Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

1ª Caminhada Franciscana da Juventude

24/03/2015

Notícias

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A 1ª Caminhada Franciscana da Juventude na Baixada Fluminense começou no sábado, dia 21 de março, bem cedo, com a chegada dos primeiros peregrinos. Rostos cheios de expectativa começaram a se juntar para o início, onde foi feita uma homenagem às crianças com síndrome de Down, assistidas pela Superintendência da Pessoa com Deficiência da Prefeitura de Nilópolis, que acompanharam a caminhada até o limite do município, em comemoração ao dia internacional da síndrome de Down.

Os peregrinos passaram pelas ruas de Nilópolis, Mesquita e Nova Iguaçu, sob olhares curiosos das pessoas que passavam pelo grupo. Ouviram várias vezes: “vocês são loucos!”, mas o sentimento que tinham em seus corações era que, assim como Francisco de Assis, eram loucos, e que a caminhada não era por eles, mas por Deus, que nos chama todos os dias a sermos evangelizadores.

Chegando à Catedral de Santo Antônio de Nova Iguaçu foram recebidos com música e um lanche preparado pelo setor juventude daquela diocese. Ouvimos e vimos uma apresentação sobre esperança, onde clipes mostravam que os nossos sonhos são importantes demais para serem esquecidos, e em seguida tivemos uma palestra sobre o Franciscanismo na Baixada, com atenção especial na figura do saudoso Dom Adriano Hipólito, e suas lutas por uma baixada mais justa, solidária e missionária. A visita foi encerrada na cripta e no nicho das âmbulas que foram profanadas, após a explosão da bomba na Catedral, durante o regime militar.

12Dom Luciano Bergamin, bispo de Nova Iguaçu, acolhe os peregrinos

A caminhada seguiu até a casa de oração Frei Jordão Mai, onde almoçaram com o querido Dom Luciano Bergamin, que os abençoou e como sempre nos acolheu com muito carinho como um verdadeiro pai e pastor para seu rebanho. Após o almoço e um breve momento de descanso, iniciou-se a Via sacra pelas ruas onde foi refletido não só a paixão de Cristo, mas a vida e a relação dos jovens com a igreja e a sociedade através dos exemplos de vida de São Francisco. Enquanto caminhavam, foram percebendo como o povo de Deus necessita de ajuda e carinho. Foram inúmeros pedidos de oração, que fizeram deste trajeto da caminhada um momento forte de oração e ação, ação que ficou evidente em frente a UPA (Unidade de Pronto Atendimento), onde uma mulher chegou para dar entrada na unidade de saúde e foi socorrida por jovens da caminhada.

Para Matheus Coelho, de Nilópolis, este foi um dos momentos mais marcantes.  “Acho que encontramos Jesus todos os dias pelas ruas, através do cotidiano, por exemplo em uma pessoa que precisa de ajuda, como quando nós paramos para ajudar uma moça na cadeira de rodas”, explicou.

18Diálogo ecumênico e encontro com as Irmãs Clarissas marca a Caminhada Franciscana na Baixada Fluminense

Ao longo do trajeto, foi feita uma parada em frente na casa de uma irmã evangélica, que havia ajudado a conseguir algumas casas para a via sacra e com um gesto de unidade e ecumenismo foi dada a ela uma flor e como irmãos todos rezaram a oração do Pai Nosso. Da mesma forma um pastor evangélico ficou muito feliz por receber uma das estações e apoiou a iniciativa, pois viu nos rostos dos jovens a esperança para um mundo melhor e mais cristão. Em uma das casas uma das senhoras deu um belo testemunho. Mesmo doente, expressou alegria por receber os peregrinos e ao fim da estação caminhou até ao mosteiro. Muitas pessoas pediram oração durante o caminho e ao final da oração seguiram aos jovens até o mosteiro e essa ação deu mais ânimo aos jovens. Na porta do mosteiro foram recebidos pela madre superiora das Clarissas.

No mosteiro foi lido o Evangelho, a passagem da parábola do filho pródigo. A jovem Mariana Rogoski deu o seu testemunho de vida e ressureição, e mostrou que sempre é tempo de retornar, e que Deus é um pai misericordioso e nos ama e perdoa sempre não importa o que façamos. Em seguida, o grupo jovem da comunidade Nossa Senhora das Graças de Nilópolis fez uma bonita apresentação, onde mostrou a alegria da volta e o amor de Deus que nos protege sempre. Frei Diego Melo, coordenador do SAV (Serviço de Animação Vocacional), ajudou aos participantes a entenderem o tema “Não perca de vista seu ponto de partida”.

“Não perder de vista o ponto de partida é voltar para o primeiro amor. É lembrar-se da decisão que tomamos diante a vida e que sempre temos duas opções, o sim e o não, e cabe a nós decidir qual o caminho tomar, mas se a escolha for a errada temos a oportunidade de sempre voltar ao ponto de onde começamos”, afirmou o frade. O momento de oração terminou com a benção de Santa Clara cantada pelas irmãs Clarissas do Mosteiro e em seguida voltaram para a casa de oração para janta e pernoite.

Logo pela manhã todos tomaram café e participaram da Celebração Eucarística, onde foi possível partilhar a experiência da caminhada, as alegrias, o cansaço, o que foi visto e o que chamou atenção. Ao fim da missa juntaram suas as mochilas e iniciaram o retorno à paróquia de Nossa Senhora da Conceição. Chegando lá foram acolhidos pelo Frei Gildo e o pároco Frei José Pereira, que recordou o pedido do Papa Francisco: sermos uma igreja em saída. Essa lembrança reforçou a esperança de uma igreja mais solidária, disposta a servir o próximo em suas necessidades.

A Caminhada Franciscana da Juventude foi um momento de um profundo encontro com Cristo, buscando ele dentro de nós, nos outros e no caminho. É ir às periferias existenciais pra conseguir forças para continuar a caminhada. É confirmar a nossa vocação de discípulos missionários. É ser igreja fora da igreja e sobretudo ser evangelizadores!

Testemunhos:

Cintia Gomes, de Nilópolis: O que me chamou atenção e o que me emocionou foi quando estávamos na via sacra, onde várias pessoas pediram para pararmos na casa delas, até pessoas de outras denominações cristãs. Fiquei muito emocionada ao ver uma senhora que ainda não tinha sido operada acompanhando a gente no caminho. Levarei para minha vida a simplicidade de São Francisco, o jeito maravilhoso de ajudar o próximo e de ser apaixonado por Cristo.

Mariana Rogoski, de Curitiba: Essa foi minha 2ª Caminhada, mas bem diferente da primeira. Sai do Paraná para encontrar no Rio de Janeiro um povo muito guerreiro, que mesmo com as dificuldades locais, não tiram o sorriso do rosto e a alegria de viver. Senti o espírito de fraternidade na linda acolhida nas casas que me receberam! Encontrei pelas três cidades que passamos realidades diferentes da minha, vi muita diversidade, muita riqueza de vida. Mas também vi rostos tristes que clamavam por socorro, como o de algumas mulheres que foram acompanhando nosso grupo e pedindo oração em suas casas enquanto fazíamos a via-sacra. Mas o que mais me emocionou, acho que foi enquanto paramos em frente a UPA e fazíamos uma das Estações da Via-Sacra, e um homem chegou carregando uma mulher nos braços. Eu e Frei Diego largamos papéis e orações e corremos para ajudá-los. Foi intenso carregá-la nos braços e levá-la até a porta da UPA, onde foi atendida. Ao mesmo tempo, outras pessoas da caminhada socorreram o filho do casal no carro. Naquele momento percebi: muito mais que rezar, falar, caminhar temos que agir! Foi lindo e que venha a próxima.

Frei Diego, coordenador do SAV: Na certeza de que nossa cabeça pensa a partir de onde nossos pés pisam, creio que essa Caminhada na Baixada proporcionou um novo modo de pensar a realidade de tantos irmãos e irmãs que vivem nesse local sagrado e chagado. Em uma caminhada como essa, o contato imediato e a proximidade com as pessoas são um grande diferencial, pois nos colocam diante da realidade tal qual ela é. Caminhando com os jovens pelas ruas, ouvindo suas histórias, conhecendo um pouco melhor a realidade onde vivem e os desafios que diariamente enfrentam, só me fizeram renovar a convicção de que, como franciscanos, nosso lugar é, de fato, no meio do povo. É preciso que sejamos essa igreja em saída, como nos pede o Papa Francisco, pois quando saímos de nosso mundo, de nossas realidades e comodidades, somos capazes de encontrar e entender a realidade que nos cerca e que muitas vezes permanece desconhecida de nós.