Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

A vocação e projeto de vida do irmão leigo

06/09/2015

Notícias

Moacir Beggo

O 1º Encontro Nacional de Irmãos Leigos das várias obediências franciscanas – Ordem dos Frades Menores (OFM), Ordem dos Frades Menores Capuchinhos (OFMCap), Ordem dos Frades Menores Conventuais (OFMConv) e Terceira Ordem Regular (TOR) – já refletiu sobre a história e a espiritualidade do frade franciscano e, neste domingo, 6 de setembro, teve a assessoria do irmão leigo Frei Rubens Nunes da Mota, OFMCap, para entender e motivar os frades sobre o projeto de vida. Durante toda a manhã, os frades ouviram o suficiente – ou como Frei Rubens mesmo definiu: “um bombardeio” – para saírem nesta segunda-feira do Seminário Santo Antônio de Agudos mais confiantes no futuro.

Frei Rubens foi claro: “Afirmo que é importante ter um projeto que nos oriente em nosso caminho para que não sejamos meros tarefeiros, reféns da improvisação ou inconstância”, sustentou. Mas foi também enfático ao dizer: “Projeto de vida não é sinônimo de profissionalismo. É preciso diferenciar tarefa de vocação”.

rubens Segundo Frei Rubens, que é psicólogo, o projeto de vida proporciona à pessoa tomar a vida nas próprias mãos e a descobrir a grandeza de decidir sobre a própria existência, de forma autônoma e comprometida. A ausência, por sua vez, de um projeto de vida faz com que os outros decidam pela pessoa. “Como irmãos leigos, somos confrontados o tempo todo entre o ser e o fazer, ou seja, nossa identidade e nossa contribuição para a Província, Ordem e Igreja”, explicou.

Para Frei Rubens, autor do livro “Juventudes – O exercício de aproximação”, uma vida verdadeira e autêntica se expressa mais como dinâmica de processos de esclarecimento do que como conquista definitiva de metas. “Ter atenção ao processo é valorizar a história de vida com suas implicações. A atenção à história não é para se ater aos aspectos negativos ocorridos. Tais aspectos, se ocorreram, fazem parte do processo, mas não o definem, como não podem enclausurar a pessoa que é mais do que fatos, erros e falhas. Revisar a história de vida é então observar o caminho percorrido para aprender e inspirar o presente, impulsionando para o futuro que se quer construir”, disse.

meioOu seja, o projeto de vida não é algo acabado. Ele está numa dinâmica e sempre se aprimorando. “Após verificarmos em nossa história e nas relações que estabelecemos caminhos possíveis para elaboração do projeto de vida, é necessário um bom nível de autopercepção para reorganizar nossa vida, ou seja, olharmos o que fazemos diante do que queremos para nossa vida profissional e vocacional em geral. A isso podemos chamar de hierarquia de valores. Estes valores edificam e configuram a identidade e missão do irmão leigo. Esta hierarquia deve considerar a ressonância entre os carismas, tanto pessoal quanto institucional das obediências”, explicou.

Frei Rubens se deteve muito no como fazer esse diálogo entre o carisma individual e o carisma institucional. Para ele, é importante conjugar um bom profissional com um bom frade. Fora desta realidade, surgem os “irmãos inúteis”, como disse.

Frei Rubens, no final de sua apresentação, convidou os frades a reverem a sistematização do projeto de vida a partir de quatro tópicos que constituem o carisma franciscano, identidade e missão: 1. Ponto de partida. Rever as motivações primeiras: o que me trouxe? 2. Vida em fraternidade: como tem sido minha vivência para ajudar na construção da vida fraterna diária? 3. Vida em oração: como darei continuidade à minha experiência de Deus individual? Como pretendo ajudar par que os momentos de oração fraterna/comunitária sejam mais ricos e proporcionem experiências fortes de Deus e da fé? 4. Ponto de chegada. Dimensão missionária – como está a motivação para a causa? E por último: como está meu estado laical e como aprofundar minha opção?

LEIA O TEXTO BASE DA REFLEXÃO DE FREI RUBENS

Os frades se reuniram em grupos para refletir sobre o tema e, em seguida, interromperam os trabalhos para participar da Santa Missa, às 10 horas. Na volta, partilharam as reflexões durante a plenária antes do almoço.

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RELÍQUIA DE SÃO FRANCISCO

A Celebração Eucarística deste domingo, às 10 horas, reuniu o povo de Agudos e os frades que participam do encontro. A Santa Missa foi presidida por Frei Paulo Borges, OFM, e concelebrada por Frei Gílson Nunes, Provincial dos Frades Menores Conventuais, que chegou neste domingo para participar do Encontro. Frei Gilson trouxe com ele um presente especial para os frades e para os fiéis que participaram da Missa: uma relíquia das cinzas do corpo de São Francisco.

“É um jeito de Francisco, irmão menor, estar no meio de irmãos menores, abençoando com a presença física do seu corpo. Hoje, em Assis, é conservado seu esqueleto em boas condições. E hoje Francisco está mais perto de nós. Ele vive através de seus filhos. Então, a memória do seu corpo é para lembrar da memória do seu carisma entre nós. Esta relíquia, simbolicamente, traz Francisco mais perto de nós”, explicou.

No final da celebração, Frei Paulo chamou todos os frades ao presbitério para dar a bênção final com a relíquia de São Francisco.