Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

A oração do Papa na Via-Sacra com e pelas crianças do mundo

02/04/2021

Papa Francisco

                                                                                                                                     Imagens: Vatican Media

As crianças e suas cruzes estiveram no centro da Via-Sacra presidida pelo Papa Francisco na noite desta Sexta-feira Santa, realizada pelo segundo ano consecutivo na Praça São Pedro, devido à pandemia.

Os autores mirins dos textos foram os mesmos que carregaram a cruz no cenário semideserto no Vaticano.

As 14 estações foram colocadas ao redor do obelisco e ao longo do caminho que leva ao adro da Basílica. Tochas no chão traçaram o caminho, formando uma grande cruz luminosa. A cada etapa do calvário, um desenho e uma oração, como esta: “Jesus, ajudai-nos a não abandonar as nossas orações quando sentimos o nosso coração pesado frente à pedra do vosso sepulcro”.

Escoteiros, crismandos, crianças que vivem em “casas-família” refletiram angústias, ansiedades, preocupações a cada estação. Cenas corriqueiras da infância, como uma briga com a mãe, desentendimentos na escola, uma lição de casa mal sucedida foram colocados no papel. Também há espaço para a chegada de um novo amigo migrante e relação com os próprios limites e o desafio do amadurecimento. O dia a dia transformado pela pandemia e o luto são externados. As experiências negativas dão espaço à solidariedade, à inclusão, ao superamento e à esperança.

Como elas, foi a oração final, que o Senhor “ajude-nos a nos tornar pequeninos, necessitados de tudo, abertos à vida”, reconquistando a pureza do olhar e do coração.

“Pedimos que o Senhor abençoe e proteja todas as crianças do mundo, para que possam crescer em idade, sabedoria e graça, a fim de conhecerem e seguirem o projeto bom que o Senhor pensou para cada uma delas.”

Ao final, o Pontífice saudou os pequenos, sendo rodeado por eles.

Via Sacra. A paixão de Jesus desenhada pelas crianças.

Jesus coroado de espinhos mas sorridente, e a mão de Pilatos que o entrega a seus carrascos para a crucificação. É a capa do livreto “Com o coração e os olhos das crianças” sobre as meditações da Via-Sacra que o Papa presidiu nesta Sexta-feira Santa na Praça São Pedro. Desenho feito por Alessandro, um jovem de 18 anos que vive em uma das casas da cooperativa “Il Tetto Casal Fattoria” em Roma, uma realidade que acolhe cerca de 100 crianças e jovens com dificuldades familiares e trinta deles participaram da proposta de ilustrar a Via-Sacra 2021 presidida por Francisco. Alessandro esteve na Praça com Olivia, 16 anos, de origem russa, que também carregou a cruz em algumas estações, enquanto que Tiziano de 12 anos e Simone de 9, estiveram entre o público.


Homilia: Jesus, primogênito entre muitos irmãos

A homilia da celebração da Paixão do Senhor da Sexta-feira Santa 2021 foi feita pelo cardeal Frei Raniero Cantalamessa, o pregador da Casa Pontifícia. O tema da sua homilia foi centralizado na recente encíclica sobre a fraternidade do Papa Francisco “Fratelli tutti” destacando que em pouco tempo “fez renascer em tantos corações a aspiração quanto a este valor universal, trouxe à luz tantas feridas contra ela no mundo de hoje, indicou algumas vias para se chegar a uma verdadeira e justa fraternidade humana”.

Significado de “irmão” para o cristão
“O mistério da cruz que estamos celebrando – disse o cardeal – nos obriga a nos concentrarmos justamente neste fundamento cristológico da fraternidade, que foi inaugurado na morte de Cristo”. “No Novo Testamento”, continua, “‘irmão’ significa, em sentido primordial, a pessoa nascida do mesmo pai e da mesma mãe.
‘Irmãos’, em segundo lugar, são chamados os membros do mesmo povo e nação”. E amplia o conceito: “Neste alargamento de horizonte, chega-se a chamar de irmão cada pessoa humana, pelo fato de ser tal. Irmão é aquele que a Bíblia chama de “próximo”. Ponderando em seguida: “Mas, ao lado destes significados antigos e conhecidos, no Novo Testamento a palavra “irmão” tende sempre mais a indicar uma categoria particular de pessoas”. (…) Porque “Todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Mt 12,48-50).

Primogênito entre muitos irmãos
“Nesta linha, a Páscoa marca uma etapa nova e decisiva. Graças a ela, Cristo se torna ‘o primogênito entre muitos irmãos’ (Rm 8,29). Os discípulos se tornam irmãos em sentido novo e profundíssimo: compartilham não apenas o ensinamento de Jesus, mas também seu Espírito, sua nova vida de ressuscitado”. Frei Cantalamessa esclarece: “Depois da Páscoa, este é o uso mais comum do termo irmão; indica o irmão de fé, membro da comunidade cristã. Irmãos ‘de sangue’, também neste caso, mas do sangue de Cristo! Isso faz da fraternidade de Cristo algo de único e transcendente, em relação a qualquer outro gênero de fraternidade, e deve-se ao fato de que Cristo é também Deus”. Conclui este pensamento sobre a fraternidade afirmando: “Ela não se substitui aos demais tipos de fraternidade, baseados em família, nação ou raça, mas coroa-os”.

“Somos irmãos não apenas a título de criação, mas também de redenção; não só porque todos temos o mesmo Pai, mas porque todos temos o mesmo irmão, Cristo, ‘primogênito entre muitos irmãos’”

A fraternidade se constrói a partir de nós, sem divisões
“À luz destes conceitos pode-se fazer algumas reflexões atuais: A fraternidade se constrói (…) começando de perto, a partir de nós, não com grandes esquemas, com metas ambiciosas e abstratas”. E especifica “na Igreja Católica”. “A fraternidade católica está dilacerada!” adverte Cantalamessa, “a túnica de Cristo foi cortada em pedaços pelas divisões entre as Igrejas; (…) cada pedaço da túnica, por sua vez, é frequentemente dividido em outros pedaços.

Naturalmente, falo do elemento humano dela, porque a verdadeira túnica de Cristo, seu corpo místico animado pelo Espírito Santo, ninguém jamais poderá dilacerar”. E continua “Isto, contudo, não desculpa as nossas divisões, mas as torna ainda mais culpáveis e deve nos impulsionar, com mais força, a restaurá-las”.

Não sobrepor a política à religião
“Qual é a causa mais comum das divisões entre os católicos? É a opção política, quando ela se sobrepõe à religiosa e eclesial e desposa uma ideologia, esquecendo completamente o sentido e o dever da obediência na Igreja”

“Isto é um pecado, no sentido mais estrito do termo. Significa que o ‘o reino deste mundo’ se tornou mais importante, no próprio coração, do que o Reino de Deus. Creio que sejamos todos chamados a fazer um sério exame de consciência sobre isso e a nos convertermos” conclui o cardeal.

Pastores de todo o rebanho
E sugere aprender com Jesus no Evangelho quando encontra uma forte polarização política e não fica do lado de nenhum deles. “Este é um exemplo”, explica Cantalamessa, “sobretudo para os pastores que devem ser pastores de todo o rebanho, não apenas de uma parte dele. São eles, por isso, os primeiros a ter que fazer um sério exame de consciência e se perguntar aonde estão conduzindo o próprio rebanho: se à própria parte (ou ao próprio “partido”), ou à parte de Jesus.

Por fim, o cardeal recorda “Se há um dom ou carisma próprio que a Igreja Católica deve cultivar em benefício de todas as Igrejas, este é a unidade”.


Papa encontra pessoas carentes que recebem vacina no Vaticano

Segundo o comunicado da Sala de Imprensa, “nesta manhã, Sexta-feira Santa, pouco antes das 10h o Papa Francisco dirigiu-se ao átrio da Sala Paulo VI, enquanto eram vacinados alguns sem-teto e pessoas em dificuldade, acolhidos e acompanhados por algumas associações romanas.

O Papa saudou os médicos e enfermeiras, acompanhou o procedimento de preparação das doses de vacina e falou com as pessoas que aguardavam na fila a vacinação. Até o momento, das 1.200 pessoas carentes que receberão a vacina cerca de 800 já receberam a primeira dose nesta semana.


Fonte: Vatican News (textos de Jane Nogara, Alessandro Di Bussolo)