Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

D. Odilo: “Cuidar dos pobres, dos doentes, como Jesus mandou, faz parte do Evangelho”

24/10/2022

Notícias

Guaratinguetá (SP) – O Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, presidiu a Santa Missa, às 19h30 desta segunda-feira (24/10), no encerramento da Novena em preparação à Festa de Frei Galvão, no Santuário Frei Galvão, em Guaratinguetá (SP), véspera da solenidade do Santo brasileiro. O reitor do Santuário, Frei Diego Atalino de Melo, concelebrou e acolheu com carinho e gratidão Dom Odilo por ter aceito o convite para celebrar nesta noite.

Frei Diego também saudou e agradeceu o Coral Arquidiocesano de Aparecida pela animação litúrgica.

A festa deste ano faz memória do bicentenário de morte de Frei Galvão (1822–2022), com 10 dias de intensa programação litúrgica e celebrações, acompanhadas de festa externa com shows e comidas típicas. Desde que os frades franciscanos da Província da Imaculada Conceição assumiram o Santuário, em 11 de abril de 2021, esta é a primeira festa totalmente presencial.

O tema da Novena deste último dia foi: “Frei Galvão, esperança dos enfermos”. O tema central, contudo, refere-se aos 200 anos da passagem de Frei Galvão para a eternidade: “É morrendo que se vive para a vida Eterna”. Uma motivação proveniente da Oração da Paz atribuída a São Francisco de Assis. A cada dia da Novena foram arrecadados alimentos e produtos de higiene pessoal para formarem cestas básicas.

“Alegro-me por celebrar com vocês hoje neste Santuário de Santo Antônio de Sant’Anna Galvão, em Guaratinguetá, a terra onde ele nasceu. Lá em São Paulo sou vizinho de Frei Galvão. O túmulo dele está no Mosteiro da Luz, na Avenida Tiradentes. Vocês já foram lá?”, perguntou, pedindo que não deixem de visitar o Mosteiro da Luz, onde residem as Monjas Concepcionistas desde o tempo de Frei Galvão.

Dom Odilo recordou que também se celebra neste ano os 15 anos da canonização de Frei Galvão. “Foi em São Paulo, no dia 11 de maio de 2007, quando o Papa Bento XVI passou por São Paulo e depois veio para Aparecida inaugurar a Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe”, recordou, citando que Frei Galvão é o primeiro santo nascido no Brasil. “Antes dele já tinham outros santos, como Madre Paulina, que não nasceu no Brasil, mas cresceu e viveu no Brasil. Foi a primeira santa do Brasil canonizada pela Igreja”, explicou.

Guaratinguetá, portanto, é “terra abençoada que viu nascer um santo e que, com toda razão, alegra-se, orgulha-se e, claro, tem o compromisso de honrar o nome de Santo Antônio de Sant’Anna Galvão e dele aprender sempre de novo as lições, os ensinamentos, os exemplos que ele deixou”, frisou Dom Odilo.

“Os santos são a parte bonita da Igreja. Os santos são membros da Igreja, são os grandes católicos, os grandes cristãos, os grandes discípulos de Jesus, aqueles que fizeram coisas boas. Nós tentamos. Todos nós somos chamados a sermos santos, mas vamos tentando. Os santos fizeram grandes coisas. Não só Frei Galvão, mas tantos outros, os grandes santos da Igreja fizeram grandes coisas como discípulos de Jesus. Não são ideias, não são mitos, são gente de carne e osso”, ressaltou.

Para o celebrante, Frei Galvão não caiu das nuvens, mas foi uma pessoa real. “Gente de carne e osso. Aqui ainda tem parentes de Frei Galvão. Ele pertenceu a uma família, foi à escola, cresceu aqui, depois entrou num convento para ser religioso, passou pelo Rio de Janeiro, depois pela Bahia e se tornou religioso. Viveu longamente no Convento São Francisco, em São Paulo, e deu exemplo de grande dedicação aos doentes, aos pobres. Era um homem sábio, não porque tinha diplomas, mas tinha a sabedoria de Deus, da fé. Por isso, muitas pessoas iam pedir conselhos a ele. Coisa bonita. É um dom do Espírito Santo pessoas que têm sabedoria, a sabedoria de Deus, e são capazes de dar conselhos, de ajudar as pessoas a discernir sobre a vida. Essas pessoas acabam sendo procuradas porque têm um dom especial de Deus”, observou.

Mas Frei Galvão também se dedicou especialmente à população em geral mais carente. “E, neste sentido, também as senhoras que não tinham muitas vezes onde ficar. Foi por aí que nasceu o Recolhimento da Luz, que depois se transformou no Mosteiro da Luz. Primeiramente era um recolhimento para senhoras, viúvas que ali tinham seu espaço e eram cuidadas pelas Monjas Concepcionistas”, explicou.

“Hoje, nós lembramos um aspecto importante da vida de Frei Galvão. O cuidado, o amor aos doentes. E aí, recordamos uma coisa bonita a partir do Evangelho de hoje. Nós ouvimos como Jesus está na Sinagoga, que é a Igreja daquele tempo, e ali entra uma mulher toda encurvada e Jesus a cura: ‘Mulher, você está livre de seu mal, levante a cabeça’. E naquela hora ela se endireitou e ficou bem. O povo exultou de alegria. O chefe da Sinagoga não gostou porque era o dia de sábado e, sendo sábado, era o dia de Deus e na ideia do chefe da sinagoga, curar os doentes era um trabalho que não podia se fazer no sábado, no dia de Deus. Mas Jesus é o Filho de Deus e Ele diz: ‘Não é o homem que é feito para o sábado, mas o sábado que é feito para o homem’. Ou seja, o sábado é dia de descanso, dia que se consagra em honra de Deus, assim é o domingo para nós, o dia em honra de Deus, é o dia das maravilhas de Deus. Para nós, o sábado é o domingo. Porque sábado, em hebraico, significa descanso”, acrescentou.

     (toque nas imagens para ampliá-las)

“Pois bem, no domingo nós recordamos as maravilhas das maravilhas de Deus, que é a ressureição de Jesus, a vida nova, a esperança, a vida eterna que irrompe no mundo mediante a ressurreição de Deus. E Jesus, em dia de sábado, manifesta as maravilhas de Deus. Por isso que o domingo, para nós, é o dia do Senhor, onde vamos à igreja, honramos a Deus, professamos a nossa fé, ouvimos a Palavra de Deus, recebemos a Eucaristia e saímos em missão novamente a anunciar as maravilhas de Deus e a Boa Nova. E domingo é também o dia dos doentes. Domingo deveria ser o dia de nós visitarmos os doentes, sobretudo aqueles que estão nas casas, ainda mais se for da família. É dia de lembrarmos dos doentes para levar a eles a alegria da festa do dia do Senhor”, exortou.

Jesus está sempre rodeado de doentes, como mostram os evangelistas Lucas e Marcos. “E o que faz Jesus? Manda todos embora?”, pergunta Dom Odilo. Jesus acolhe a todos, impõe as mãos, cura, consola, conforta. Jesus não passa perto de um doente sem dar atenção, reforça o celebrante.

“Chegando em casa peguem o Evangelho e deem uma olhada lá. Quantas passagens onde Jesus está cercado de doentes e de gente sofredora. E o que Jesus faz? Jesus deu toda atenção aos doentes. Antes de Jesus subir aos céus, ele enviou os apóstolos em missão: ‘Ide por todo o mundo e anunciai o Evangelho a toda criatura’ e ‘curai os doentes’. A preocupação de Jesus são os doentes, sinal que dá credibilidade ao anúncio do Evangelho. Se anunciamos o Evangelho, mas não temos a caridade com os doentes e os pobres, de nada adianta. Eles que são o sinal de nossa credibilidade e pregação de nossa vida cristã”, enfatizou.

“Por isso, vocês não vão encontrar nenhum santo que não tenha tido essa preocupação. Sempre vão encontrar essa preocupação deles com os doentes e os pobres. Ah, mas hoje, o pessoal diz que quem cuida dos pobres é comunista. Vocês já ouviram falar isso? Então, Jesus foi comunista, Jesus mandou fazer isso! Não, não, isso não é ser comunista. Isto é cuidar dos pobres, dos doentes, como Jesus mandou, faz parte do Evangelho. Não nos deixemos enganar. Faz parte do Evangelho! Todos os santos fizeram isso, nos deram o exemplo. E Frei Galvão, que nós recordamos, deu o exemplo de grande de dedicação aos doentes. Dizem até que ele tinha aqueles momentos de ser chamado por um doente lá longe e teve o dom da bilocação”, enfatizou.

Para Dom Odilo, Frei Galvão, pede hoje que cuidemos bem dos doentes. “É caminho de Jesus. Caminho do Evangelho. Já dizia lá no começo da Igreja o Apostolo São Tiago: se tiver um doente entre vocês, chamem os ministros da Igreja”, disse, ressaltando que cuidar dos doentes “faz parte da nossa vida da Igreja, da pastoral”.

“Cuidem dos doentes, dos pobres. Se praticarmos as obras de misericórdia, nossa ficha lá no céu estará boa. Então, Santo Antônio de Sant’Anna Galvão, rogai por nós. Ajude-nos a cuidar dos doentes como você cuidou. Não deixem passar o tempo, o doente muitas vezes não espera, tem pressa. Visite os doentes, reze pelos doentes e organize o cuidado dos doentes para que nenhum doente fique desassistido. Santo Antônio de Sant’Anna Galvão, rogai por nós”, pediu.


MISSA DAS 15 HORAS

“A mentira é a doença mais desgraçada do nosso tempo”, diz Pe. Renan

No encerramento da Novena em preparação para a Festa de Frei Galvão, Pe. Renan Rangel dos Santos Pereira, reitor do Seminário Missionário Bom Jesus de Aparecida (SP), fez a primeira reflexão na Missa das 15 horas no Santuário Frei Galvão, em Guaratinguetá (SP). Nesta véspera da solenidade do santo brasileiro, o tema do dia foi “Frei Galvão, esperança dos enfermos”.

Pe. Renan, Pe. Luís Hernando e os seminaristas do Seminário Bom jesus foram acolhidos por Frei Leandro Costa. O gesto concreto deste dia foi a doação de fraldas geriátricas.

Antes da oração do Pai Nosso, Pe. Renan tocou num dos problemas que mais causam preocupações no nosso país. “Durante dois anos da pandemia, nós vivemos um antagonismo: por um lado havia o fechamento, o isolamento, o medo. Por outro lado, havia a realidade dos doentes e tantas pessoas que morreram sem nem ter o conforto dos seus entes queridos por perto. Vamos pedir a Deus, a graça da cura, da cura do nosso coração, para que nós sejamos sensíveis como foi Frei Galvão às doenças do nosso tempo. E, ultimamente, a doença mais desgraçada que nós temos não é a Covid. A doença mais desgraçada é a mentira, é o ódio, é a divisão. Senhor, livrai-nos da doença do mal, livrai-nos da doença de rotularmos uns aos outros por causa de partidos políticos, livrai-nos da doença de matarmos o outro por causa do seu jeito de pensar e, o pior, livrai-nos da doença de nos chamarmos cristãos vivendo assim. Que a nossa fé seja para formar em nós uma sensibilidade verdadeira pela vida”, pediu.

Pe. Renan lembrou na sua reflexão que a mãe de Frei Galvão ensinou a família, desde criança, a ter sensibilidade para com os necessitados. “E como ela ensinou a ter essa sensibilidade? Conta-se que não saía um pobre daquela sua casa sem ser atendido. Que sonho se a gente pudesse dizer que dá porta da minha casa não sai ninguém sem ser atendido, da porta de casa não sai ninguém sem receber um sorriso, da porta da minha casa não sai ninguém sem receber uma palavra amiga. Hoje, nós não temos mais coragem de abrir as nossas portas, hoje temos medo de receber alguém. Da porta da família de Frei Galvão não saía ninguém sem ser atendido”, disse.

Foi assim, com essa sensibilidade que o menino Antônio cresceu, tornou-se homem e ganhou uma identidade. “A identidade que esse homem ganhou não foi a identidade do seu nome, mas foi a identidade descrita na primeira leitura, quando São Paulo disse assim: ‘Sede filhos da luz’. O que significa ser filho da luz? Significa ser sensível à luz de Deus, ser sensível à verdade, ser sensível ao amor, ser sensível à paz, ser sensível à justiça, ser sensível à caridade, ser sensível ao serviço aos mais necessitados. A identidade que esse homem ganhou desde o ensinamento do seu pai e da sua mãe ensinaram ele a viver a fé, o amor, fez com que ele se tornasse um homem de Deus”, explicou o celebrante.

                                                                                     (toque nas imagens para ampliá-las)

“Se eu quero ser como Frei Galvão, tenho que ser filho da luz. Eu não posso aceitar as trevas, eu não posso curvar a minha cabeça ao mal. Não posso desistir do bem, da esperança, do amor. Não posso desistir da verdade. E, às vezes, meus irmãos somos bombardeados de todos os lados, e até de dentro da Igreja, por sinais de contra-esperança, por sinais de contra-testemunho, de contra-amor. Mas nós precisamos viver como filhos da luz. Não podemos tombar a nossa cabeça. Não podemos desistir de sermos filhos de Deus. Não podemos desistir de amar, de servir e de fazer o bem”, exortou.

Pe. Renan ressaltou que não é preciso fazer barulho para ajudar os pobres. “Não precisa de muitos holofotes, não é preciso parecer, mas é preciso ser. A luz não precisa aparecer, ela já ilumina naturalmente”, questionou.

O celebrante citou dois milagres de Frei Galvão, como o homem que tinha pedra no rim e a mulher que estava em perigo durante o parto. Eles foram curados com pílulas enviadas por Frei Galvão. “O santo pediu a intercessão de Nossa Senhora através da pílula. O milagre não está em comer o papel, mas na sensibilidade de quem se deixa tocar pela necessidade do outro”, ensinou.

“E quantas vezes, meus irmãos e minhas irmãs, nós somos insensíveis a quem está do nosso lado, e não tem espaço para falar do seu coração, porque nós não temos tempo de ouvir. Quantas vezes, o oque o outro precisa é de um sorriso, de um abraço, de uma mão estendida. O outro precisa ser compreendido, precisa de um carinho, de um afago. E nós, insensíveis, porque estamos fechados em nós mesmos e, pior de tudo, comendo as pílulas de Frei Galvão como se fosse amuleto”, lamentou.

“Que ao tomarmos a pílula de Frei Galvão recebamos a maior graça, a graça da sensibilidade, para podermos fazer o que Deus quer. Para que possamos ser o que Deus quer, mas sobretudo que possamos esticar o nosso braço na direção do irmão, sobretudo o mais necessitado”, concluiu.

PROGRAMAÇÃO PARA O DIA DE FREI GALVÃO

O dia 25 de outubro, feriado na cidade de Guaratinguetá, começa com a Missa da Alvorada, às 6h, seguida da Missa transmitida pela TV Aparecida, às 9h. Às 12h haverá a Missa da Família Missionária de Frei Galvão. No período da tarde, às 15h, começa o Terço da Misericórdia e, às 15h30, Missa Solene transmitida pela TV Canção Nova.

Em seguida, às 17h, os fiéis percorrerão as ruas das imediações do Santuário Frei Galvão, em procissão com a imagem de Frei Galvão, que se encerrará com a Missa Solene das 19h, transmitida pela Rede Vida de Televisão e presidida pelo Arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes.

Fora das celebrações, o povo terá um encontro com o cantor sertanejo Fábio Satim e banda.

CONFIRA O TRAJETO DA PROCISSÃO


Equipe de Comunicação do Santuário Frei Galvão