Estilo de vida do evangelizador
10/07/2015
José Antonio Pagola
Jesus não envia seus discípulos de qualquer maneira. Para colaborar em seu projeto do reino de Deus e prolongar sua missão, eles deverão cuidar de seu estilo de vida. Caso contrário, poderão fazer muitas coisas, mas não introduzirão no mundo o espírito de Jesus. Marcos nos recorda algumas de suas recomendações.
Em primeiro lugar, quem são eles para agir em nome de Jesus? Qual é sua autoridade? De acordo com Marcos, ao enviá-los, Jesus “lhes dá autoridade sobre os espíritos impuros’: Não lhes dá poder sobre as pessoas que irão encontrando em seu caminho. Ele lhes dá autoridade para libertá-las do mal.
Como sempre, Jesus está pensando num mundo mais sadio, libertado das forças malignas que escravizam e desumanizam o ser humano. Seus discípulos introduzirão entre as pessoas sua força curadora. Eles abrirão caminho na sociedade não utilizando um poder dominador, mas humanizando a vida, aliviando o sofrimento e fazendo crescer a liberdade e a fraternidade.
Só levarão “bastão” e “sandálias’: Jesus os imagina como caminhantes. Nunca instalados. Sempre a caminho. Não presos a nada nem a ninguém. Apenas com o imprescindível. Com essa agilidade que Jesus tinha para fazer-se presente onde alguém precisava dele. O báculo de Jesus não é para mandar, mas para caminhar.
Não levarão “nem pão, nem alforje, nem dinheiro’: Não devem viver obcecados por sua própria segurança. Levam consigo algo mais importante: o Espírito de Jesus, sua Palavra e sua Autoridade para humanizar a vida das pessoas. Curiosamente, Jesus não está pensando no que devem levar para serem eficazes, mas no que não devem levar. Para não acontecer que um dia se esqueçam dos pobres e vivam fechados em seu próprio bem-estar.
Também não levarão “túnica de reserva’: Vestir-se-ão com a simplicidade dos pobres. Não trarão vestes sagradas, como os sacerdotes do templo. Também não se vestirão como o Batista na solidão do deserto. Serão profetas no meio das pessoas. Sua vida será sinal de que Deus está próximo de todos, sobretudo dos mais necessitados.
Atrever-nos-emos algum dia a fazer, no interior da Igreja, um exame coletivo para deixar-nos iluminar por Jesus e ver como fomos nos afastando de seu espírito quase sem dar-nos conta?
Trecho do livro “O Caminho Aberto por Jesus”, de José Antonio Pagola, Editora Vozes.