3º dia da Trezena: “A maior lei é o amor ao próximo”
03/06/2018
Frei Augusto Luiz Gabriel
São Paulo (SP) – No terceiro dia (3/6) da Trezena de Santo Antônio, no Convento e Santuário São Francisco, no centro de São Paulo (SP), o pároco e pregador Frei Alvaci Mendes da Luz abordou o tema “Pão da Palavra”. O frade presidiu a Celebração Eucarística, que teve início às 10h30 e lotou a Igreja de fiéis e devotos do santo franciscano mais popular no mundo inteiro, que costumeiramente participam das celebrações dominicais. O Santuário é dedicado a São Francisco, mas nestes dias o Santo de Assis fraternalmente cede espaço para as devoções populares e bem franciscanas a Santo Antônio.
Frei Alvaci, que também é o Reitor do Santuário e Coordenador do Pró-Vocações e Missões Franciscanas da Província da Imaculada Conceição, partiu do Evangelho do 9º Domingo do Tempo Comum para fazer a sua reflexão: “Que possamos aprender com Santo Antônio a não nos tornarmos escravos das nossas leis. Amemos de fato o que fazemos e vivemos, mas amemos acima de tudo o próximo. Está é a maior lei!”, observou o pregador.
SANTO ANTÔNIO E O PÃO DA PALAVRA
Na homilia, o frade começou falando sobre o tema escolhido para este 3º dia da Trezena e disse: “Neste ano escolhemos o tema geral para a Trezena que é Santo Antônio e o Pão dos Pobres. Aqui, nesta Igreja, há mais de 200 anos foi criada uma casa dos pobres, onde são distribuídos pães às pessoas mais simples. Até hoje a tradição se mantém. Esta devoção nasceu da vontade de Antônio de ajudar a todos”, ressaltou.
Pela Palavra de Deus, o santo franciscano tão devotado no mundo todo, combatia qualquer mal-entendido. Seus belos sermões, sempre duros contra o mal do pecado social, convidava a todos à prática da Palavra de Deus. É por isso que, em sua imagem, Frei Antônio traz consigo a Bíblia. Afinal, ela foi para ele não só matéria de estudo, mas foi luz para a sua vida franciscana.
“Como nós já sabemos, Antônio é Doutor da Igreja. No seu tempo foi um grande orador. E dentro do tema de hoje – Pão da Palavra – vemos que Antônio desde sempre foi o homem da palavra. Mas, olha só que interessante, é dele também a conhecida frase: ‘Cessem as palavras e falem as obras’. Ele sabia muito bem que palavra e a ação tem que combinar. Não dá certo só falar bonito e não fazer nada, as duas coisas precisam ser combinadas. E vemos que na vida dele isso foi uma conciliação perfeita a ponto de se tornar um Doutor da Igreja, da palavra e da doação”, destacou o pregador!
Segundo ele, já se passaram quase 800 anos e nós estamos aqui lembrando este santo homem. “Ele foi homem como a gente, com todos os medos, pecados, anseios, angústias, tristezas, inseguranças… homem igual a todo mundo! Porém, como franciscano ele tentou fazer bem a sua parte e conseguiu conciliar de forma extraordinária o pregar e o agir”, ensinou Frei Alvaci.
A MAIOR LEI É O AMOR AO PRÓXIMO
Discorrendo sobre a liturgia do 9º Domingo do Tempo Comum, o celebrante disse que Jesus apresenta uma ressalva e pede para ter cuidado: “Cuidem! Não vos torneis escravos das leis que vocês criaram. Vemos na liturgia a preocupação do povo judeu com o sábado. A obrigação deles é que no sábado não se devia fazer nada. Até hoje é assim, e no tempo de Jesus era mais ainda. Eles tinham 39 preceitos que deviam ser obedecidos, porém, raramente alguém chegava ao final de um dia de sábado sem ter pecado em algum daqueles preceitos. Eram obrigações que se desdobravam em outras tantas que não dava para se fazer quase nada”, ressaltou.
“Na primeira leitura ouvimos que o povo estava se tornado escravo de si mesmo. E também ouvimos que era necessário reservar um dia para que todos descansassem, até mesmo os animais. Todos precisam descansar no dia reservado ao Senhor. Passado muito tempo, Jesus percebeu que eles tinham se tornado escravos do dia do sábado, das leis que eles mesmos criaram. E aí invés de descansar todo mundo se tornava pecador. Era uma leia rigorista demais e Jesus não gosta disso”, afirmou o frade.
Segundo o frade, tudo o que fere o ser humano não é bom pra Jesus. “Vemos no Evangelho que Jesus faz uma pergunta para as pessoas que eram rígidas no cumprimento da Lei: é permitido fazer o bem ou fazer o mal no dia do sábado? É permitido ajudar alguém ou não ajudar? Jesus curou o homem da mão seca na frente de todo mundo para dizer que o ser humano é muito mais importante do que as leis que são criadas em torno do “pode ou não pode”. Não podemos nos tornar escravos dos nossos próprios rigorismos. Vemos isso também dentro da nossa Igreja, e isso deixa Jesus muito triste. É obvio que é permitido fazer o bem em qualquer dia”, assinalou.
E concluiu: “Muito cuidado! Se nos apegamos a estes rigores e legalismos, não conseguiremos fazer nada. Que possamos aprender com Santo Antônio a não nos tornarmos escravos das nossas leis. Que amemos de fato o que fazemos e vivemos, mas amemos acima de tudo o próximo. Está é a maior lei! Que Jesus nos ajude a cada dia mais sermos homens e mulheres crentes que acreditam no que vivem e fazem”, finalizou.”
Após a comunhão o celebrante abençoou as alianças do casal Diego e Bruna. Também convidou a assembleia reunida para cantar os parabéns a Pedro, aniversariante da semana. Frei Alexandre Rohling, que ajudou na animação da celebração tocando percussão, anunciou que nos próximos dias Frei Alvaci viaja para o Nairóbi na Quênia (África) para participar do Conselho Plenário da Ordem entre os dias 12 a 28 de junho, e rezou uma Ave Maria. No final da celebração, Frei Alvaci com o relicário de Santo Antônio às mãos abençoou e aspergiu com água benta os presentes.
Amanhã, 4 de junho, a celebração do 4º dia da Trezena de Santo Antônio será ao meio dia (12h) e o tema que norteará as reflexões é: “Santo Antônio pão da justiça”.