Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Agudos: Província entrega à Diocese cuidado pastoral da Paróquia Santo Antônio

Dentro do processo de redimensionamento reafirmado pela Província no último Capítulo Provincial (2018), celebrou-se, no último domingo, dia 4 de agosto, às 19 horas, a passagem do cuidado pastoral da Paróquia Santo Antônio de Agudos, desde a fundação, em 2000, sob responsabilidade da Província, à Diocese de Bauru. A celebração, na qual foram empossados o novo pároco, Padre Paulo Tavares de Brito, e o novo vigário paroquial, Padre Rafael Zagatto Lima, foi presidida pelo Bispo Diocesano, Dom Rubens Sevilha. Em nome da Província, participaram o Vigário Provincial, Frei Gustavo Medella, representando o Ministro, Frei César Külkamp, além de Frei Sílvio Trindade Werlingue e Frei Pedro Viana que, desde o início deste ano, estiveram a serviço das duas paróquias do município (Frei Silvio e Frei Pedro permanecem como pároco e vigário da Paróquia São Paulo Apóstolo).

A Igreja estava lotada e, no início da homilia, Dom Rubens Sevilha pediu ao povo, como sinal de gratidão aos franciscanos pelos quase 20 anos de serviço na paróquia, uma salva de palmas. Foi respondido prontamente por um demorado aplauso oferecido de pé aos frades. E brincou: “Eu já imaginava que vocês fossem queridos aqui, mas não sabia que eram tanto”, disse, referindo-se ao entusiasmo da saudação da assembleia. O bispo também aproveitou para explicar que a mudança ocorre no campo jurídico e canônico, mas que, na prática, ali continua sendo uma comunidade de fé que busca crescer unida na construção do Reino de Deus.

Além das lideranças de diferentes pastorais e movimentos, fizeram-se presentes paroquianos da Paróquia São Paulo, de Agudos, de outras paróquias da Diocese de Bauru e familiares dos padres que iniciavam seu ministério na comunidade. Em sua palavra de agradecimento, o novo pároco, Padre Paulo, saudou de maneira especial a Frei Silvio e Frei Pedro pela maneira como o acolheram e pela disponibilidade que apresentaram desde o início do processo: “Vocês agiram como verdadeiros franciscanos com a acolhida que nos dispensaram, oferecendo, inclusive, a casa paroquial da Paróquia São Paulo para morarmos enquanto providenciamos nossa moradia. E lá estamos morando”, explicou. Padre Paulo também relatou que estava assumindo com muito entusiasmo o novo encargo que lhe esteva sendo confiado: “Hoje, sinto-me como no dia na minha ordenação. Não tão jovem, pois agora já tenho 51, mas com o coração aberto para caminharmos juntos”, declarou.

Em nome da Província, Frei Gustavo Medella agradeceu à Igreja Particular da Diocese de Bauru, aos confrades da Fraternidade local e, de forma especial, ao povo da Paróquia Santo Antônio: “No decorrer da história, os frades já foram conhecidos por diferentes nomes, como Penitentes de Assis, Irmãos Menores, Franciscanos e outros. Nesta noite, nosso nome é gratidão!”, disse Frei Gustavo.

GRATIDÃO DA COMUNIDADE PAROQUIAL

Como homenagem aos frades que fizeram parte da história da Paróquia desde a sua fundação, a professora coordenadora do curso de Pedagogia e Coordenadora da Pós graduação em Educação da Faculdade de Agudos – FAAG e uma das lideranças paroquiais, Helena Aparecida Gica Arantes, e seu esposo, o diácono Marcos Alberto Arantes, prepararam uma retrospectiva que emocionou a todos.


Confira o relato:

Reverendíssimo Dom Frei Rubens Sevilha, reverendíssimo Vigário Provincial Frei Gustavo Medella, sacerdotes e diácono Marcos, ministros extraordinários e demais irmãos e comunidade aqui presentes, gostaria em nome dos paroquianos, de dizer algumas palavras referente a esse dia pelo qual estamos celebrando. Antes, porém se faz necessário voltarmos um pouquinho no tempo, pois tudo se passou muito rápido.

A paróquia Santo Antônio hoje é composta por três comunidades, sendo São Pedro, esta, formada e idealizada pelo nosso querido Frei Álido Rosa, quando ainda éramos uma só paróquia em nossa cidade, temos também a Santa Clara e o setor Santo Antônio, onde estamos reunidos, além de duas comunidades rurais, Turvinho e Santa Isabel.

A matriz Santo Antônio, não foi sempre assim conhecida, pois quando éramos ainda crianças tínhamos a nossa tão linda e aconchegante capela de santo Antônio, tão carinhosamente chamada por todos da nossa comunidade.

Aqui tínhamos os nossos freis muito zelosos, isto em todos os sentidos, tanto no aspecto físico, como também, no pastoreio deste povo que é tão devoto a Santo Antônio. Afinal fomos batizados, catequizados, recebendo depois todos os demais sacramentos sob os cuidados deles. Tínhamos o Frei Alcides, incansável no zelo e atendimento às famílias que visitava levando em suas palavras e gestos a presença de Jesus; Frei Gregório, santo homem, conhecido como bom confessor tinha em seus sermões a sabedoria, pois com suas palavras tocava a todos nós, nos trazendo aconchego e segurança, incansável nas visitas aos doentes em suas casas, bem como no hospital de Agudos, gastando horas e horas de seu tempo no propósito de sempre levar esperança a àqueles que sofriam pelas sua enfermidades. Também neste período tínhamos aqui um grupo de jovens muito atuante aqui em nossa capela sob a  formação e  orientação espiritual do Frei Pedro Engel e da Irmã Cristina.

O tempo foi passando, a comunidade foi crescendo e se fez necessário ampliar nossa igreja, todos se envolveram, foi lindo ver que ela crescia em estatura e graça, pois muitas bênçãos foram derramadas sobre todos aqueles que colaboraram que esse feito se concretizasse. Agora, nossa Santo Antônio deixava um pouco do aspecto de capela adquiria uma certa imponência pelo seu tamanho, nem imaginávamos que se tornaria um dia uma matriz, mas como os planos são de Deus e não nossos, um dia se tornou matriz Santo Antônio, mas não havia meio de ninguém chamá-la assim, pois para nós seria sempre capela.

Nosso primeiro pároco foi o nosso saudoso Frei Mario Bruneta, um homem simples que já exercia a capelania aqui, pois sempre estava conosco, singelo, sempre no meio do povo, sentado na praça tinha uma paciência que era incomum, conversava com todos e todas, pobres, mendigos, alcoólatras, auxiliava os menos favorecidos, com palavras sábias do evangelho e fazia questão de doar também seu bens, pois sempre comprava fraldas e alimentos, um sacerdote de coração e mão aberta, que ao nos encontrarmos com ele, perguntávamos, como está frei? E ele logo respondia: “Estou bem, melhor do que mereço”! 

Professor ilustre grande conhecedor, erudito, que acabou por ser nomeado para uma nascente paróquia constituída de pessoas simples, de uma comunidade marcada pela oração do terço, das novenas, procissões, das orações em família. Frei Mario foi escolhido a dedo, não dos homens, mas o de Deus, do Espírito Santo. Um frei que viveu a maior parte de sua vida na formação no seminário menor aqui em Agudos e assumiu com coragem e determinação essa tarefa, de uma idealização paroquial, e a realiza com grande maestria. Deixa para seu sucessor Frei Ângelo Vanazzi, uma paróquia com muitos coroinhas, na época, mais de trinta, o sr. Mauro que o diga, que carinho o Frei Mario tinha por eles, muitos ministros e pastorais já estruturadas, tudo muito bem organizado.

Em seguida vem também nosso querido frei Ângelo Vanazzi, que já tinha experiência como pároco e pode contribuir e muito para o nosso crescimento no aspecto pastoral. Tinha um jeito brincalhão expansivo com todos de nossa paróquia, envolvendo os jovens em tudo que fosse possível para o seu crescimento como protagonista na sociedade.

Sucedendo, veio o nosso querido Frei Carlos Pierezan, ficou pouco tempo conosco, aproximadamente um ano, mas o suficiente para cativar a todos, estupendo em suas homilias, muito bem preparadas que mexia com a gente, nos fazia refletir sobre o nosso caminhar como igreja e que muito nos marcou e  sempre nos dizia “isso não é possível, Agudos tem que ter um padre…” Frei Carlos deixou muita saudade em todos nós, com seu jeito acolhedor e amável para com todos.

Frei Vitalino, o que dizer deste padre tão impactante em nossa paróquia em todos os sentidos. Preocupado com a formação, proporcionando momentos de estudo dos documentos da igreja, ele mesmo comparava os documentos e entregava para as lideranças para que pudessem se inteirar de tudo e estarem prontos para auxiliarem nas pastorais e movimentos. Marcada mesmo foi sua preocupação com a formação litúrgica, aprendemos muito com ele, aliás, muito do que temos hoje foi de seu tempo, que nos preparou como leitores e animadores das santas missas. Ligado às questões sociais, tinha um senso político aguçado e procurava denunciar as injustiças sociais de nosso tempo. Frei Vitalino nunca deixou que a tradição de nossa paróquia, que é marcada pelas novenas, capelinhas, oração e reflexão nas casas se acabassem, muito menos as grandes procissões que fazia questão que fossem longas e bem animadas e reflexivas.

Depois veio Frei Ângelo Cardoso, que por pouco tempo, aproximadamente um ano também deixou aqui a alegria franciscana envolvendo e estimulando a participação de nossos jovens que naquele ano se envolveram muito em nossa comunidade. Reformou toda a igreja dando um outro ar de rejuvenescimento, não só no aspecto físico, mas também espiritual. Ficou na lembrança a passagem da vida e conversão de São Francisco: reconstrua minha igreja!

Frei José Martins esteve à frente de nossa paróquia por seis anos, onde manteve a tradição das quermesses nas festas do Padroeiro, celebrando sempre com o povo. Nesses últimos três anos tivemos também a alegria do retorno de nosso Frei Carlos Pierezan que atuou como nosso vigário, saudades eternas!

Nestes últimos seis meses estiveram à frente de nossa paróquia Frei Sílvio Werlingue, nosso atual pároco, e nosso querido vigário Frei Pedro Viana, ambos aqui presentes, que, de forma simples e muito cativante, envolveram a todos nós com o jeito franciscano de ser, isto é, animando e incentivando a todos no propósito de nos manterem firmes na caminhada. Frei Silvio à frente de duas paróquias nunca se deixou levar pelo cansaço ou desânimo, pelo contrário, com o apoio de Frei Pedro, administraram com muito carinho e competência, durante este breve período.

Aqui não se trata de uma despedida dos freis, tchau, até mais, isso nunca, pois estaremos sempre juntos, nas lembranças, bem como na caminhada de Igreja. É então um pequeno gesto de gratidão à Província da Imaculada Conceição do Brasil, que não mediu esforços para se fazerem presentes em nossas vidas com ardor franciscano de Paz e Bem!

Foram muitos os freis que por aqui passaram e não foram nossos párocos, mas muito nos ajudaram e nos ajudam até hoje, fica impossível citar nomes e isto incorreria no erro de não mencionarmos alguns, preferimos assim, do jeito franciscano, simples e singelo de agradecer. Província da Imaculada Conceição do Brasil, nosso muito obrigado.

Querido Pe. Paulo e Pe. Rafael, queremos acolhê-los de coração e com muita alegria, temos uma longa história pela frente que não começa aqui, mas que tem continuidade agora com o pastoreio de vocês, podem sempre contar com esta comunidade vibrante, cheia do Espírito Santo, animada pela Palavra de Deus, sustentada pela eucaristia, se mantém firme pela oração e no propósito de nosso Papa Francisco, que sejamos sempre uma igreja em saída. Sejam muito bem-Vindos, Deus os abençoe!

PLACA EM HOMENAGEM À PROVÍNCIA 

Além do resgate histórico, a comunidade também fixou uma placa de gratidão aos fundos da nave da igreja, que diz: “Gratidão. Palavra que resume todo nosso sentimento neste momento. De agradecimento à Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil pelo ‘sim’ ao trabalho de formação e evangelização em nossa Paróquia. Nosso reconhecimento é imensurável de toda a dedicação e carinho dos freis dispensados à nossa Paróquia Santo Antônio. E que, hoje, está nos deixando um legado de que o ‘Amor deve ser amado’ e, por isso, todos nós, Comunidade Santo Antônio, devemos ser instrumentos da Paz, do Bem e do Amor também. Assim, junto com São Francisco, sempre vamos dizer: ‘Nós vos adoramos, Santíssimo Senhor Jesus Cristo, aqui e em todas as igrejas no mundo inteiro, e vos bendizemos, porque, pela vossa Santa Cruz, remistes o mundo’. Nosso muito obrigado à Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil. Paz e Bem!”

Paróquia Santo Antônio, Diocese de Bauru
Agudos, SP, 04/08/2019