O dia de Santo Antônio no Santuário São Francisco
13/06/2018
Frei Augusto Luiz Gabriel
São Paulo (SP) – Hoje, 13 de junho, é o dia de Santo Antônio de Pádua, de Lisboa e do mundo inteiro. Muitas Igrejas estão em festa, celebrando o Santo mais popular do mundo. Missas, fogueiras, bênçãos, mastros, quadrilhas, comidas típicas, tudo é motivo para festejar o santo que ocupa um lugar mais que especial na fé do povo de Deus. No Convento e Santuário São Francisco, no centro de São Paulo (SP), não foi diferente. Ainda não era dia e devotos e fiéis do santo franciscano já batiam à porta da Igreja, que é histórica e centenária. As missas começaram bem cedo, às 6h30.
Embalados pela conhecida e tradicional ladainha de Santo Antônio, nos arredores do Convento e Santuário, uma só voz ressoou: “Santo Antônio, rogai por nós, intercedei a Deus por nós”. Frei Gustavo Medella, Definidor Provincial, presidiu a Celebração Eucarística das 9 horas, marcando também o 13º dia e o encerramento da Trezena, contando com uma igreja lotada.
No ato penitencial, o frade recorreu ao Deus da vida e da misericórdia, rogando que abra o coração das pessoas e que estejam sempre disponíveis a crescer nas virtudes tão admiráveis de Santo Antônio.
Frei Gustavo iniciou sua homilia fazendo uma recordação da vida de Santo Antônio. Santo Antônio nasceu em Lisboa e recebeu de seus pais o nome de Fernando. Sua primeira experiência como religioso foi com os Cônegos agostinianos, por isso ele se chamava Dom Fernando, e ainda muito jovem se transferiu para o mosteiro em Coimbra, Portugal. Lá ele conheceu alguns franciscanos que partiam em Missão para Marrocos na África, a fim de pregar o Evangelho de Jesus Cristo. Depois ele teve contato e soube que aqueles franciscanos tinham sido martirizados, por conta de seus testemunhos. Ao se deparar com aquela experiência, Antônio sentiu em seu coração um grande desejo de servir com maior radicalidade ao Senhor e ao seu Evangelho, e assim decidiu e resolveu tornar-se franciscano, recebendo o nome de Frei Antônio.
Segundo Frei Medella, como um bom franciscano, Antônio aprendeu desde cedo a seguir Jesus Cristo ao modo de Francisco e abraçou a virtude da humildade (humildade vem de húmus, e quer dizer terra fértil, onde o fruto tem chance de nascer). “Humildade tem aquele que não perde as suas raízes e não esquece suas origens e sabe que pela graça de Deus é cheio de virtudes, as quais precisam sempre ser confrontadas com os vícios e as insuficiências que todos nós trazemos dentro do coração”, frisou.
Fazendo referência ao sermão de Santo Antônio, sobre o episódio das tentações de Cristo, Frei Gustavo citou Antônio dizendo: “Jesus Cristo foi tentado à gula no deserto, foi tentado a vangloriar-se no templo e foi tentado à avareza no alto do monte”.
Segundo ele, estas são as três provocações que o diabo faz a Cristo. “Assim como tentou Jesus, na gula, na vanglória e na avareza, também continua a nos tentar. Nos tenta a gula quando queremos praticar o jejum. E jejum, meus irmãos e minhas irmãs, não diz respeito apenas à abstinência de alimentos, ou alimentar-se da medida certa, mas sim a outras necessidades e escolhas que fazemos ao organizar nossa vida. Hoje em dia, em tempos de tecnologia, internet e celular, e de muitas distrações, um jejum fundamental sobre o qual precisamos estar atentos é em relação ao nosso tempo. Como temos administrado o nosso precioso tempo?”, refletiu o frade dizendo que com facilidade, com muita frequência, pode-se cair em distrações fúteis.
Sobre a tentação a vanglória, o frade destacou, com base nos ensinamentos de Santo Antônio, que muitas pessoas por se sentirem próximas de Deus, cumpridoras e observantes das leis, acabam ‘se achando’ superiores aos outros, portando-se como autossuficientes na fé.
“E, diz ainda que o diabo tentou Jesus a avareza no alto do monte. Diz Santo Antônio: ‘ele nos tenta no alto de nossos cargos e funções’. Seja na igreja, na família ou no ambiente profissional, como cristãos, cada cargo ou função deve ser uma oportunidade de colocar-se a serviço dos outros, dos irmãos”, ressaltou Frei Gustavo
Que pena que os homens públicos não se dão conta desta verdade, e com muita frequência se entregam à tentação da avareza. “Mas não olhemos apenas para eles, olhemos também para nós, que na simplicidade do dia a dia podemos sucumbir à avareza. Também na Igreja cada cargo e ministério deve ser um serviço. Graças a Deus, aquele que ocupa o cargo máximo da Igreja nos mostra isso com muita clareza. Quanto mais subiu, mais se colocou a serviço, como servo e discípulo de Jesus. Esse é o nosso Papa Francisco. O maior privilégio que um cristão pode ter é o de se colocar a serviço. Isso é o que Antônio, Francisco e Jesus nos ensina”, finalizou.
Mônica Dutra Milani é devota de Santo Antônio a longa data e partilhou seu testemunho: “Eu estava rezando a Trezena e pedindo discernimento da minha vocação, isso em 2006. Fui a uma capela de Santo Antônio, no dia 13 de junho, para falar sobre a vida dele. Falei que ele era pregador, ajudava os pobres e que a fama de casamenteiro havia surgido por causa do milagre do dote para uma devota. Na saída, um rapaz se apresentou e me parabenizou por ser uma jovem católica praticante, falando na Igreja. Pouco tempo depois, começamos a namorar. Somos casados há 10 anos e temos 3 filhos. Todos somos devotos de Santo Antônio. Paz e Bem”, disse ela.
As atividades deste dia 13 de junho continuam com bênçãos dos freis durante todo o dia, comidas típicas, bolo e pão de Santo Antônio, Stand vocacional, artesanatos e muito mais. Às 15 horas, Dom Eduardo Vieira dos Santos, Bispo Auxiliar e Vigário Episcopal da Região Sé de São Paulo, presidirá a solene Celebração Eucarística. Além da celebração das 15 horas, também terá missa às 13h30, 16h30 e 18h.