Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Como mergulhar na imensidão do amor de Deus?

11/06/2015

Notícias

Moacir Beggo

 Santos (SP) – “O Santo da Oração” foi o tema escolhido para este 11º dia da Trezena de Santo Antônio no Santuário do Valongo. A reflexão foi feita pelo Pe. Luiz Carlos Passos, pároco da Paróquia Santa Margarida Maria, que convidou a todos a rezarem, logo na saudação inicial, pelas mais de 180 famílias que perderam suas casas num incêndio de grandes proporções na Vila Telma, em Santos.

“Essas famílias não têm onde morar. Por isso, nós queremos que esta celebração seja, de certa forma, voltada para esses nossos irmãozinhos e irmãzinhas que moram numa situação sub-humana naquelas palafitas, sem segurança, correndo riscos a todo momento. Santo Antônio também tinha essa preocupação com os mais pobres e sofredores. Queremos rezar por eles, queremos pedir por eles, para que esse tipo de acidente não aconteça mais em nossa cidade e que esses nossos irmãos possam o mais breve possível ter direito a uma moradia digna”, pediu.

Pe. Luiz também destacou a celebração pelos 375 anos do Santuário do Valongo e a “presença da espiritualidade franciscana no meio de nós”. Frei Rozântimo Costa presidiu o momento devocional antes da Santa Missa.

“Nós estamos aqui celebrando Santo Antônio e hoje também celebrando São Barnabé, aquele apóstolo que junto com Paulo percorreu tantos lugares, tantas cidades e países, para que Jesus pudesse chegar ao coração de tantas pessoas, para que Jesus pudesse ser conhecido, para que Jesus pudesse ser amado”, lembrou.

meio“E olha que Barnabé e Paulo,  apóstolos dos gentios, anunciavam a Boa Nova da salvação, anunciavam o Reino de Deus, anunciavam Jesus para quem nunca tinha ouvido falar de Jesus. As pessoas nem imaginavam quem seria o Nazareno. Barnabé e Paulo, como outros apóstolos de Jesus, não estavam anunciando para pessoas como aqui no Brasil, onde praticamente todo mundo ouve falar de Jesus. Quase todo mundo se diz cristão, quase todo mundo se diz católico. Eles falavam para pessoas que realmente não conheciam a Deus em hipótese alguma. Imaginem a dificuldade! É difícil evangelizarmos aqui, no Brasil, e para pessoas que dizem ter fé e acreditam em Deus. Imagine Paulo e Barnabé falando para pessoas que não tinham fé, que não conheciam a Deus!”, sublinhou.

No entanto, citando os Atos dos Apóstolos, explicou que os apóstolos criaram muitas comunidades cristãs. “Quantas cidades os apóstolos converteram, quantas pessoas levaram ao encontro com o Salvador. E nós poderíamos perguntar: qual o segredo? Por que Barnabé, Paulo, conseguiam falar e tocar o coração das pessoas?”, indagou.

A resposta – segundo o celebrante – é a própria Palavra de Deus no Evangelho de hoje: Barnabé era uma pessoa cheia de fé e do Espírito Santo. “Quando ele abria a boca, ele exalava tanta fé, que ele mexia com o coração das pessoas. Quando ele falava de Jesus, as pessoas se encantavam. Quando ele falava do amor de Deus, as pessoas sentiam esse amor. Principalmente as pessoas caídas e feridas”, destacou, dizendo que gosta muito do Papa Francisco, principalmente quando ele diz que prefere uma Igreja ferida e machucada, a uma Igreja certinha e vazia.

“De que adianta estarmos aqui, certinhos, segregados? Nós nos tornamos uma Igreja que não admite pecadores no meio. Não admite as pessoas feridas no meio de nós. Nós tornamos uma Igreja vazia da misericórdia, vazia do perdão. E olha que Jesus disse para nós: não julgueis e não sereis julgados. O que Jesus pede para nós é que perdoemos setenta vezes sete. O que Jesus pede é para sermos misericordiosos. Quando falarmos do amor de Deus, é preciso que na nossa vida pessoal sejamos praticantes da misericórdia. Para falarmos do amor de Deus, é preciso que na nossa vida pessoal sejamos doutores do perdão. Como posso falar do amor de Deus se eu não perdoo? Como eu posso falar do amor de Deus se eu não sou misericordioso? Como posso falar do amor de Deus se eu viro as costas para o meu irmão, minha irmã? Porque o meu irmão é um dependente químico, minha irmã é uma prostituta, meu irmão vive em pecado, como eu posso falar do amor de Deus, se eu sou injusto para com eles? Eu não sou misericordioso, eu não estendo as mãos para os meus irmãos”, refletiu, na sequência fazendo uma belíssima oração:

 antonioQuando eu olho para a cruz, eu vejo Jesus de braços abertos para mim, apesar de eu não merecer.

Quando eu olho para a cruz, eu vejo Jesus derramando seu sangue por mim, apesar de eu não merecer.

Quando eu olho para a cruz, eu vejo Jesus assumindo todas as minhas dores, eu vejo Jesus assumindo todas as minhas misérias humanas.

Quando eu olho para a cruz, eu vejo Jesus assumindo todos os meus pecados.

Quando eu olho para a cruz, eu vejo Jesus dando a sua vida por mim, apesar de eu não merecer, mas ele dá a sua vida para que eu tenha vida.

Para que eu possa me levantar. Ele é o cordeiro de Deus que tira o meu pecado e lava o meu pecado e me liberta do meu pecado.

Ele é o Cordeiro que liberta do meu pecado porque me ama, assim como ele ama cada um de nós.

Ele nos chama a sermos semelhantes a Ele, nos convida a sermos semelhantes a Ele quando diz para cada um de nós: “Eu só vos peço uma coisa: amai-vos uns aos outros como eu vos amo”.

Segundo Pe. Luiz, é isso que encontramos em Barnabé e Paulo. É isso que encontramos em Antônio, em Francisco de Assis, nos santos, nas santas, na Igreja. “São pessoas que conseguiram perceber que são chamadas por Deus a viver o amor de Deus. E a viver o amor de Deus é fazê-lo intensamente na vida. Mas para isso é preciso que elas cresçam  na fé. E quando mais nós crescemos na fé, na unção do Espírito, mais crescemos no amor a Deus”, ensinou.

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Valdelice dos Santos Silva agradeceu ao Pe. Luiz em nome da Fraternidade por sua celebração durante a Trezena.

O que nós aprendemos – perguntou – com os santos, com as santas, com Barnabé, Antônio, Francisco? “Aprendemos aquilo que era próprio do Cristo, do próprio Filho de Deus.  Todas as noites, Jesus se recolhia, ia para um cantinho, ou subia um morro ou ia para quarto rezar. Todos os dias Jesus orava; todos os dias Jesus mergulhava na intimidade do Pai, mergulhava no amor do Pai. Quando mais ele rezava, mais ele conhecia o Pai e mais se abria para fazer a vontade do pai”, enfatizou.

O Pe. Luiz chegou ao ponto central do tema da oração. “Eu não vim fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. É Deus que escolhe a missão de cada um na vida. Nós estamos aqui para fazer a vontade de Deus. Mas como nós vamos fazer a vontade de Deus se não formos pessoas que mergulham na vontade de Deus, que mergulham cada vez mais na imensidão do amor de Deus? Como vamos entender a sua vontade se estivermos afastados dele?”.

“Jesus sempre estava próximo do Pai. Antônio, Francisco, e todos os santos perceberam isso. E quando mais próximos se tornavam de Jesus, mais eles cresciam no amor, na fé. Cada vez mais eles estavam plenos e cheios do Espírito Santo. E cada vez mais aptos para viver a vontade de Deus na vida deles. Olha, Francisco reformou a Igreja. E Antônio é alguém que encarnou o Evangelho que proclamamos hoje, que diz assim: “Ide pelo caminho e anunciai que o Reino de Deus está próximo, está no meio de nós”. E Antônio fez isso!”, completou.

Neste 12º dia da Trezena, Dia dos Namorados, o tema será “O Santo do amor”, e a reflexão ficará a cargo do Pe. André Ouriques, da Catedral Divino Espírito Santo, de Caraguatatuba.