Frei Gustavo Medella

Vergonha… Sentimento desconcertante, mas muito comum. Difícil admitir mas, arriscaria dizer, não sei se existe alguém que nunca a tenha sentido. Fruto da distância entre a dureza da realidade interior que enfrentamos e a imagem que gostaríamos de passar. Vergonha de ser egoísta, de não se esforçar o bastante, de ter manias estranhas, de não ter conseguido se controlar, de ter mentido, ainda que “só um pouquinho”.

Triste um filho que tem vergonha de seus pais, que renega suas origens. Talvez uma das desfeitas mais doloridas para quem a recebe. Duro para um pai, uma mãe ou  irmão que aquele a quem tanto ama dele ou dela se envergonhe.

Confortável e confortante a afirmação da carta aos Hebreus: Jesus não se envergonha de nos chamar de irmãos (Cf. Hb 2,11). Mesmo conhecendo profundamente todas as complicações de nossa “grande família”, é conosco que Deus escolhe morar.

Vem para nos encorajar e investir nossas forças no Projeto de Deus, que sonha com a união entre homem e mulher gerando vida, que acredita num mundo de almas puras e transparentes como as das crianças (Cf. Mc 10,15), que nos quer felizes, plenos e realizados n’Ele. No entanto, nem sempre o ser humano da conta de ser totalmente conforme ao que o Senhor sonha para seus filhos e filhas. Muitos obstáculos se interpõem à concretização do que seria ideal.

Mesmo assim, o Senhor jamais nos abandona e esta certeza de que Ele caminha conosco é a grande força de que necessitamos para seguir em frente, mesmo que os planos não saiam totalmente como imaginávamos, seja no casamento (Mc 10,4),  na vida em família, no trabalho, na comunidade de fé, o mais importante é não desistir de caminhar.