“Anunciar Deus hoje como boa notícia”, o novo livro de José Antonio Pagola
27/04/2021
“Nós, cristãos, só poderemos anunciar o nosso Deus como Boa Notícia se soubermos introduzir sua amizade e sua grande bênção neste mundo às vezes inóspito. Nem todos podem oferecer amizade, já que somente quem se sente amado é capaz de amar. Por isso, esta pode ser hoje uma das pistas para a nossa ação evangelizadora: acolher a amizade de Deus, desfrutá-la e celebrá-la em nossas comunidades, para poder anunciá-la e comunicá-la inclusive aos mais esquecidos e abandonados. Assim disse o Papa Francisco, citando Paulo VI: “Oxalá o mundo atual – que busca às vezes com angústia, às vezes com esperança – possa assim receber a Boa Notícia não através de evangelizadores tristes e desencorajados, impacientes e ansiosos, mas através de servidores do Evangelho, cuja própria vida irradia o fervor de quem recebeu, acima de tudo em si mesmo, a alegria de Jesus Cristo”, trecho do livro de José Antonio Pagola
A pós uma obra dedicada a “Recuperar o projeto de Jesus”, este livro traz um tema de importância capital: “Anunciar Deus hoje como Boa Notícia”. O Evangelista Marcos nos disse que Jesus percorria as aldeias da Galileia “proclamando a boa notícia de Deus”. Sem dúvida, o relato evangélico recolhe uma experiência real: na mensagem e na ação de Jesus, aqueles camponeses da Galileia dos anos 30 perceberam Deus como algo novo e bom. A nós, que vivemos numa sociedade indiferente e descrente, o fato não deixa de ser surpreendente. Como Jesus conseguiu anunciar Deus como Boa Notícia? O que deve acontecer para que o mistério de Deus possa ser experimentado como algo novo e bom? Estas talvez sejam as perguntas-chave para apontar a direção adequada ao nosso ato evangelizador nesta sociedade de hoje.
José António Pagola é sacerdote e tem dedicado a sua vida aos estudos bíblicos, nomeadamente à investigação sobre o Jesus histórico. Nascido em 1937, é licenciado em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma (1962), licenciado em Sagradas Escrituras pelo Instituto Bíblico de Roma (1965), e diplomado em Ciências Bíblicas pela École Biblique de Jerusalém (1966). Professor no seminário de San Sebastián (Espanha) e na Faculdade de Teologia do Norte de Espanha (sede de Vitória), foi também reitor do seminário diocesano de San Sebastián e vicário-geral da diocese de San Sebastián.
Favor fechar os olhos – Em busca de um outro tempo
“Hoje em dia, as coisas ligadas ao tempo envelhecem muito mais rápido do que antes. Elas decaem rapidamente naquilo que é passado e fogem à atenção. O presente se reduz à ponta da atualidade. Assim, o mundo perde algo de sua duração. A causa do encolhimento do presente não é, como se assume equivocadamente, a aceleração. Antes, o tempo, como uma avalanche, lança-se adiante, porque ele não tem mais uma parada. Aqueles pontos do presente entre os quais não existiria nenhuma força gravitacional e nenhuma tensão, pois são meramente aditivos, desencadeiam a ruptura do tempo, o que conduz ao aceleramento sem direção e sem sentido”, diz Byung-Chul Han, o filósofo sul-coreano, um destacado dissecador da sociedade do hiperconsumismo.
“As imagens digitais de hoje em dia são sem silêncio e, por isso, sem música, sim, sem aroma. Também o aroma é uma forma de conclusão. As imagens inquietas não falam ou contam, mas sim fazem barulho. Frente a essas imagens “ameaçadoras” não se pode fechar os olhos. O olho fechado é o signo visual da conclusão. Hoje, a percepção é incapaz da conclusão, pois ela zapeia pela rede digital sem fim. A rápida alternância entre imagens torna impossível fechar os olhos. Ele pressupõe um demorar-se contemplativo. As imagens, hoje, são construídas de tal modo que não é mais possível fechar os olhos. Ocorre um contato imediato entre elas e olho, que não permite nenhuma distância contemplativa. A coação por uma vigilância e visibilidade permanente dificultam fechar os olhos. A transparência é expressão da hipervigilância e da hipervisibilidade”.
Byung-Chul Han nasceu na Coreia do Sul, em 1959, e estudou Metalurgia na Universidade da Coreia. Sua carreira como filósofo iniciou-se nos anos 1980, quando ele foi estudar Filosofia, mas ele desenvolveu também estudos em Literatura Alemã e Teologia Católica na Universidade de Freiburg, na Alemanha.
Em 1994, Han obteve seu doutorado em Filosofia pela Universidade de Freiburg desenvolvendo uma tese sobre o filósofo alemão Martin Heidegger. Seus estudos levaram-no a entender a fenomenologia e o existencialismo, que são correntes da Filosofia que buscam a compreensão da relação do ser humano com o mundo.
Em 2000, o filósofo passou a integrar o corpo docente da Universidade da Basileia e, atualmente, é professor de Filosofia e Estudos Culturais da Universidade de Berlim.
Diabo (a) – uma biografia
Na condição de história secular da ideia do Diabo, esta obra é uma daquelas que só poderia ter sido pensada e escrita após meados do século XVIII. Porém, ela também é sensível para a profundidade e amplitude da história cristã de salvação, no âmbito da qual Satanás viveu, se moveu e teve sua existência. É de se esperar que esta nova biografia do Diabo de alguma maneira contribua para reconduzi-lo ao lugar central que ele ocupou na história intelectual ocidental durante a maior parte dos últimos dois mil anos e para o reconhecimento do papel crucial que ele teve e continua desempenhando na história de todos nós.
Para algumas formas de cristianismo conservador moderno, marginalizado dentro do moderno pensamento “secular” ocidental, permanece a crença de que o Diabo está ativo e que continuará assim até finalmente ser entregue a uma eternidade no inferno, no fim da história. Para muitos cristãos, tanto protestantes quanto católicos, a existência do Diabo e sua capacidade de agir na história, na natureza e nas vidas humanas continua sendo uma explicação satisfatória do infortúnio natural e do sofrimento humano, atenuado pela convicção paradoxal de que, no final do dia, Satanás terá cumprido a vontade de Deus e que, no fim da história, ele será derrotado e eternamente punido por fazer isso.
Essa foi a narrativa que perdeu seu papel central e paradigmático na vida intelectual ocidental em torno de meados do século XVIII. Naquele tempo, pelo menos para uma elite culta, o Diabo se tornara um personagem da história – mais do passado do que do presente ou do futuro –, e não um participante ativo nela. A biografia do Diabo tinha se tornado ficção, e não fato. A história do Diabo se convertera em mera história de uma ideia. Em decorrência disso, tornou-se intelectualmente possível escrever histórias “quase seculares” do Diabo, histórias que reconheceram o significado do “Diabo” para a história intelectual ocidental, enquanto não confirmava nenhum dos papéis reais que tradicionalmente se entendeu que ele tivesse tido na história.
Portanto, foi só a partir daquele tempo que se tornou possível fazer duas narrativas. Uma é a narrativa cristã tradicional que vê Satanás como um ator-chave na história cósmica desde a criação, passando pela queda e redenção, até o Juízo Final, seguido da entrega do Diabo em companhia dos condenados ao inferno pela eternidade. A outra é a história secular de como a ideia do Diabo foi historicamente criada dentro daquele contexto teológico, de como ela foi formulada e reformulada durante um período que se estende do “nascimento” daquela ideia nos séculos anteriores à era cristã, a sua elaboração em uma narrativa da queda e redenção na Igreja antiga e medieval, a seu papel central na magia, bruxaria e possessão na demonologia clássica do período medieval e da primeira fase da era moderna, a seu lugar na história do apocalipsismo cristão e, por fim, a “morte” da ideia na primeira metade do século XVIII. Trecho retirado da obra de Philip Almond.
Quando eu rezo
“Deus participa de todos os momentos da nossa vida, e essa é a maior graça que podemos receber dele: sua presença! Cada reflexão e cada oração que compõem este livro têm o afetuoso desejo de levar-nos a perceber esta presença de Deus.
Bendizer a Deus por suas obras e pela vida que Ele nos oferece é fonte inesgotável de alegria e de felicidade. Permitir-se um tempo para contemplar o pôr do sol ou sentir o perfume de uma flor – estas pequenas alegrias, que revelam a bondade de Deus – tornam nossa alma agradecida.
Ter a sensibilidade de perceber a presença de Deus em nosso cotidiano faz-nos ter um coração agradecido. Mesmo nos momentos mais difíceis, os sentimentos de gratidão nos ajudam a vencer as tribulações e provações. Quando direcionamos o olhar para o que é realmente importante e para as manifestações das delicadezas de Deus, nossos corações se tornam agradecidos”, trecho da obra de Bruno Carneiro Lira, OSB; Ir Jailda Rocha Caetité, CFA; Ir. Roberta Peluso, OSB; e Sônia de Fátima Marani Lunardelli.
Pastoral Urbana
No intuito de contribuir com a implementação das novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, propostas pela CNBB, um grupo de cientistas sociais, teólogos e pastoralistas está oferecendo esta obra coletiva: Pastoral urbana – Novos caminhos para a Igreja na cidade. O contexto posto em relevo pelas novas Diretrizes é o mundo urbano, que exige uma pastoral urbana.
A cidade é um todo complexo e diversificado. Mais do que um espaço físico é, sobretudo, um horizonte cultural, que altera as relações entre as pessoas e destas com Deus e a natureza. A gênese e o desenvolvimento da cidade mostram que se trata de uma realidade em constante metamorfose. Um olhar analítico sobre o fenômeno, mas colado ao saber experiencial, é condição para um processo de evangelização que leve a uma encarnação do Evangelho no mundo urbano.
Pastoral urbana não é simplesmente fazer pastoral na cidade. Trata-se, antes, de uma ação pastoral encarnada no mundo urbano, caracterizada por desafios, estilo de vida, linguagem, símbolos e imaginários próprios.
Este livro está estruturado em três partes, com quatro pequenos capítulos em cada uma delas. A primeira – Mundo urbano – está dedicada a situar os agentes de pastoral na realidade urbana, em seus diversos âmbitos: geográfico, econômico, político, social, cultural, ecológico, religioso. A segunda parte – Igreja urbana – busca situar a fé cristã e a Igreja no contexto urbano atual, dando indicações para a inculturação da fé, para uma Igreja com rosto urbano e presente na cidade, segundo as exigências do contexto, sobretudo em relação à sua organização e estruturas. A terceira parte – Pastoral urbana – quer oferecer perspectivas para a operacionalização de uma pastoral com jeito urbano e no contexto urbano, relativa aos dramas e urgências socioambientais, à fragmentação do tecido social, bem como às exigências de uma pastoral orgânica, em vista de uma Igreja com rosto urbano. Trecho da obra de Agenor Brighenti, Francisco de Aquno Júnior (organizadores)
Catequese no mundo comunicacional
Este livro apresenta a relação que existe entre iniciação à vida cristã, catequese e comunicação, como três elementos que se ligam a partir de sua essência. Atentos a esses elementos os autores propõem reflexões e roteiros de estudos para contribuir com os catequistas e agentes no processo de catequizar e ajudar seus interlocutores a viver e aprofundar a fé inseridos neste universo, denominado de mundo comunicacional.
Composto de uma reflexão próxima à realidade dos catequistas e associada ao que caracteriza a iniciação à vida cristã, o livro está organizado em quatro capítulos:
♦ No primeiro capítulo explora a comunicação a partir da pessoa de Jesus Cristo, o comunicador do Pai. Ele é um comunicador cativante e referência máxima para refletir a comunicação no âmbito iniciático.
♦ No segundo capítulo apresenta oito personagens importantes da Escritura, na perspectiva da comunicação. Fundamentando-se na experiência desses personagens são indicadas pistas concretas para o mundo da iniciação à vida cristã a partir do modo como eles comunicaram a Palavra de Deus.
♦ No terceiro capítulo é abordado o mundo comunicacional, focando os desafios e as oportunidades que se apresentam para a evangelização.
♦ O quarto capítulo é uma contribuição preciosa da jornalista Karina de Carvalho, que discorre sobre o tema do mundo digital de modo concreto, com exemplos práticos sobre o uso dos instrumentos provenientes dessa cultura digital no contexto da catequese.
Em cada capítulo são propostos dois roteiros: um para a formação de catequistas e outro para realizar a Leitura Orante.
A obra é uma contribuição para a catequese refletir sobre a sua maneira de comunicar a mensagem de Jesus Cristo e os ensinamentos da Igreja no processo de educação da fé. (Trecho retirado da obra)
O texto que se apresenta procura indicar pistas para que o cristão adulto em sua fé possa viver inserido neste universo, que chamaremos aqui de mundo comunicacional. O objetivo deste livro é trazer uma reflexão muito próxima dos agentes da iniciação à vida cristã, especialmente os catequistas2. A inspiração para este trabalho foi o IX Sulão de Catequese, realizado em Florianópolis em junho de 2017. O evento teve como tema Comunicação no processo de iniciação à vida cristã, tendo como lema: “Senhor, todos te procuram” (Mc 1,37)3. Parece haver um reconhecimento por parte dos agentes da catequese de que este tema é de primordial importância. Trecho retirado da Introdução da obra de Pe. Roberto Nentwig.