Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

A emocionante oração do Papa Francisco na Via Crúcis do Coliseu

14/04/2017

Papa Francisco

Cidade do Vaticano – O Coliseu de Roma foi novamente o cenário para a Via-Sacra nesta Sexta-feira Santa. O Papa Francisco presidiu a Via Sacra, às 21h15 (16h15 em Brasília), que foi escrita pela teóloga francesa Anne-Marie Pelletier. As Estações espelharam os momentos que a autora considerou como os mais significativos no caminho de Jesus ao Gólgota, como a negação de Pedro, o sofrimento de Cristo no qual são reconhecidos homens, mulheres e até mesmo “crianças violentadas, humilhadas, torturadas, assassinadas”, o silêncio do sábado.

Nas reflexões, Anne-Marie Pelletier quis dar um espaço particular às mulheres. Cita, por exemplo, Santa Catarina de Sena e Etty Hillesum e, entre as testemunhas de nosso tempo, recorda os monjes trapistas de Tibhirine, Argélia, assassinados em 1998.

Ao final das 14 estações, em que foi recordado o drama das guerras, dos migrantes, das famílias dilaceradas e das crianças violadas, o Papa Francisco fez uma oração em que denunciou a “vergonha” e anunciou a “esperança”.

 

“Ó Cristo, deixado sozinho e até mesmo traído pelos seus e vendido a preços baixos.

Ó Cristo, julgado por pecadores, entregues pelos patrões.

Ó Cristo, dilacerado na carne, coroado de espinhos e vestido de púrpura. O Cristo flagelado e pregado cruelmente.

Ó Cristo, trespassado pela lança que perfurou seu coração.

Ó Cristo, morto e sepultado, tu que és o Deus da vida e da existência.

Ó Cristo, nosso único Salvador, nós voltamos a você novamente este ano com os olhos baixos de vergonha e com o coração cheio de esperança;

De vergonha por todas as imagens de devastação, destruição e naufrágio que tornaram-se comuns em nossas vidas;

Vergonha pelo sangue inocente que diariamente é derramado de mulheres, crianças e migrantes, de pessoas perseguidas pela cor de sua pele ou pertença étnica e social e por sua fé no Senhor.

Vergonha pelas muitas vezes que, como Judas e Pedro, O vendemos e traímos e O deixamos só a morrer pelos nossos pecados, fugindo como covardes da nossa responsabilidade.

Vergonha pelo nosso silêncio diante da injustiça, pelas mãos preguiçosas em dar e ávidas em tirar e em conquistar, pelo nossa voz forte em defender os nossos interesses e tímida em falar dos interesses dos demais. Pelos nossos pés velozes no caminho do mal e paralisados no caminho do bem.

Vergonha por todas as vezes que nós bispos, sacerdotes, consagrados e consagradas escandalizamos e ferimos o Seu corpo, a Igreja, e esquecemos o nosso primeiro amor, o primeiro entusiasmo e nossa total disponibilidade, deixando enferrujar o nosso coração e a nossa consagração.”

“Tanta vergonha, Senhor”, mas também tanta esperança, confiante de que Jesus não nos trata pelos nossos méritos, mas unicamente segundo a abundância da sua misericórdia.

“A esperança de que a sua Cruz transforma nossos corações endurecidos em corações de carne, capaz de sonhar, de perdoar e de amar. Transforma essa noite tenebrosa de Sua cruz em alvorecer da Sua ressurreição.

A esperança de que a Sua fidelidade não se baseia na nossa.

A esperança de que a fileira de homens e mulheres fiéis à Sua cruz continua e continuará a viver fiel como o fermento que dá sabor e como a luz que abre novos horizontes no corpo da nossa humanidade ferida.

Esperança de que sua Igreja tentará ser a voz que grita no deserto da humanidade para preparar a estrada do Seu retorno triunfal quando virá julgar os vivos e os mortos.

A esperança que o bem vencerá não obstante a sua aparente derrota. Não se envergonhar nem instrumentalizar a cruz.

Ó Senhor Jesus, filho de Deus, diante do Seu patíbulo nos ajoelhamos envergonhados e esperançosos e pedimos que perdoe os nossos pecados e nossas culpas. Pedimos que se lembre de nossos irmãos que sucumbiram pela violência, pela indiferença e pela guerra.

Pedimos que rompa as correntes que nos mantêm presos no nosso egoísmo, na nossa cegueira voluntária e na vaidade dos nossos cálculos mundanos.

Ó Cristo, nós Lhe pedimos que nos ensine a jamais nos envergonhar da Sua cruz, a não instrumentalizá-la, mas honrá-la e adorá-la, porque com ela nos manifestou a monstruosidade dos nossos pecados, a grandeza do seu amor, a injustiça dos nossos juízos e a potência da sua misericórdia. Amém!”.


Fonte: Rádio Vaticano