Celebre com os religiosos e religiosas no seu dia
01/02/2015
Malaquias 3, 1-4; Lucas 2, 22-40
Entregues ao Senhor
Frei Almir Ribeiro Guimarães
Conhecemos bem a cena da apresentação do Menino Jesus no templo. Maria, a jovem mãe, com seu filho nos braços e respirando juventude, e José, seu amável companheiro, atravessam a esplanada do templo com o menino primogênito. Dirigem-se ao templo para apresentar a oferta dos pobres ao Deus belo e grande.
Simeão, aquele homem cheio de anos, arregala o olhos. O Espírito o havia conduzido para ali. Ele agora podia morrer porque seus olhos viram a salvação que o Senhor tinha prometido e preparado. Há todo um movimento de oblação, de entrega. O Deus dos pais acolhe a inteireza daqueles corações. Tudo é dom e consagração. Por tudo isso, hoje é o dia dos religiosos, daqueles que levam uma vida consagrada, pessoas de dom, que se apresentam como dádiva cotidiana ao Senhor do amor.
Aí estão esses seres que foram tocados pela flecha do amor. No verdor de seus anos sentiram um chamado. O Jesus dos evangelhos como que foi saltando das páginas escritas e inertes e desejava alcançá-los inteiramente. Convivendo misteriosamente com uns e outros, o Ressuscitado foi exercendo uma sedução sobre eles, sobre esses que andavam já no seu seguimento. Jesus vivo chamou-os para sua intimidade. Foi fazendo com que compreendessem que ele, o Mestre insinuante, era o único necessário. Por ocasião de um retiro espiritual, depois de uma grande e inexplicável alegria ou de um sofrimento dilacerante este homem, esta mulher, ou este (a) jovem, foram sendo levados a relativizar certos caminhos e a apreciar menos determinados sucessos.
Havia um apelo a irem adiante, a darem passos largos. O Evangelho, vivido por alguns de uma forma tão fascinante, com vontade de plenitude, fizeram com que este homem e esta mulher professassem um seguimento especial. Foram ao templo de pedra fazer sua profissão que começou a existir no secreto do templo de seu corpo, de seu coração de carne e de ânsias. “Por toda a minha vida quero ser do Senhor. Quero viver com ele um amor esponsal exclusivo. Minha mente e meu coração não podem pertencer a ninguém outro. Teremos muitos encontros. Associarei minha voz à voz de irmãos que cantarão comigo as maravilhas do Altíssimo e bom Senhor. Quero ser, por minha vida, louvor vivo do Deus altíssimo. Não quero me apegar a bens e buscar lucros. Quero ser pessoa leve. Prometo sempre buscar a vontade do Senhor, obedientemente, cautelosamente, quase que escrupulosamente. Não quero me pertencer. Esse meu coração, desejo de amor, é consagrado indivisamente a ele. Estou a seu serviço. Quem pela minha voz, minha vida, meu testemunho, minha abertura ao Espírito, o mundo novo de Jesus, o Reino que é do Pai, possa tomar conta do mundo. Prometo, por toda a minha vida, ser do Senhor”.
Assim como Jesus foi sinal de contradição, segundo as palavras de Simeão, o mesmo ocorre com os religiosos, com as pessoas consagradas. Assim se exprimia Bento XVI na homilia para a festa da Apresentação do Senhor (2 de fevereiro de 2013): “Eu vos convido a uma fé que saiba reconhecer a sabedoria da fraqueza. Nas alegrias e nas aflições do tempo presente, quando a dureza e o peso da cruz são sentidos, não duvideis que a “kénosis” de Cristo é já vitória pascal. Precisamente no limite e na fraqueza humana somos chamados a viver a conformação com Cristo, numa tensão totalizadora que antecipa, na medida do possível, o tempo, a perfeição escatológica. Nas sociedades da eficiência e do progresso, a nossa vida marcada pela ‘minoria’ e pela fraqueza dos pequenos, pela empatia com aqueles que não têm voz, torna-se um evangélico sinal de contradição”.
CELEBRAÇÃO EM SÃO PAULO
Convocado pelo Papa Francisco, começou no primeiro domingo do Advento, 30 de novembro de 2014, o Ano da Vida Consagrada que se prolongará até ao dia 2 de Fevereiro de 2016, Dia das Consagradas e dos Consagrados.
A primeira celebração em São Paulo acontecerá neste dia 2 de fevereiro, no Convento São Francisco, no Largo São Francisco, a partir das 13h30, com a adoração ao Santíssimo. Às 15 horas terá início a celebração eucarística. Após a celebração, haverá uma confraternização e para isso, pede-se para levar um prato de salgado ou doce.
Outro grande evento será o Seminário da Vida Consagrada, que acontecerá de 7 a 10 de abril em Aparecida e que tem como tema central: “Assumir o Núcleo Identitário da VC: Atitude Profética, Processo Mistagógico”. E como lema: “Não ardia nosso coração quando ele nos falava pelo caminho?” (Lc 24,32).
“O Seminário será um momento de encontro fraterno da Vida Consagrada, de troca de experiências, de partilha de vida e entusiasmo na missão. Somos convidadas/os a nos contagiarmos pela Alegria que cada participante trará em seu coração”, explica Ir. Maria Inês V. Ribeiro, presidente da CRB Nacional.
Segundo o Papa Francisco, o Ano da Vida Consagrada uma oportunidade para expressar gratidão pelos “dons recebidos e ainda a receber” graças à santidade dos Fundadores, e para reunir-nos em torno das pessoas consagradas, “para alegrar-nos com elas, compartilhar as suas dificuldades, colaborar com elas”. “Mostrem-lhes o afeto e o calor de todo o povo cristão”, recomenda o Papa.
O Papa pede que o povo cristão “tome sempre mais consciência do dom que é a presença de tantos consagrados e consagradas, herdeiros de grandes santos que fazem a história do cristianismo”: “O que seria da Igreja sem São Bento e São Basílio, sem Santo Agostinho e São Bernardo, sem São Francisco e Santo Domingos, sem Santo Inácio de Loyola e Santa Teresa D’Avila, sem Santa Angela Merici e São Vicente de Paula? O elenco seria quase infinito, até São João Bosco, à beata Teresa de Calcutá”.
Há pouco mais de um ano, o mensal “Mulher, Igreja, Mundo”, suplemento da Santa Sé criado para dar visibilidade ao papel da mulher na Igreja, de modo particular às religiosas, recordava que elas são hoje no mundo 740 mil enquanto que sacerdotes e religiosos são 460 mil.