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Romaria Penitencial: Cresce ainda mais a devoção a Frei Bruno

21/02/2016

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Moacir Beggo

Joaçaba (SC) – À medida que o processo pela causa de beatificação de Frei Bruno avança, mais expectativa e esperança tomam conta dos fiéis devotos do Servo de Deus. Isso pôde ser visto mais uma vez na Romaria Penitencial Frei Bruno que, na sua 26ª edição e três anos depois de iniciado o processo, levou para as ruas de Joaçaba, no Oeste Catarinense, uma multidão calculada pela Polícia Militar em cerca de 60 mil pessoas.

Essa demonstração de fé foi dada neste domingo, 21 de fevereiro, debaixo de um sol forte de verão. A já tradicional caminhada teve início neste ano com as sinos da Catedral Santa Terezinha anunciando, às 8 horas, que os romeiros de várias cidades catarinenses da região e de outros estados poderiam começar o percurso de cerca de 4 quilômetros. Um pouco antes, por causa do percurso maior, os romeiros de Luzerna iniciaram outra caminhada até o Cemitério Frei Edgar.

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Entre tantas caravanas de cidades que Frei Bruno viveu, como Xaxim, Rodeio e São José, destaque para um grupo de noviços de Rodeio, que veio participar deste momento de fé. Segundo o Mestre Frei Samuel Ferreira de Lima, esse testemunho de Frei Bruno que toca a multidão, é importante para a formação religiosa dos noviços. Além de frades da Província e sacerdotes da Diocese de Joaçaba, esta foi a primeira Romaria do novo pároco da Catedral, Pe. Pedro Angelo Manchini, que depois de trabalhar desde o ano passado na organização da Romaria, não sabia o que veria pela frente. No final, entre aliviado e surpreso, Pe. Pedro estava encantado com essa demonstração de fé do povo.

Ao longo do trajeto, manifestações de fé traduzidas em cartazes, faixas e fotos. Muitos devotos escolhem fazer o percurso de pés descalços. Às 10 horas, o povo chegava ao Cemitério Frei Edgar, onde teve início a Celebração Eucarística, presidida pelo bispo diocesano Dom Mário Marquez, com a presença dos  vice-postuladores, Frei Estêvão Ottenbreit e Frei Alex Ciarnoscki.

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O EXEMPLO DE FREI BRUNO

Dom Mario, em sua homilia, lembrou que vivemos um momento especial na Igreja com o Ano Santo da Misericórdia, a Campanha da Fraternidade e o Tempo da Quaresma. Referindo-se ao Evangelho da Transfiguração deste domingo, disse que “transfiguramos o humano que há em nós e revelamos a nossa parcela de identidade com aquele que nos criou à sua imagem e semelhança. A Quaresma, esse tempo especial, de caminhada de fé, de esperança, de conversão e de santidade é também a caminhada de Frei Bruno, é a caminhada de cada cristão, de cada ser humano em sua trajetória neste mundo”, disse.

Segundo D. Mário, Frei Bruno deixou sua terra, a Alemanha, para ser missionário no Brasil há 122 anos. “Sua passagem deixou marcas de santidade pelo seu amor e carinho para com todas as pessoas que encontrara, lançando por onde passava sementes de fé, de esperança e gestos de caridade e misericórdia. Esse é o Frei Bruno do qual nós veneramos aqui nesta Romaria e da qual nós desejamos logo mais a sua beatificação e quem sabe, mais à frente, como desejamos no nosso coração, a sua futura canonização para que seja universalmente conhecido como já é conhecido aqui na nossa região”, pediu.

Dom Mário referiu-se a Frei Bruno como o frade misericordioso que viveu nesta região. “Foi um homem de Deus exercendo o seu ministério nas obras da misericórdia, consolando pessoas, visitando os doentes, instruindo e orientando pessoas em suas diversas situações. Foi um homem próximo de Deus e próximo dos irmãos”, frisou.

A Campanha da Fraternidade, que neste ano tem como tema “Casa comum, nossa responsabilidade”, está em sintonia com o Servo de Deus Frei Bruno. “Como franciscano, Frei Bruno andou por estes vales e planícies e soube também se relacionar fraternalmente com a criação, respeitando, cultivando e cuidando da casa comum, que é este nosso planeta”, disse. “É nossa responsabilidade também zelar pela ecologia ambiental e pela ecologia humana como nos indica o Papa Francisco na sua encíclica Laudato Sí”, convocou o bispo franciscano.

Para D. Mário, foi bonito ver o  povo de Deus caminhando e rezando. “São gestos bonitos de demonstração de fé no Servo de Deus. Aprendamos com nosso irmão Frei Bruno  as lições de simplicidade que ele nos deixou, as lições de como se doar pelos irmãos, de como ouvir, acolher, abençoar e rezar. Que ele interceda por nós junto a Deus”, completou D. Mário.

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O PROCESSO

A fala de Frei Estêvão no final da celebração foi um dos momentos mais esperados pelos romeiros. Como vice-postulador da causa de Frei Bruno, Frei Estêvão, contudo, não trouxe as notícias que o povo esperava ouvir, mas Frei Estêvão encorajou o povo a continuar na sua firme devoção pedindo a Deus um milagre de Frei Bruno,  exigência indispensável no encaminhamento do processo.

Segundo Frei Estêvão, duas comissões nomeadas pelo bispo diocesano trabalham no processo: uma para recolher os depoimentos das pessoas que conviveram ou ouviram falar de Frei Bruno. “Esta comissão está numa fase boa e temos esperança de concluir os trabalhos  na segunda metade deste ano. Simultaneamente, uma comissão histórica recolheu os dados da vida e da ação de Frei Bruno e que culminou na publicação da  biografia que Frei Clarêncio Neotti escreveu e que recomendo a todos que ainda não a adquiriu. É a melhor maneira de conhecer a vida e a ação evangelizadora de Frei Bruno”, explicou o frade franciscano.

Frei Estêvão, contudo, foi muito claro e transparente com os romeiros. “Como sabemos, além dos depoimentos e dados históricos, precisamos de um milagre. Talvez seja a parte mais difícil mas não é impossível quando, creio, que quarenta ou sessenta mil pessoas se colocam a caminho para implorar a Deus. É o que devemos fazer agora: implorar, rezar a Deus para que ele nos dê um sinal comprovando a santidade do Frei Bruno. Então, acredito que o compromisso é de todos nós. Devemos rezar, rezar muito, pedindo a Deus a beatificação de Frei Bruno”, exortou.

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DEVOÇÃO

devotaHá cinco anos, Maria Helena Rodrigues faz o percurso entre a Catedral Santa Terezinha e o Cemitério Municipal de pés descalços. Durante a caminhada e a celebração, a joaçabense de 59 anos não se descuidou da imagem de Frei Bruno e do Terço. Sua devoção e penitência é uma forma de agradecimento ao Servo de Deus pela cura dos ataques epiléticos que sofria “Sou eternamente grata por ele ter restituído a minha saúde e me proteger na vida, já que sou uma pessoa sozinha. Se tenho algum problema, fecho os olhos e peço com fé para que ele me ajude. Sempre sou atendida”, garante Dona Maria.

A veneração ao Servo de Deus Frei Bruno é muito forte também em Xaxim. Nesta cidade, o frade franciscano viveu dez intensos anos, desde a sua chegada no dia 21 de agosto de 1945 até a sua partida, no dia 7 de setembro de 1955, para Luzerna e, depois, para a última morada em Joaçaba.

Em Xaxim, o Servo de Deus é muito querido pelos que o conheceram em vida e as novas gerações o conhecem pela grande homenagem que se tornou a Festa em sua memória, a maior da Paróquia São Luiz Gonzaga, e que será realizada no dia 28 de fevereiro.

olmaUma dessas testemunhas ocular da vida do franciscano em Xaxim é Olma Maraschin Barella, que reside no Bairro Primavera. “Tive o privilégio de conhecer e conviver com Frei Bruno dos 5 aos 11 anos idade quando ele se hospedava na casa de meus pais, em Lajeado Grande. Ao chegar, dizia: ‘Cara mama, mi son qua’. Com 14 anos, fui estudar no Colégio São José de Herval d’Oeste, cidade vizinha de Joaçaba, onde já morava Frei Bruno. Nesse período, tive o privilégio de participar de algumas missas, confissões e pregações com Frei Bruno. Num desses momentos, ele perguntou de onde éramos. Quando falei que era de Xaxim, ele levantou a mão e sorrindo pareceu-me que abençoava nossa cidade por inteiro”, recorda Olma.

Ela se emociona ao falar da graça alcançada pela intercessão de Frei Bruno. “Faz 5 anos que eu estava com problemas que comprometeram a minha coluna e o médico disse que ficaria em cadeira de rodas. Procurei outros 3 médicos e o diagnóstico foi sempre igual: mesmo com cirurgia, eu ficaria em cadeira de rodas. Voltei para casa e rezei a Deus pedindo a intercessão de Frei Bruno. Fiz a cirurgia e durante todo o procedimento guardei comigo a oração pela beatificação de Frei Bruno. A cirurgia transcorreu sem deixar sequelas. O médico, então, me perguntou se eu acreditava em milagres. Respondi que sim. O médico me respondeu: ‘Aconteceu um milagre!’”, revela Olma, que nunca esquece da confissão que teve com Frei Bruno na véspera de sua morte. Para ela, suas virtudes ficaram para sempre na memória do povo. O seu despojamento e força de vontade, aos 70 anos, impressionava o povo. Ele chegava a percorrer 8, 10 e até 12 quilômetros, visitando as capelas e o povo desta região.

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IMAGENS DA ROMARIA

Desde a saída da caminhada na Catedral, mostrando alguns pontos do percurso, até a chegada ao Cemitério Frei Edgar. Na chegada, uma parte da multidão vai diretamente para o túmulo de Frei Bruno, outra parte da multidão nem chega a entrar no cemitério e acompanha a celebração do lado de fora pelos alto-falantes. Uma grande maioria se acomoda por entre os túmulos e árvores para participar da Missa.