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D. Leonardo: “Sejam semeadoras da esperança”

16/01/2015

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Moacir Beggo

catequistas_2Há cem anos era lançada, na pequena Rodeio do Vale do Itajaí (SC), a semente da missão evangelizadora das Irmãs Franciscanas Catequistas. A planta que era para atender às necessidades locais, ganhou o mundo. O carisma das Franciscanas Catequistas atravessou fronteiras e mares e, agora, neste dia 14 de janeiro,  retornou a Rodeio para celebrar a graça das origens. “Hoje, Rodeio não é lugar geográfico. É lugar de encontro, é lugar-fonte!”, disse D. Leonardo Steiner, Bispo Auxiliar de Brasília e Secretário Geral da CNBB, que presidiu a celebração eucarística do jubileu às 10 horas.

A festa, contudo, começou logo cedo (8h30). Na localidade chamada Rodeio 50 (fora da cidade) teve início a celebração do jubileu com uma carreata. Neste lugar, a Congregação deu os primeiros passos com três jovens: Amábile Avosani, Maria Avosani e Liduína Venturi. “A comunidade de Rodeio 50 nos acolheu como acolhera as primeiras fundadoras! Os sinos tocaram, como naquele 14 de janeiro de 1915, chamando o povo para missa! No entrada da Igreja, crianças, jovens, colonos, irmãs e frades, reconstituíram o contexto e a cena do fundante ‘sim, para sempre!'”, escreveu Irmã Maria Fachini no site das Congregação.

Após a bênção da placa do centenário, a carreata se dirigiu ao centro de Rodeio, tendo entre eles um carro recordando os fundadores e fundadoras, com a presença de parentes próximos das primeiras irmãs. No caminho, apenas uma breve pausa na casa da família Tambosi, que acolheu as ‘mestras’ Maria e Liduína. Na Casa-Mãe, de onde se expandiu o carisma da Congregação, a carreata cresceu para mostrar todo o alcance missionário das Catequistas no mundo. Na Vila Italiana, local da celebração, o povo recebeu com alegria o cortejo que veio de Rodeio 50.

O grande momento no pavilhão principal não poderia ser diferente. Além do secretário Geral da CNBB, o Ministro Provincial Frei Fidêncio Vanboemmel, representando a Província Franciscana da Imaculada Conceição,  bispos de todo o Brasil, sacerdotes, religiosos, seminaristas se juntaram  às irmãs para celebrar este momento histórico.

As leituras (Ef 1,3-14 e Lc 1,39-59) da celebração eucarística destacaram a vocação das Irmãs Catequistas e como disse D. Leonardo, “elas despertam as entranhas de nossa vocação e missão”.

catequistasO bispo franciscano partiu do Evangelho, quando Maria se pôs a caminho apressadamente para visitar sua prima Isabel, e lembrou que o Papa Francisco que não se cansa de pedir por uma Igreja ‘em saída’. “Pôr-se a caminho, partir, sair, tem sabor de fonte inesgotável para uma Irmã Catequista Franciscana na celebração dos 100 anos do chamado que se fez caminho. Amábile, Maria e Luduína partiram para não mais voltar. Poderíamos repetir as palavras do Evangelho depois do convite de Jesus a Pedro, Tiago e João: deixando as redes elas seguiram a Jesus. Partiram e estiveram a caminho e colocaram a caminho tantas jovens tomadas pela generosidade de servir os pequenos”, disse D. Leonardo.

Segundo o bispo, as irmãs também partiram apressadamente como Maria: com disponibilidade, generosidade. Havia nelas uma jovialidade: passos de mulheres da terra, mas com a suavidade de quem leva vida nova, esperança, consolo. Sim, eram mulheres admiravelmente joviais, gratuitas, como camponeses que vivem do trabalho de suas e do cultivo generoso de uma missão. Apressadamente, incansáveis, prodigas, generosas. Havia nelas uma agilidade própria de jovens que servem à mesa dos necessitados.

“Colocaram-se a caminho de modo admirável: simples, pobre, despojadas, alegres, menores, gratuitas! Essa gratuidade as manteve a caminho! Que fonte extraordinária, queridas Irmãs Catequistas: serem impulsionadas, revigoradas, transformadas pela gratuidade de servir como catequistas. Poderíamos repetir as palavras do Apóstolo Paulo: “Não tenho ouro nem prata, mas o que tenho vos dou: Cristo Jesus! Uma vida a serviço! Sim, oferecer Jesus, iniciar as pessoas na vida do Reino cordial e gratuitamente”, acrescentou o Secretário Geral da CNBB.

Ele lembrou que elas foram servir os pequenos: “Ofereceram a vida do Evangelho e o pão da educação. Vivendo nas pequenas comunidades, no meio do povo, com o povo, como o povo, sempre a caminho, servindo. Esse modo de vida, o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo as fez menores com os menores. Moraram com os menores na casa dos menores”.

Nesta Ação de Graças, D. Leonardo pediu que cada Irmã Franciscana Catequista seja tomada pela santidade da caridade, do serviço. “A graça e a vida do Evangelho fecunde e transforme vossa vida. Sejam como Catequistas semeadoras da esperança que acreditam na força de uma só semente para que nenhum de nossos irmãos e irmãs pobres sinta-se só, abandonado. Eles possam encontrar na Irmã Catequista aconchego, proximidade, familiaridade, sabedoria, consolo, o caminho de Deus. Sejam terra boa e fértil onde a Palavra de Deus dará muito fruto. Frutos de amor-serviço!”, motivou D. Leonardo.

No momento da profissão de fé, a Ministra Geral Ir. Izaura Souza Cordeiro chamou ao altar Irmã Maria Ossemer (representando o projeto com os indígenas Guarani-Kaiowá) e Irmã Ana Maria Cerqueira, jovem negra, representando o projeto de educação em Angola. Com este gesto, renovou a consagração, reafirmando o compromisso de viver o carisma e, como marco do centenário, o compromisso especial com estes dois projetos.

catequistas3Ao final da missa houve a entrega de uma lamparina confeccionada por mulheres indígenas do povo Tucano de São Gabriel da Cachoeira (AM), às províncias, representantes das famílias das fundadoras, aos frades e a outras pessoas que acompanharam de perto a Congregação, enquanto se ouvia o canto: “Não deixe a lamparina apagar!”. Também foi distribuída a recordação do centenário para todas as pessoas participantes da celebração e as comemorações continuaram com um almoço festivo e uma Tarde Cultural.

PROXIMIDADE

A Congregação das Irmãs Catequistas Franciscanas nasceu em 1915, da iniciativa de Frei Polycarpo Schuen, pároco de Rodeio, após ter conversado com Frei Modestino Oecktering, para responder à necessidade de educação e catequese nas escolas paroquiais, frequentadas pelos filhos e filhas dos imigrantes italianos. Por isso, a proximidade com a Província Franciscana da Imaculada Conceição marcou a vida de centenas de frades que passaram pelo Noviciado São José de Rodeio, como conta Frei Vitório Mazzuco:

“Desde 1973, quando cheguei em Rodeio para o Noviciado Franciscano as encontrei ali em sua Casa-Mãe e dali as vi, e silenciosamente acompanhei, por toda parte deste Brasil e do mundo e me encantei. Mulheres consagradas e engajadas. Abriram em mim a admiração pela Vida Religiosa Feminina e pelo feminino. Reencantaram em mim a missão e a inserção. Vejo Irmãs Catequistas na Pastoral, na Evangelização, na Missão, na Educação, na Formação, nas Políticas Públicas, na Saúde, nos Movimentos Populares, Além Fronteiras, entre os pobres, nas cidades e comunidades, nas Mídias, na Comunicação e nas mais diversas frentes de trabalho. Elas têm um jeito de viver a Vida Religiosa Consagrada com poesia e profecia, com alegria e exigência, com presença forte , com fala, escuta e ousadia. Modelos vivos para mim de uma Vida Religiosa possível, de uma Humanidade possível, de um Deus possível”.

Hoje, as Irmãs Catequistas estão em seis províncias, com fraternidades em 22 Estados do Brasil e no Distrito Federal, e em nove países. Desde a década de 1940, as “Mestras” começaram a ser chamadas também de “Irmãs”. Em 1958, fazendo justiça à origem franciscana do grupo, o nome foi completado e reconhecido oficialmente: “Irmãs Catequistas Franciscanas”.