Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Antônio 2020-2022: peregrinação a pé seguindo os passos do Santo

10/12/2020

Notícias

                                                                                                                                              Imagem: Vatican News

Oitocentos anos após sua chegada à Itália, Santo Antônio de Pádua é celebrado com uma caminhada que segue seus passos. Um programa de 97 etapas ao longo da Itália, 1990 quilômetros. O coordenador, Padre Floretta: “Vamos redescobrir um santo, além da hagiografia comum que o venera como o Santo dos milagres”.

Seguir os passos de Santo Antônio significa atualizar o estilo de um homem que soube combinar a pregação de alto nível com atos de caridade e proximidade com os mais desfavorecidos. Compatível com a evolução da pandemia – que já obrigou um adiamento da iniciativa e que muito provavelmente, pouco a pouco, reduzirá o programa – o convite é para participar, inscrevendo-se no site www.antonio2022.org, em uma experiência multifacetada a partir da primavera de 2021. Padre Paolo Floretta, coordenador do projeto Antonio 20-22, nos fala sobre o evento.

Pregação sem esquecer os últimos

“Foi um santo solidário, que formou muitos cristãos com sua pregação espalhada pelo norte da Itália e pelo sul da França”, explica o religioso. Santo Antônio já era um monge agostiniano quando amadureceu a vocação de se tornar franciscano, olhando para o testemunho de alguns mártires em missões no Marrocos. Muito atento aos pobres, ele deu uma grande contribuição especialmente para os devedores insolventes”, lembra Padre Paolo, “tornando-se também um dos primeiros defensores dos direitos humanos. Seu fascínio veio de saber combinar o alto e o baixo, pode-se dizer: contemplação mística e contato com pessoas comuns. Ele sabia como falar com qualquer pessoa, tornando-se um paladino dos mais pobres”.

A sabedoria comunicativa de Santo Antônio, um modelo para a Igreja

Santo Antônio de Pádua é um Doutor evangélico que colocou a comunicação no centro de seu apostolado. Seu estilo nos ensina que para uma comunicação eficaz, mesmo na esfera eclesial, é necessário “partir das perguntas e problemas das pessoas usando uma linguagem, como testemunhado nos Sermões, extremamente concreta que ajude as pessoas a se identificarem com certas situações”, aponta o Padre Floretta. Santo Antônio estava preocupado em dar diretrizes de como viver melhor a vida”, acrescenta, “sugerindo maneiras práticas que melhoram a vida para que cada pessoa tenha a oportunidade de encontrar seu próprio lugar para florescer e expressar o amor fraterno para os outros”.

Um náufrago na costa siciliana

Santo Antônio é um santo náufrago. “Em Capo Milazzo, na Sicília, recordaremos a realidade da migração, as questões que ela levanta, precisamente sobre este aspecto biográfico do Santo”, anunciou Floretta. Ele especifica que Antônio de Pádua sabia o que significa passar por uma tempestade para chegar à Itália e também sabia como se aclimatar à cultura, costumes, línguas, ambientes.

“Santo Antônio é verdadeiramente um grande testemunho de uma integração fecunda”, sublinha o religioso: “De fato, ele ainda fecunda o mundo com sua importante presença não apenas entre os cristãos. De fato, sabe-se que ele também é rezado por muçulmanos, hindus e budistas”. Deste ponto de vista, ele é um santo que encarna plenamente o espírito da encíclica Fratelli tutti: o reconhecimento do outro como irmão em Cristo.

Uma peregrinação de 97 etapas

O caminho proposto pelos frades é bastante articulado. “Ainda estamos definindo”, explica Padre Paolo, que antecipa que a característica do caminho é a de um tema regional: na Sicília será explorado o tema da migração, na Calábria o da legalidade, na Basilicata a relação com a natureza, na Úmbria o tema dos caminhos espirituais, na Emília a pastoral ligada à pregação, em Pádua os aspectos mais teológicos e caritativos. “A qualidade de uma participação física, onde se expressa a manifestação antropológica do caminhar, é uma forma de estar no mundo, de pensar, de viver a espiritualidade do ‘homo viator’”, conclui Floretta ao sublinhar o magistério inerente à escolha de fazer uma peregrinação para uma celebração deste tipo. “Faremos a experiência de caminhar na direção de Deus descobrindo que Deus também é um Deus que não é imóvel, mas que vem ao encontro do homem”.