Deus respeita a liberdade de seus filhos
21/08/2015
Frei Gustavo Medella
Tanto na primeira leitura do Livro de Josué (Js 24,1-2a.15-17.18b), quanto no Evangelho (Jo 6,60-69) deste 21º Domingo do Tempo Comum, um dos temas em maior destaque é a liberdade que Deus concede a seus filhos e filhas. Por outro lado, a liberdade de escolha concedida pressupõe responsabilidade. Aderir a um ou a outro projeto pressupõe a disposição para se assumir as consequências próprias da escolha.
Na voz do profeta Josué, o Senhor propõe às lideranças das tribos de Israel que escolham a que deus desejam servir. E eles, usando do bom senso e da percepção histórica que possuíam, concluíram que o caminho da verdadeira realização é seguir ao Senhor que realizara em suas vidas os prodígios de libertação e bonança. “Não dá para não servir ao Deus”, é a conclusão a que chega o povo de Israel ao confrontar-se com a própria história.
No Evangelho, diante da dureza da missão e de seu seguimento, Jesus também deixa os discípulos totalmente livres: “Vocês também querem ir embora”, pergunta o Mestre? Pedro, o mais intempestivo e passional dos apóstolos, toma a dianteira e, como porta-voz do grupo, reconhece que, com todos os desafios, a fidelidade a Cristo é um caminho seguro para a vida eterna, mesmo que muitos outros tenham abandonado o percurso.
Na vida, também nós estamos sujeitos a este tipo de dilema. Temos no coração inúmeros impulsos, desejos, sonhos e dúvidas que nos levam a procurar o sentido da vida em diferentes deuses, chamando-os ou não pelo nome de deus. E Deus (com letra maiúscula)? Este permanece à disposição, respeitando inteiramente a nossa liberdade. Colocar no lugar de Deus a forma física ideal, o prestígio, a fama, a grande quantidade de dinheiro e bens é perder-se por estradas que levam a lugar nenhum, que impedem o ser humano de desenvolver a eternidade que traz dentro de si. Quem se consagra a estes ídolos escolhe um caminho que leva ao nada, ao vazio daquilo que acaba quando o coração tem sua última pulsação. É o fim.
Peçamos ao Senhor de não cairmos na ilusão da idolatria, e que encontremos n’Ele o verdadeiro sentido de nossa existência, para fazermos jus ao status que Deus nos elevou: o de filhos e filhas da eternidade.