“Ninguém pode usar o nome de Deus para cometer violência”
22/09/2014
No encerramento de sua viagem à Albânia neste domingo, 21, o Papa Francisco encontrou-se com crianças do Centro Betânia e de outros centros caritativos do país e lembrou que o bem paga “infinitamente mais que o dinheiro”.
“Esta fé que trabalha na caridade move as montanhas da indiferença, da incredulidade e da apatia e abre os corações e as mãos para realizar o bem e difundi-lo. Através de gestos humildes e simples de serviço aos pequenos passa a Boa Notícia de que Jesus ressuscitou e vive em meio a nós”, disse o Pontífice agradecendo pelo acolhimento dado não só a ele nesta visita, mas a todas as crianças necessitadas atendidas pelo centro. Segundo ele, lugares assim confirma os fiéis na fé, pois é possível ver a fé em caridade concreta, levando luz e esperança em situações de dificuldade.. .
Novamente, o convívio pacífico foi destacado por Francisco. Ele falou do testemunho dado pelo centro de assistência de um convívio pacífico e fraterno entre pessoas de diferentes etnias e religiões. “Aqui as diferenças não impedem a harmonia, a alegria e a paz; antes, se tornam ocasião para um mais profundo conhecimento e compreensão recíproca”.
Nesse contexto, as diferentes experiências religiosas se abrem ao amor respeitoso para com o próximo, não se envergonham da bondade. Segundo Francisco, a bondade dá uma consciência tranquila e uma alegria profunda mesmo em meio a dificuldades e incompreensões. “Mesmo em face de ofensas sofridas, a bondade não é fraqueza, mas força verdadeira, capaz de renunciar à vingança”.
Francisco também falou às crianças e colaboradores do centro da importância do bem, definindo-o como um “prêmio a si mesmo”, como algo que paga infinitamente mais que o dinheiro. Ele destacou ainda que o segredo de uma vida de sucesso é amar e doar-se por amor, o que dá força ao ato de sacrificar-se por amor.
O Santo Padre concluiu seu discurso deixando um encorajamento para a ação caritativa no país. “Continuem com confiança a servir nos pobres e nos abandonados o Senhor Jesus e a pregá-lo para que os corações e as mentes de todos se abram ao bem, à caridade ativa, fonte de alegria verdadeira e autêntica”.
COM LÍDERES DE OUTRAS RELIGIÕES
Durante a visita à Albânia neste domingo, 21, Papa Francisco encontrou-se com líderes de outras religiões e de outras denominações cristãs. O Pontífice destacou a necessidade da busca pelo bem comum e afirmou que ninguém pode usar o nome de Deus para cometer violência.
Francisco recordou que o país foi testemunha de violência e de exclusão forçada da fé em Deus, que trouxeram consequências para a sociedade. “Conheceis bem a brutalidade a que pode conduzir a privação da liberdade de consciência e religiosa, e como desta ferida se gera uma humanidade radicalmente empobrecida, porque fica privada de esperança”. Mas destacou que as mudanças ocorridas no país a partir da década de 1990 criaram novamente condições para a liberdade religiosa.
Durante o discurso, Francisco recordou a visita de João Paulo II, em 1993, ao país e o apelo feito pelo então Papa a viver a unidade. “Nada como a fé nos recorda que, se tivermos um único Criador, somos também todos irmãos! A liberdade religiosa é assim um baluarte contra os totalitarismos e um contributo decisivo para a fraternidade humana” (Mensagem à Nação Albanesa, 25 de Abril de 1993).
Francisco disse aos líderes que “a religião autêntica é fonte de paz e não de violência”. “Ninguém pode usar o nome de Deus para cometer violência. Matar em nome de Deus é um grande sacrilégio. Discriminar em nome de Deus é desumano”.
Para a promoção da liberdade religiosa, o Pontífice indicou duas atitudes principais. A primeira delas é ver em cada homem e em cada mulher não um rival muito menos um inimigo, mas um irmão e uma irmã. A segunda atitude é o “compromisso a favor do bem comum, pois quanto mais se está ao serviço dos outros, tanto mais se é livre”.
Francisco fez aos líderes religiosos o convite de olhar ao redor e descobrir as inúmeras necessidades dos pobres, e pediu que “inspirados pelos valores das suas próprias tradições religiosas possam oferecer uma contribuição não só importante mas insubstituível aos mais necessitados”.
No final do discurso o Papa exortou os líderes a manterem a tradição de boas relações já existente na Albânia. “Continuai a ser sinal para o vosso país – e não só para ele – da possibilidade de relações cordiais e de fecunda colaboração entre pessoas de religiões diferentes”.