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O protagonismo dos leigos na evangelização

13/07/2018

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O presidente da Conferência Episcopal do Chile, Dom Santiago Silva Retamales, defendeu o protagonismo dos leigos na evangelização, especialmente, das mulheres, durante o 5º Congresso Americano Missionário (CAM 5), que começou na terça-feira, 10, em Santa Cruz de la Sierra. “Particularmente as mulheres não podem continuar ocupando um segundo ou terceiro lugar na Igreja, mas, por identidade e missão, devem ter parte ativa nas decisões, elaboração e execução da evangelização”, destacou. “Abrir espaços eclesiais [para os leigos] não é um favor que se concede, mas exigência de um direito que os leigos têm”, completou.

Dom Retamales abriu os trabalhos do CAM 5, nesta quinta-feira, 12, com a conferência “Anunciar o Evangelho ao mundo de hoje”. Em longo texto, o conferencista apresentou o tema considerando a missão de Jesus, do apóstolo Paulo e da Igreja no mundo hoje. “A missão de Jesus é normativa e a de Paulo se inspira em Jesus”, disse.

Licenciado em Teologia Dogmática e em Bíblia, Dom Retamales lembrou que o centro da missão é o anúncio do Reino de Deus tal como fez Jesus. “Jesus não prega a si mesmo, mas o Reino. Ele anunciou não apenas o Reino de Deus, mas o Deus do Reino”. Segundo o bispo, para entender o anúncio do Reino de Deus, é preciso compreender que “Jesus é o filho amado de Deus feito homem, que vem para revelar o Reino de Deus que quer reinar oferecendo-nos sua identidade, isto é, seu ser Pai rico em vida e misericórdia”. Ele destacou que o Reino não é pregação sobre alguma coisa ou sobre doutrina, mas se trata de relações. “O Reino é uma nova forma de ser, uma nova forma de relações, uma nova forma de fazer”, observou.

Dom Retamales ressaltou também a missão da Igreja no anúncio do Reino e lembrou que Jesus é a única fonte da salvação e não a Igreja. “A Igreja contém Cristo, porém, Cristo é maior que a Igreja. Esta é sacramento universal de salvação enquanto imagem da Trindade. Ela é mistério de comunhão e vida, misericórdia e serviço. Com seus dons ministeriais e carismáticos, ela é missionária e está a serviço da humanidade”, explicou.

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DEMOCRACIAS CORREM RISCO

A terceira conferência do 5º Congresso Americano Missionário (CAM 5), intitulada “Discípulos, testemunhas da comunhão e da reconciliação”, foi proferida no final da manhã desta quinta-feira, 12, pelo diretor geral da Agência de Notícias Fides da Bolívia, o padre jesuíta Sergio Montes Rondón. Apresentando estatísticas sobre a violência, a corrupção e a pobreza na América Latina e no mundo, o conferencista disse que não é possível promover a reconciliação sem conhecer a realidade.

“A imagem de um mundo quebrado, fragmentado ou dividido é muito forte e provocadora, mas o que mais chama a atenção é que é real, porém o discípulo-missionário deve ver a realidade com realismo, com sentido crítico e profético, e igualmente com fé e esperança”, afirmou padre Rondón.

Segundo o conferencista, em 2016 houve 1.831 assassinatos de mulheres em 16 países da América Latina. “Acompanha a violência contra as mulheres, uma violência social mais ampla que afeta 42 cidades da América Latina”, ressaltou. Ele destacou a desigualdade social que faz crescer o número de pobres no continente latino-americano. “Na América Latina, os 10% mais ricos concentram 68% da riqueza”, apontou.

Padre Rondón destacou também o risco que a democracia está correndo nos países latino-americanos com graves consequências para os mais pobres. “As democracias estão atravessando dificuldades muito amplas em seu espectro institucional, de representação, de controle social e de exercício do poder, o que ocasiona instabilidade política e agudas crises sociais e econômicas que, como sempre, afetam mais os pobres, os marginalizados, os descartáveis por quem intercede continuamente o papa Francisco”, sublinhou.

A violência contra a natureza foi outro aspecto considerado pelo conferencista. “A violência contra a natureza é ao mesmo tempo uma violência contra Deus e a humanidade”, disse. Na opinião do padre Rondón é urgente uma conversão ecológica na Igreja e na sociedade. Além disso, defendeu a igualdade nas relações entre as pessoas. “A comunhão nas comunidades cristãs supõe a compreensão eclesiológica de que tendo distintos dons, carismas ou funções, ninguém é melhor ou pior, ninguém é maior ou menor, ninguém é superior ou inferior”.

Como o primeiro conferencista do dia, padre Rondón também entende que a mulher precisa ser mais ouvida na Igreja. “A Igreja na América e no mundo tem um rosto de mulher. Sua voz e seu olhar devem que ser respeitados, valorizados e promovidos, não a partir da aparente condescendência para nos justificar, mas a partir do convencimento de que [a mulher] não é uma cristã de segunda categoria, mas testemunho fiel de que é capaz de dar a vida”, considerou.

O conferencista questionou a qualidade da fé dos católicos da América Latina diante da desigualdade que marca os países latino-americanos. “Chama a atenção o fato de que a América Latina seja a região com mais católicos do mundo e, por sua vez, seja a mais desigual economicamente. Este dado é que nos alerta sobre o real impacto da vida cristã na sociedade. Que Cristo estamos pregando?”, provocou.

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