Cláudio Santos, especial para este site

A festa litúrgica em honra de Santa Clara foi celebrada com muita festa e devoção por centenas de fiéis que foram ao Mosteiro de Nossa Senhora dos Anjos, Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. Desde as primeiras horas do dia, os fiéis se dirigiam ao mosteiro para conversar com as irmãs e agradecer as inúmeras graças alcançadas pela intercessão de Santa Clara.

No final da tarde, o Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, presidiu a Santa Missa, acompanhado por presbíteros da diocese, frades, e também pelo assistente regional do Regional Sudeste 2 da Ordem Franciscana Secular do Brasil (OFS), Frei Edcarlos Mário Hoffman, OFMCap, e pelo vigário e reitor do Convento Santo Antônio, Frei Gilmar José da Silva, OFM. Também estiveram presentes irmãos e irmãs das várias fraternidades franciscanas seculares da OFS.

Em sua homilia, Dom Orani destacou que o Ano da Vida Consagrada proclamado pelo Papa Francisco é um tempo propício para toda a Igreja recordar a grande importância dessas vocações como dom de Deus à Igreja. Com a sua celebração, se deseja contemplar o passado, o presente e o futuro da vocação religiosa na Igreja.

No mês vocacional, a Igreja do Brasil quer fazer eco do chamado de Jesus: Vem e segue-me! (cf. Mt 19,21), convidando os jovens a discernirem, à luz do Espírito Santo, o chamado à vida consagrada e, por outro, incentivando os religiosos a assumirem com coragem a oferta da vida que fizeram, consoante com as exortações indicadas pelo Papa Francisco na Carta Apostólica aos consagrados.

Dom Orani fez votos de que todos os religiosos da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro se empenhem no Ano da Vida Consagrada para que sejam exemplos de vida cristã no mundo, a exemplo das Irmãs de Santa Clara. A Igreja deve caminhar unida com todos os objetivos voltados para Nosso Senhor e Redentor Jesus Cristo. Ele que veio para servir e tirar o pecado do mundo, quer que nos sirvamos uns aos outros e produzamos frutos de salvação.

No final da celebração, os fiéis receberam a solene bênção de Santa Clara com seu relicário e, após a Santa Missa, os fiéis receberam pedaços do tradicional bolo de Santa Clara preparado pelas irmãs e puderam felicitar as irmãs pela data e pelas singulares graças espirituais concedidas por Deus a Santa Clara, fundadora da Ordem das Damas Pobres.

Presença no Brasil

As clarissas foram as primeiras religiosas a se estabelecerem no Brasil. Aos 9 de maio de 1677 chegaram de Évora (Portugal) as quatro monjas fundadoras do Imperial Mosteiro de Santa Clara do Desterro. Com o deplorável aviso do Ministério da Justiça de 19 de maio de 1855, que fechou em todo o território nacional os noviciados das casas religiosas, a comunidade foi-se extinguindo. Durante 13 anos o Brasil ficou sem um mosteiro clariano, até que em 1928, com a chegada ao Rio de Janeiro de oito filhas de Santa Clara, procedentes do Mosteiro de Düsseldorf (Alemanha), refloresceu o velho tronco. A vitalidade da Ordem se afirma,  hoje, pela presença das clarissas em  20 mosteiros em todo o país.

O dia a dia de uma clarissa no Mosteiro Nossa Senhora dos Anjos 

No Mosteiro de Nossa Senhora dos Anjos, o dia de uma filha de Santa Clara tem início às 4h45, após a adoração noturna, com o toque do sino chamando para cantar os louvores de Deus, que se prolongam por vários períodos. Após a recitação das matinas e laudes, há um espaço para a meditação.

Cada clarissa é formada para um encontro pessoal com Deus, centrado na Sagrada Escritura. Às 7h, a missa conventual marca o ponto alto do dia. Após as ações de graças invoca-se o Espírito Santo com a Hora Terça do Ofício Divino.

Por volta das 8h30, as irmãs têm seu desjejum, com o café, leite ou chá e o pão de Santo Antônio que a Providência nunca deixa faltar. Em torno das 8h50, iniciam-se os trabalhos que variam segundo as necessidades, os tempos litúrgicos e os talentos de cada religiosa como cuidar da casa, da horta, do jardim, lavar roupa, cozinhar, restaurar imagens e confeccionar hóstias, velas, círios pascais, cartões, rosários e alfaias sacras.

O trabalho para Santa Clara e suas filhas é uma graça, por isso o desempenham “com fidelidade e devoção, sem perder o espírito de oração, ao qual devem estar sujeitas todas as coisas”, palavras da seráfica fundadora. Citando o saudoso Cardeal Jaime Câmara: “É belo ver como as mesmas mãos que trabalham com ardor na enxada, plantando hortaliças e flores, se revestem de amor esponsal para bordar as mais belas alfaias, como outrora Santa Clara, para o Divino Rei Eucarístico, o Esposo amado de suas almas”!

As clarissas professam a clausura. É o jardim fechado, onde escolheram viver a experiência de seu amor esponsal, exclusivo a Cristo. Clausura não é um fechamento, mas abertura para o infinito. Não é separação, mas comunhão maior com Aquele e naquele que está presente em tudo e em todos. Daí a transparente alegria que surpreende os que procuram as irmãs no locutório.

Como “peregrinas e forasteiras neste mundo”, as clarissas seguem a Cristo pobre sem nada possuir, sem nada reter. “Com passo ligeiro e pé seguro”, buscam o sentido último da sua existência: a experiência do novo céu e da nova terra onde tudo é de todos.

Em visita feita Papa Francisco ao mosteiro das clarissas, em agosto de 2013, na cidade de Albano, Itália, o santo padre reconheceu o valor da oração contemplativa e fecunda das irmãs, distante dos apelos do mundo: “Quanta gente passa diante de um mosteiro de vida contemplativa e nem mesmo sabe quem está lá dentro e porque está ali. Mas é nesse silêncio, nessa noite que se realiza a vossa missão, irmãs. Enquanto o mundo dorme, com vossa prece humilde e escondida, abris para todos as portas do céu!”

O Mosteiro tem sido bastante frequentado, especialmente nas Santas Missas dominicais (10h) e na solenidade de Santa Clara (11 de agosto) com missas de segunda a sábado às 7h00 e aos domingos, às 11h00.

No domingo e nas quintas-feiras, há adoração ao Santíssimo Sacramento das 8h00 às 17h00. O Mosteiro de Nossa Senhora dos Anjos fica localizado na Rua Jequitibá, 41, Jardim Botânico, Rio de Janeiro. Informações pelos telefones (21) 2529-2310 – (21) 2274-3147.