Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

1º Encontro Nacional de Irmãos Leigos em Agudos

03/09/2015

Notícias

Moacir Beggo

Pela primeira vez no Brasil, os irmãos leigos das várias obediências franciscanas (OFM, OFMConv, OFMCap e TOR) estarão reunidos de 4 a 7 de setembro no Seminário Santo Antônio de Agudos (SP). Promover a convivência fraterna dos irmãos leigos do Brasil e identificar o que é próprio do irmão franciscano, na história e na espiritualidade, em vista de novas perspectivas, é o objetivo geral deste 1º Encontro Nacional, que tem como tema “A dimensão laical do Frade Franciscano: história, espiritualidade e perspectivas”.

frei-fidencioA escolha da Província Franciscana da Imaculada Conceição como anfitriã deste Encontro Nacional de Irmãos Leigos de todas as obediências franciscanas no Brasil foi motivo de júbilo para o Ministro Provincial Frei Fidêncio Vanboemmel: “Que todos sejam muito bem-vindos!”, alegrou-se. Frei Fidêncio lembra que este encontro é muito significativo porque acontece exatamente no Ano da Vida Consagrada. “Ele traduz aquilo que o Papa Francisco deseja como primeiro objetivo deste ano: olhar para a nossa ‘rica história carismática’ com gratidão. Uma família carismática que, segundo seu fundador São Francisco de Assis, foi concebida para ser em todos os tempos portadora da alegria do Evangelho. Este encontro também reflete aquilo que a Ordem dos Frades Menores foi na sua origem: simples e puramente uma família de irmãos ‘dados pelo Senhor’. Mesmo se as contingências históricas deram aos frades um rosto muito clerical, é importante ressaltar que todos os frades, antes de serem clérigos, são irmãos. Portanto, ‘ser irmão’ é a vocação primeira do frade!”, observa Frei Fidêncio.

Frei Gilson Nunes, provincial dos Frades Menores Conventuais da Província São Francisco de Assis, define o encontro como momento de graça para toda a Família Franciscana. “Para a Ordem Minorítica, reunir num único encontro os irmãos leigos das várias obediências significa um grande passo em direção à unidade, à cooperação, à partilha, ao crescimento recíproco na fraternidade. Se não fosse somente o valor do encontro – como nos recorda o Papa Francisco, a cultura do encontro, vencer barreiras, preconceitos, quem sabe até prejuízos históricos -, também é um momento privilegiado para se refletir a vocação do irmão no coração da Ordem e também no coração da Igreja”, indica Frei Gilson.

Para o Provincial, os irmãos leigos representam à Ordem Franciscana a possibilidade de um retorno criativo ao carisma. “Lembremo-nos que o nosso Pai Francisco não foi clérigo, muito menos presbítero, e há grandes indícios e, também podemos dizer, certezas históricas, nem diácono teria sido. Portanto, a nossa vocação é eminentemente laical numa Ordem mista, onde também os presbíteros são chamados a viver o seu sacerdócio na simplicidade, como Irmãos Menores. O que nos define é isso: sermos Irmãos Menores”, enfatiza, acrescentando:

“E a vocação do irmão leigo na Ordem Franciscana é a memória viva e muitas vezes inoportuna para uma Ordem que, ao longo da história, se clericalizou e tantas vezes se desviou do espírito fraterno e evangélico originário”.

frei-tiagoPara Frei Tiago Santos, OFMCap, um dos membros da equipe de preparação, o encontro dos irmãos por si só já é uma bela oportunidade de troca de experiências, de partilha de vida, e de aprofundamento de uma vocação comum. “Em âmbito franciscano, ele vem enriquecer tanto a vida de cada confrade, como vem chamar a atenção das fraternidades provinciais para essa dimensão da vocação franciscana. O fato de fazermos um encontro em conjunto é motivo de alegria e um convite a alargarmos a nossa tenda, e juntos percebermos a beleza de nossa vocação. Mas também não deixa de ser uma provocação a um sempre maior aprofundamento de nossa vocação franciscana, aqui mais especificamente em sua expressão laical”, acredita Frei Tiago. Para ele, as partilhas são enriquecedoras, pois “geralmente não se fala de temas abstratos, mas da realidade de cada um, de modo que isso traz vitalidade à vocação e ânimo no serviço ao reino de Deus”.

PERSPECTIVAS

As perspectivas que se apresentam para uma revitalização do papel do irmão leigo na Ordem Franciscana, quando a Igreja também ressalta o papel do leigo na Igreja, é vista por Frei Fidêncio dentro do avanço e da compreensão que hoje temos sobre o conceito de “evangelização”. “Não só avanço, mas também um resgate histórico impresso pelo Concílio Vaticano II no apelo do ‘retorno às fontes’”, esclarece.

“O caminhar e as exigências históricas fizeram com que a missão evangelizadora (entendida como pastoral e/ou ‘cura das almas’) fosse tarefa quase exclusiva dos ‘sacerdotes’, em detrimento da vocação laical cuja missão quase que exclusivamente se reduzia aos serviços domésticos (conventuais). Creio que a nova compreensão de Evangelização ajuda-nos a melhor compreender e acolher a missão da Vida Consagrada na Igreja, independentemente se alguém é ‘irmão’ ou ‘padre’”, recordou.

“A vida religiosa tem uma missão em si mesma! Portanto, hoje o papel do irmão leigo deve ser compreendido a partir do carisma originário da vocação franciscana e vivido a partir da fraternidade franciscana. Uma fraternidade onde cada membro foi concebido como um “irmão dado pelo Senhor”, independentemente dos ofícios que exerce. Por isso é de fundamental importância que cada fraternidade, para ser fraternidade (comunidade de irmãos), tenha seu projeto fraterno de vida e missão que contemple a missão evangelizadora de cada irmão a partir do chamado e do seguimento comum de Nosso Senhor Jesus Cristo, segundo São Francisco de Assis”, enfatizou o Ministro Provincial da Imaculada.

Para ele, o papel do irmão leigo na Igreja e na Ordem depende fundamentalmente da compreensão que se tem do conceito de evangelização, exatamente como São Francisco de Assis entendia a vocação franciscana: “Para isto Ele vos mandou pelo mundo universo, para dardes testemunho de sua voz, por vossas palavras e vossas obras…”
“Portanto, evangelizar não é missão exclusiva do sacerdote. É missão de todo o discípulo de Cristo. Assim, a evangelização perfeita é aquela que é compartilhada com os leigos, todos os leigos!”, finalizou Frei Fidêncio.

frei-gilsonPara Frei Gilson, este encontro deve ser um momento de redescobrir o papel do irmão leigo no interior da Ordem. “Ou seja, redescobrir a própria pujança, o frescor do nosso carisma e assim, nesse momento, também redescobrirmos junto com toda a Igreja a vocação inalienável do batismo, a vocação à santidade, à qual todos nós somos chamados e, portanto, redescobrir a graça de sermos irmãos e irmãs no Cristo Cabeça da Igreja”, avaliou o Provincial dos Frades Menores Conventuais, completando: “Sentimo-nos honrados e felizes em viver esse momento histórico para a Família Franciscana do Brasil, para a Ordem dos Menores, para os Irmãos Leigos e para toda a Igreja”.

Já Frei Tiago lembra que, num mundo plural em que vivemos, somos provocados a aprofundar cada vez mais aquilo que somos, as escolhas que fazemos, enfim, nosso lugar na sociedade e na Igreja. “Celebrando cinquenta anos da Perfectae Caritatis, que nos convida à volta às origens cristãs e a uma atualização do carisma, somos interpelados a juntos refletirmos sobre nossa história, nossa espiritualidade e perceber quais perspectivas temos para a caminhada. O irmão, pelo próprio estilo de vida que assume, tem diante de si uma pluralidade de perspectivas, intra e extra eclesial”, acrescenta, citando como exemplo o tema da profissionalização, que provoca a repensar nossa vida religiosa ante realidades tão diversas e por vezes complexas.

Frei Tiago lembra os desafios de conciliar vida de trabalho e vida fraterna e de como viver estas dimensões do frade menor em suas realidades. “Mesmo sem muitas respostas, mas sabedores dos desafios e interpelados por estes, nos colocamos a caminho, para juntos, partilhando a vida, encontrarmos meios evangélicos de viver a nossa vocação. O contato com os leigos não é só necessário, mas benéfico, salutar. Partilhamos da mesma vocação universal à santidade, temos muito a dar e a receber. A vocação comum dada pelo batismo nos faz caminhantes de um mesmo caminho. O fato de não pertencermos à hierarquia nos faz ainda mais próximos. Tratando-se de uma reflexão em terreno franciscano, diria que o esforço que nossas obediências têm feito junto à Santa Sé para que nos reconheçam como fraternidades mistas já sinalizam que buscamos aumentar a ‘simetria fraterna’, por muitos anos, acentuadamente desigual”, acentuou Frei Tiago, completando:

“Nosso encontro é um sinal de união fraterna, de busca comum”.

PROGRAMAÇÃO

logo-FFBO encontro tem início na sexta-feira (4/9) com o almoço e terá como moderador Frei Rubens Nunes da Mota, (OFMCap–MS). Frei Walter de Carvalho Júnior (OFM), fará a acolhida fraterna em nome da Província da Imaculada Conceição e Frei Jaime Batista (OFM), será responsável pela oração integradora. Neste dia, o destaque será a partilha de vida em pequenas fraternidades.

No dia 5, sábado, o encontro terá a assessoria do professor do ITF Frei Sandro Roberto da Costa (OFM), que abordará o tema “Revendo a história”. À tarde, a moderação será de Frei Mateus Bento (OFMCap–SP), com assessoria de Frei Bruno Scapolan (OFM), abordando o tema “Revendo a espiritualidade”.

No domingo, dia 6, o moderador Frei Aloísio Cavalcante (OFMCap) abre os trabalhos e Frei Rubens Nunes Mota (OFMCap) tratará das “Perspectivas (projeto de vida)”; à tarde, sob a moderação de Frei Djair Galvan (OFMCap–RS), haverá partilha entre obediências.
O encontro se encerra na segunda-feira (7), quando será feita a leitura e aprovação da Carta do Encontro com as proposições a serem enviadas às Conferências e Províncias, avaliação e celebração de envio.