Você já reparou que nas novelas e nos filmes os personagens que mais fazem sucesso são aqueles muito bons ou muito maus? É só você fazer um exercício de memória e vai perceber que terá mais facilidade para se lembrar dos grandes vilões ou mocinhos do que daqueles personagens que eram o meio termo.

Este fato acontece porque o ser humano tem a tendência de se projetar nestas figuras fortes. O herói desperta dentro da pessoa tudo que ela tem de melhor: a bondade, a perseverança, a honestidade, a nobreza de caráter e a coragem. Já o malfeitor aponta para os grandes vícios humanos: a mesquinhez, o egoísmo, a covardia, o ódio e a inveja. Ao ver o inimigo vencido na ficção, o telespectador se sente tranqüilo. É como se, junto com aqueles vilões, todos os seus defeitos também caíssem por terra.

A verdade é que, na vida real, toda pessoa traz dentro de si as duas imagens. Pensando a partir da parábola que Jesus nos apresenta no Evangelho deste final de semana (Mt 13,24-43), 16º Domingo do Tempo Comum, seria como dizer que joio e trigo crescem juntos no coração humano. A luta entre o herói e o vilão acontece dentro de cada um. Por melhor que seja a pessoa, ela também tem seus momentos de engano. Está sujeita também a cometer erros. Por isso, o melhor a ser feito é reconhecer esta batalha e não se apavorar.

A superação das próprias sombras interiores é um processo contínuo. Lembre-se dos filmes: os inimigos só são derrotados no final. Não se apavore nem fique com raiva de si mesmo por causa de seus tropeços. Lute contra eles com coragem e perseverança. Entregue-se por inteiro a Deus e acredite na força da bondade que habita em seu coração.

Frei Gustavo Medella