Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Papa: é em casa que a fé é transmitida

13/01/2019

Papa Francisco

Cidade do Vaticano – Um sinfonia diferente na Capela Sistina na manhã deste domingo, Festa do Batismo do Senhor, uniu às vozes do Coral Pontifício o choro e o balbuciar das crianças que foram batizadas pelo Santo Padre. Eram 27, acompanhadas pelos pais, padrinhos e madrinhas. Em sua breve homilia, pronunciada de forma espontânea, o Papa enfatizou a importância do testemunho dos pais na transmissão da fé: É em casa que a fé é transmitida!

“Vocês pedem a fé à Igreja para os filhos de vocês. E hoje eles receberão o Espírito Santo, o dom da fé em seus corações, na sua alma. Mas esta fé, depois, deve se desenvolver, crescer”.

Mas antes de estudar a fé na Catequese que as crianças frequentarão mais adiante – chamou a atenção Francisco – “a fé é transmitida. E este é um trabalho que diz respeito a vocês. É uma missão que vocês recebem hoje. Transmitir a fé. A transmissão da fé e isso se faz em casa. Porque a fé é sempre transmitida em dialeto, o dialeto da família, o dialeto da casa, no ambiente da casa.”

A missão dos pais, portanto, é “transmitir a fé com o exemplo, com as palavras, ensinando a fazer o sinal da cruz, acrescentou. E isso é importante. Há crianças que não sabem fazer o sinal da cruz (…). Mas o importante, é transmitir a fé com a vida de fé de vocês. Que vejam o amor dos cônjuges, que vejam a paz da casa, que vejam que Jesus está ali”.


Francisco então, dá um conselho aos pais: “Nunca briguem diante das crianças. Nunca! É normal que os esposos briguem, é normal! Seria estranho se não. Mas façam de forma que eles não ouçam, não vejam. Vocês não sabem a angústia que tem uma criança quando vê os pais brigarem! Permitam-me este conselho, que ajudará vocês a transmitir a fé (…)”.

“É ruim brigar?”, pergunta o Papa. “Nem sempre. É normal, é normal”, responde. “Mas que as crianças não vejam, não escutem, pela angústia”, insiste.

“Mas tenham em mente isto”, reiterou o Pontífice: “A missão de vocês é transmitir a fé a eles, transmiti-la em casa, porque ali se aprende a fé. Depois se estuda na catequese”.

Deixando todos bem à vontade no recinto adornado com afrescos de Michelangelo, Rafael, Perugino e Sandro Botticelli, Francisco disse às mães para não se constrangerem em amamentar as crianças: “Vocês sabem que as crianças se sentem hoje em um ambiente que é estranho: muito calor, estão cobertas. E sentem o ar abafado – isto por primeiro – e depois choram porque tem fome, tem fome. E um terceiro motivo do choro é o “choro preventivo”. Como algo estranho, não? Não sabem o que acontecerá, “mas primeiro eu choro e depois vejamos…”. É uma defesa. Eu digo para vocês: que estejam acomodados. Cuidem para não cobri-los muito, e se choram de fome, os amamentem. Digo às mães: “Amamentem as crianças, tranquilas, o Senhor quer isto”. Porque elas – onde está o perigo?” – também têm uma vocação polifônica. Um começa a chorar, e o outro faz o contraponto, e o outro, e depois isto se torna um coral de choro. E assim sigamos em frente com esta cerimônia em paz, com a consciência que cabe a vocês a transmissão da fé”.


ANGELUS

Após presidir a Celebração Eucarística na Capela Sistina com o batismo de 17 crianças, o Papa Francisco rezou o Angelus com os fiéis reunidos na Praça São Pedro. Eis a íntegra de sua alocução:

“Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Hoje, no final da Tempo litúrgico do Natal, celebramos a festa do Batismo do Senhor. A liturgia nos chama a conhecer mais plenamente Jesus, do qual recentemente celebramos o nascimento; e por esta razão o Evangelho (cf. Lc 3, 15-16.21-22) ilustra dois elementos importantes: a relação de Jesus com as pessoas e a relação de Jesus com o Pai.

Na narrativa do batismo, conferido por João Batista a Jesus nas águas do Jordão, vemos antes de tudo o papel do povo. Jesus está em meio ao povo. Este não é apenas um pano de fundo da cena, mas é um componente essencial do evento. Antes de mergulhar na água, Jesus “mergulha” na multidão, une-se a ela assumindo plenamente a condição humana, compartilhando tudo, exceto o pecado.

Em sua santidade divina, cheia de graça e de misericórdia, o Filho de Deus se fez carne justamente para tomar sobre si e tirar o pecado do mundo. Assumir as nossas misérias, a nossa condição humana. Por isso, a de hoje também é uma epifania, porque indo para ser batizado por João, em meio às pessoas penitente de seu povo, Jesus manifesta a lógica e o sentido de sua missão.

Unindo-se ao povo que pede a João o Batismo da conversão, Jesus compartilha dele o profundo desejo de renovação interior. E o Espírito Santo que desce sobre Ele “em forma corpórea, como uma pomba”, é o sinal de que com Jesus inicia um mundo novo, uma “nova criação”, da qual fazem parte todos aqueles que acolhem Cristo em sua vida.

Também a cada um de nós, que renascemos com Cristo no Batismo, são dirigidas as palavras do Pai: “Tu és o meu Filho, tu és o amado: em ti deposito toda a minha afeição”. Este amor do Pai, que todos recebemos no dia do nosso Batismo, é uma chama que foi acesa em nosso coração, e requer ser alimentada mediante a oração e a caridade.

O primeiro elemento era Jesus em meio ao povo. Mergulha no povo. O segundo elemento enfatizado pelo evangelista Lucas é que após a imersão no povo e nas águas do Jordão, Jesus “se imerge” na oração, isto é, na comunhão com o Pai.

O Batismo é o início da vida pública de Jesus, da sua missão no mundo como enviado do Pai para manifestar a sua bondade e o seu amor pelos homens. Tal missão é realizada em constante e perfeita união com o Pai e o Espírito Santo. Também a missão da Igreja e a de cada um de nós, para ser fiel e frutuosa, é chamada a inserir-se na de Jesus. Trata-se de regenerar continuamente na oração a evangelização e o apostolado, para dar um claro testemunho cristão, não segundo nossos projetos humanos, mas segundo o estilo de Deus.

Queridos irmãos e irmãs, a Festa do Batismo do Senhor é uma ocasião propícia para renovar com gratidão e convicção as promessas do nosso Batismo, comprometendo-nos a viver diariamente em coerência com ele.

Também é muito importante, como já disse, conhecer a data de nosso Batismo. Eu poderia perguntar: quem de vocês conhece a data do Batismo? Nem todos, certamente. Se alguém de vocês não conhece, peça aos pais, avós, amigos da família, em que data fui batizado, batizada, e não esquecê-la. Que seja uma data guardada no coração, a ser festejada todos os anos.

Que Jesus, que nos salvou não por nossos méritos, mas para realizar a imensa bondade do Pai, nos torne misericordiosos para com todos. Que a Virgem Maria, Mãe da Misericórdia, seja nossa guia e nosso modelo.