Frei Gustavo Medella

Jesus Cristo, o Filho de Deus, acostumado a acolher, cuidar, perdoar, curar, no Evangelho deste terceiro domingo da Quaresma resolve fazer diferente: faz um chicote de cordas, grita, chuta bancas e gaiolas, expulsa vendedores e cambistas do templo. Jesus Cristo fica uma fera! Este episódio está no Evangelho de João, 2,13-25.

Por que aquele que prega a paz age de modo tão impulsivo e violento? O que leva aquele que se apresenta como manso e humilde de coração a uma postura tão combativa? Para compreender o que aconteceu neste episódio, precisamos recordar que Jesus é Deus, mas também é humano. Tem sangue correndo nas veias, sente alegria, prazer, medo e raiva. Faz parte do projeto da encarnação.

E a raiva de Jesus não é infundada. Com o coração entristecido, ele percebe que o templo, casa de oração e encontro com Deus, estava se tornando um lugar de comércio, e mais, um local de exploração dos pobres. Por isso age daquela maneira, para recolocar cada coisa em seu devido lugar…

E sabe de uma coisa? Também em nosso coração às vezes Jesus precisa aprontar uma dessas: fazer uma arruaça, espalhar tudo, expulsar para longe os maus sentimentos que carregamos: ambição, egoísmo, falta de perdão e caridade, desejo de levar vantagem sobre os outros, prepotência. Nada disso nos faz falta. Ao contrário, são coisas que só nos atrapalham.