentre tantos acréscimos que são feitos e colocados pelos evangelistas na tarefa de reunir os relatos sobre Jesus, é o seu imperativo: ‘Anunciem o Reino de Deus!’. “Essa é fala literal de Cristo. Anunciem o Reino de Deus, proclamem o reinado de meu Pai. Lucas trouxe isso no Evangelho que escutamos, esse homem que foi um conhecedor de Cristo para além dos doze, que dá testemunho de Pedro, de Paulo, aquele que escreveu o Livro dos Atos dos Apóstolos, está falando de uma Igreja solidificada em Jesus Cristo. E ele ajudou na construção do reinado, deixando o Evangelho, que ele mesmo se detém a escrever. São Lucas é um construtor do Reino de Deus na tarefa de evangelizador”, disse, no dia que a Igreja celebra São Lucas.

“Que São Lucas, que São Frei Galvão, que São Francisco de Assis nos faça sempre conscientes de nossa missão e nessa vida solidificada na rocha, que é o próprio Cristo!”, completou.

Frei Galvão vai às Periferias existenciais

Visita ao Lar dos Velhinhos São Francisco de Assis

Hoje, dia 18, as atividades da Semana Missionária tiveram continuidade durante a Festa de Frei Galvão. A visita foi ao Lar dos Velhinhos de São Francisco de Assis. Levando uma mensagem de paz e conforto, os missionários manifestaram a pessoa de Jesus Cristo presente na vida de Frei Galvão, com gestos de partilha.

O primeiro santo brasileiro não mediu esforços para praticar em obras aquilo que aprendeu com a Palavra do Santo Evangelho. Todos nós somos chamados a ser mensageiros da paz. Com a graça da velhice, a humanidade é chamada a aprender a ser perseverante.


PROGRAMAÇÃO

19 de outubro – Quarta-feira (Gesto concreto: Açúcar)

09h00 – Missão: Visita ao Presídio P1 de Potim
15h00 – Missa do 4° dia da Novena – Tema: “Frei Galvão, Administrador Fiel da Caridade”.
19h30 – Missa do 4° dia da Novena – Tema: “Frei Galvão, Administrador Fiel da Caridade”
19h00 – Barraquinhas de Doces e Salgados


Equipe de Comunicação do Santuário Frei Galvão