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Começa o ‘Ano da Graça’ de quatro noviços

20/01/2019

Notícias

Rodeio (SC) – “Vocês são o presente mais precioso que Deus enviou à nossa Fraternidade”. Foi com essa alegria que o Ministro Provincial, Frei César Külkamp, acolheu neste domingo, 20 de janeiro, quatro jovens – Davi Gabriel Lutzke; Gabriel Ferreira Salinas; Irven Gabriel de Jesus dos Santos e Rodolpho Andreazza Marinho – que fizeram o pedido de admissão à Ordem dos Frades Menores. “São Francisco, na sua Regra, pede que os irmãos movidos por uma inspiração divina e que vierem ter conosco, sejam recebidos benignamente. Assim, é com carinho e amor que nós, seus confrades, recebemos vocês nesta manhã!”, reforçou Frei César durante a Oração das Laudes, às 6h30, no Noviciado São José de Rodeio (SC). O rito de Admissão foi simples, de acordo com a programação litúrgica da casa, porém cheio de simbolismos para uma Ordem religiosa com mais de 800 anos.

A partir desta celebração, Davi, Gabriel, Irven e Rodolpho estão sob a orientação do novo Mestre Frei Rodrigo da Silva Santos e da Fraternidade do Noviciado. Eles receberam o hábito franciscano e passam a ser chamados de “Frei”, que significa irmão (uma abreviação de frade, que vem do latim frater). Segundo Frei César, eles iniciam o chamado “Ano da Graça”. Também fará parte desta turma, o noviço Frei Éverton Junior Goschel Broilo, que pediu para continuar por mais um tempo esta etapa. Este momento de acolhida foi feito depois da leitura do Testamento de São Francisco, quando o Mestre do Postulantado, Frei Jeâ Paulo Andrade, que acompanhou esta turma durante o ano de 2018, em Guaratinguetá-SP, chamou diante do Provincial cada um dos noviços.

Para Frei César, descobrir o sentido da Fraternidade desses irmãos que se amam e se ajudam é o “grande desafio para vocês e para nós, frades, nesses tempos de acentuado individualismo e cultuado  subjetivismo”. “E assim nós queremos pedir, como ouvimos no Testamento de São Francisco, que tenhamos a capacidade de compreender essa palavra que São Francisco nos dirige: ‘E depois que o Senhor me deu irmãos ninguém me mostrou o que deveria fazer mas o Altíssimo mesmo me revelou que eu devia viver segundo a forma do Santo Evangelho’. Os irmãos não se escolhem; são dados pelo Senhor”, enfatizou o Ministro Provincial.

“Talvez seja fácil a gente ter um grupo de amigos que se identificam e se querem bem. Mas nós não somos qualquer grupo: somos irmãos que não se escolheram numa caminhada de consagração religiosa franciscana”, disse o Ministro Provincial, acrescentando que esse caminho é de penitência, como São Francisco deixa claro no seu Testamento. “E ele começou com o que lhe era mais amargo: os leprosos. E ele o fez de tal modo e com tanta fé, que isto se converteu em doçura da alma e do corpo. Caros noviços, isto é o que vocês querem começar neste chamado ‘Ano da Graça’. Foi isso que São Francisco também entendeu como viver segundo a forma do Santo Evangelho, a seguir a humildade e a pobreza de Nosso Senhor Jesus Cristo, a possuir o Espírito do Senhor”, explicou Frei César.

Essa conversão é uma tarefa para a vida toda. “Digo isso a vocês, a nós, frades, e a todos nós, cristãos. E neste trabalho, se não caminharmos, regredimos. Por isso, o Noviciado é só o começo, mas, ao mesmo tempo, é fundamento para a nossa vida religiosa franciscana. É fundamento porque essa proposta do Noviciado quer levá-los, nos seus mais diversos exercícios, a silenciar um pouco mais, a se recolher para fazer um confronto consigo mesmo, para conhecer-se mais e ter como referencial Aquele que se faz nosso caminho. É preciso conhecê-Lo mais, descobrir Sua vontade. Sair do barulho da confusão das próprias vontades e das vontades que nos são ditadas pelo mercado e pela mídia”, ensinou o Ministro Provincial.

Para Frei César, é preciso confrontar-se também com o que é mais amargo, mais difícil, e ali assumir a nossa cruz. “Existe algo de amargo em conviver com as dificuldades nossas e dos irmãos, do povo a quem servimos, dos que pensam diferente, dos que não fazem nossa vontade, dos que não seguem nossos projetos, não são santos como acharíamos que deveriam ser, e quando nós mesmos não conseguimos ser santos como gostaríamos. Mas tudo isso pode se converter em doçura quando descobrirmos até nessas circunstâncias e até mesmo no nosso pecado, a vontade de Deus. É São Paulo quem nos lembra quando pecamos nos aproximamos da terra”, ressaltou.

“FUNDAMENTALISMO DO USO DO HÁBITO”

“Falando em terra, vocês também pediram para serem revestidos com as vestes da provação. Eu diria para vocês e para nós, todos, que não deve haver um fundamentalismo no uso do hábito e nem fazer dele algo performático que nos distinga do próprio povo. Não são esses panos que significam as vestes da provação, mas são as vestes que nos recordam a cruz, como sua forma nos indica e como queria São Francisco. Por isso, não é o hábito que nos faz frades, mas sim assumir o que ele quer demonstrar: a forma da cruz. E por isso, essa forma nos indica que o irmão menor deve exprimir em si mesmo os sentimentos e os sofrimentos do mundo”, indicou, lembrando que no Espelho da Perfeição, São Francisco amava as cotovias. “Em algum dialeto, cotovia significa capuz, porque a sua penagem representa o capuz. O Espelho da Perfeição nos diz: ‘Têm capuz como os religiosos e é um humilde pássaro… as suas penas têm a cor da terra: assim oferecem aos religiosos o exemplo de não ter vestes elegantes e de belas tinturas, mas de modesto valor e cor semelhante à terra, o mais humilde de todos os elementos’. Assim, as vestes da provação não devem ser usadas para nos distinguir de outras pessoas e nem para sermos reverenciados. Era a roupa dos pobres, dos rejeitados daquele tempo. Talhadas em sinal de cruz, sejam sinal da maior adesão ao seguimento de Cristo”, enfatizou.

Frei César incentivou esses jovens noviços a viverem com alegria e entusiasmo este tempo que é dado a eles. “Assim suas vidas e suas consagrações serão uma continuidade fecunda nesta Ordem que tem se definido, que se pretende uma Ordem contemplativa em missão. Nesta manhã, pediria à Virgem Imaculada, Rainha da Ordem dos Frades Menores, que na liturgia da Palavra deste 2º domingo do Tempo Comum, nos pede para ‘fazer o que Ele nos disser’, que ela interceda por nós e nos ajude a sermos fiéis seguidores da Santíssima Vontade de seu Filho, Jesus Cristo”.

O Ministro Provincial também convidou a todos a estarem em comunhão com os 10 jovens postulantes que são recebidos, neste domingo, como noviços em Angola e com toda a Fraternidade da Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola. “Nós, somos uma só Província e uma só Ordem dos Frades Menores!”, pediu.

Frei César também informou que o monge beneditino Flávio Malta de Souza, que fez experiência de um ano na Fraternidade Franciscana de Santo Amaro, em Santo Amaro da Imperatriz (SC), retorna à Ordem Beneditina.

Seguiu-se, então, a oração da Liturgia das Horas com o Responsório Breve, o Cântico Evangélico e as preces. Depois da oração do Pai-nosso, o Ministro Provincial abençoou os hábitos e entregou a cada um: “Dando início ao ano de Noviciado, ingressando na Ordem dos Frades Menores recebei, caros irmãos, as vestes da provação talhadas em forma de cruz, em sinal de vossa maior adesão ao seguimento de Cristo”.

Com ajuda de seus confrades, os noviços vestiram os hábitos e receberam os cumprimentos da Fraternidade. O Ministro Provincial entregou-os à Fraternidade São Francisco de Assis. A oração terminou com a bênção de São Francisco.

No final deste ano, esses noviços estarão aptos para fazer a Primeira Profissão na Ordem Franciscana. No hábito que agora vestem, o cordão ainda não tem os três nós, que simbolizam os conselhos evangélicos (obediência, pobreza e castidade). Esse hábito é temporário e eles ganharão o definitivo na Primeira Profissão, quando concluírem este tempo de provação.

No final, os noviços assinaram o livro de atas de Admissão ao Noviciado da Ordem dos Frades Menores.

HISTÓRIA: O NOVICIADO DE RODEIO

A Ordem dos Frades Menores estabeleceu oficialmente sua primeira residência em Rodeio no dia 26 de fevereiro de 1895, quando aqui chegaram quatro frades, liderados por Frei Lucínio Korte. Poucos anos depois, “por ato do Ministro Geral da Ordem dos Frades Menores, Frei Aloísio Lauer, a 15 de junho de 1900, a residência franciscana de Rodeio passou a Convento e Noviciado.

A caminhada do Noviciado, em Rodeio, teve seu início em 3 de outubro de 1901, com a chegada do Pe. Mestre dos Noviços, Frei Modesto Bloeink e seus primeiros seis noviços: Frei Anselmo Boeckenholt, Frei Bonifácio Martinov, Frei Celestino Moldzianowski, Frei Elias Steinruecken, Frei Gabriel Zimmer e Frei Timóteo Arens”.

Na Província restaurada, o noviciado foi instituído antes, tendo funcionado, desde maio de 1897, no Convento de Blumenau. Mas desde 1901 permaneceu, quase ininterruptamente em Rodeio. “Quase ininterruptamente” porque, por ordem capitular, por dois anos, em 1911-12, o noviciado passou para o Convento de Curitiba. (…) O Noviciado voltou a Rodeio já em inícios de 1913. Portanto,  esta celebração franciscana acontece em Rodeio (SC) há 118 anos.

Comunicação da Província da Imaculada Conceição


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